Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quarta-feira

Retorno do feriado prolongado, saída de cúpula da Vale e vídeo polêmico postado por Bolsonaro estão no radar dos investidores
(divulgação)
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SÃO PAULO – A bolsa brasileira retoma os negócios nesta Quarta-Feira de Cinza com abertura tardia, às 13h (de Brasília), e ausência de indicadores econômicos, balanços e expediente no Congresso. A cautela sobre o andamento da reforma da Previdência, que só ganhará novos rumos na próxima semana, continua no radar. 

O Ibovespa deve reagir ao movimento dos ADRs durante o carnaval. O destaque entre as ações fica para a Vale após o diretor-presidente da empresa, Fabio Schvartsman, e outros executivos apresentarem pedidos de afastamento temporário, aceitos pela mineradora, após a sequência de dois desastres em cerca de três anos em barragens de rejeitos de mineração ampliar a pressão das autoridades. Ontem,o ETF brasileiro EWZ teve ganhos de 0,76%, após ficar praticamente estável na segunda-feira, com leve alta de 0,05%. 

Brasília está vazia, mas o noticiário político ferve após o presidente Jair Bolsonaro publicar um vídeo de conteúdo explícito com cenas obscenas atribuídas a um bloco de carnaval de ruas. A postagem, feita no perfil oficial do presidente no Twitter, gera muito burburinho no meio político e entre os eleitores, que se dividem entre apoio e pedidos de impeachment na rede social. 

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Veja no que ficar de olho nesta quarta-feira (6):

1. Bolsas mundiais

As bolsas dos Estados Unidos apontam para uma abertura em leve queda com os investidores de olho nas conversas entre o governo de Donald Trump e a China para tentar colocar fim à guerra comercial. Vale lembrar que o aumento nas tarifas a produtos chineses que deveria ter início em 1 de março foi adiado.

 Na segunda-feira (4), o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse acreditar que Washington e Pequim estão perto de chegar a um acordo definitivo. 

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As bolsas europeias têm fraca oscilação e sem direção definida também acompanhando os desdobramentos das negociações entre China e Estados Unidos. 

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Os principais índices das bolsas asiáticas encerraram em alta, com exceção do Japão. A bolsa chinesa alcançou sua máxima em 9 meses diante das expectativas de estímulos para o crescimento da economia.  Pequim irá reduzir a chamada lista negativa, que estabelece restrições para investidores estrangeiros, e continuará fazendo aberturas experimentais nas zonas de livre comércio do país.

No mercado de commodities, os preços do petróleo recuam diante da previsão de estoques mais altos nos Estados Unidos com o aumento de produção. O minério de ferro cai quase 1% no mercado futuro de Dalian, na China.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 10h08 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,22%

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*Dow Jones Futuro (EUA) -0,23%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,24%

*DAX (Alemanha) -0,24%

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*FTSE (Reino Unido) +0,31%

*CAC-40 (França) -0,14%

*FTSE MIB (Itália) +0,40%

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*Hang Seng (Hong Kong) +0,26% (fechado)

*Xangai (China) +1,57% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,60% (fechado)

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*Petróleo WTI -1,04%, a US$ 55,97 o barril

*Petróleo brent -0,41%, a US$ 65,59 o barril

*Bitcoin US$ 3.848 +2,24%
R$ 14.500 +0,10% (nas últimas 24 horas)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,73%, a 614,50 iuanes (nas últimas 24 horas) 

2. Reforma da Previdência 

O Congresso permanecerá sem trabalhos nos próximos dias, deixando a expectativa pela instauração das comissões, em especial a que avaliará a Previdência, para a outra semana. É possível que o presidente ou alguns integrantes do governo façam alguma declaração, mas não é esperado nenhum grande evento.

Ontem, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, visitou o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada para discutir a agenda do governo para os próximos dias. Na saída, o ministro voltou a admitir que o Congresso deve fazer ajustes na proposta de reforma da Previdência.

“Estamos muito seguros da Nova Previdência que apresentamos ao Congresso. Agora tem aquela fase de passar pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e pela Comissão Especial (da proposta). E aí virão os ajustes que o Parlamento seguramente deverá fazer”, disse Onyx às equipes de TVs presentes na porta do Palácio do Alvorada.

3. Agenda econômica 

A temporada de resultados corporativos do quarto trimestre dá uma pausa nesta semana, sem balanços relevantes nestes três dias. Entre os indicadores, os principais números são o IPC-Fipe na quinta-feira (7) e IGP-DI na sexta (8). 

No exterior, além das conversas entre Estados Unidos e China, atenção especial para o relatório de emprego na sexta-feira. Considerado um dos principais indicadores para o Federal Reserve, o dado ganha importância extra após números recentes mostrarem força da maior economia do mundo, o que pode mudar os planos do Fed sobre os juros. Nesta quarta, saíram os dados de emprego do setor privado nos EUA apresentados pelo ADP, com a criação de 183 mil vagas em fevereiro, perto das estimativas do mercado. 

Na Europa, atenção especial para a reunião do Banco Central Europeu, que se depara com o aumento da debilidade do crescimento na Zona do Euro. A expectativa do presidente Mario Draghi de começar a subida gradual da taxa de juros no verão europeu de 2019 tem perdido força e o mercado segue atento a cada reunião.

Clique aqui e confira a agenda completa de indicadores.

4. Noticiário político

No âmbito político, o destaque do feriado de Carnaval é um vídeo postado pelo presidente Jair Bolsonaro em seu perfil no Twitter com cenas fortes de atos obscenos e escatológicos que ele associou a blocos de rua de Carnaval. O tuíte, que estava no ar até o momento da publicação desta matéria, gerou forte repercussão nas redes sociais, um reduto do eleitorado de Bolsonaro. Mais de 24 horas após a postagem, os dois assuntos mais comentados do momento no Twitter, no ranking mundial, era “#ImpeachmentBolsonaro” e “#BolsonaroTemRazão”.

Seguidores ofendidos com a postagem pedem impeachment do presidente com base na lei de crimes contra a probidade na administração pública que traz em seu texto o fato de “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”. 

O líder da bancada do PT no Congresso, o deputado Paulo Pimenta, postou em seu Twitter que não se pode descartar a possibilidade de solicitar um teste de sanidade mental de Bolsonaro e pede que a conta do presidente no Twitter seja banida.

“Bolsonaro descontrolado reage às manifestações contra ele em todo Brasil e publica vídeo para detonar o carnaval. Expõe o país no mundo, propaga o preconceito e quebra as regras do Twitter. É urgente analisarmos ainda hoje as medidas a serem adotadas”, escreveu Pimenta em sua conta na rede social. 

No texto postado junto do vídeo, Bolsonaro disse que não se “sente confortável” em mostrar o conteúdo, mas diz que “é isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro”.

Ainda sobre o governo Bolsonaro, o diplomata exonerado Paulo Roberto de Almeida disse que, ao contrário da versão divulgada inicialmente, a principal razão de sua saída do cargo, anunciada na segunda-feira (4) de Carnaval, não foi a publicação em seu blog de criticas do ex-presidente Fernando Henrique e do ex-embaixador Rubens Ricupero à atual política externa, mas sua contestação às ideias do escritor e pensador Olavo de Carvalho, tido como o responsável pela indicação do chanceler Ernesto Araújo para o cargo.

“O Olavo de Carvalho é uma personalidade bizarra que, na minha visão, faz um mal enorme à política internacional do Brasil”, disse Almeida em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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O jornal O Estado de S. Paulo traz a informação de que a Presidência da República elevou em 16% os gastos com cartões corporativos nos dois primeiros meses do ano em relação à média dos últimos quatro anos. O cálculo já desconta a inflação do período. A fatura foi de R$ 1,1 milhão e inclui os pagamentos vinculados à Secretaria de Administração da Presidência da República, que englobam as despesas relacionadas ao presidente.

Vale lembrar que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, defendeu o fim dos cartões corporativos durante a transição de governo. 

5. Noticiário corporativo

>> O noticiário sobre a Vale (VALE3) seguiu movimentado mesmo durante o feriado de Carnaval. No fim de semana, o diretor-presidente da empresa Fabio Schvartsman e outros executivos apresentaram pedidos de afastamento temporário, aceitos pela mineradora, após a sequência de dois desastres em cerca de três anos em barragens de rejeitos de mineração ampliar a pressão das autoridades.

Com isso, na segunda-feira, os ADRs da Vale em Nova York chegaram a cair 3,8%, mas se recuperaram e acumularam ganhos de 2,18% nas últimas duas sessões na bolsa americana. Confira a análise sobre o afastamento dos diretores clicando aqui

Além dessa notícia, o Wall Street Journal informa, citando uma investigação interna da polícia e do Ministério Público, que a Vale demitiu um auditor que se recusou a certificar como segura a barragem de Brumadinho que entrou em colapso. 

A unidade brasileira da Tractebel, subsidiária da Engie, havia se recusado a assinar a segurança da barragem em setembro. A empresa substituiu o auditor pela Tüv Süd, que antes havia certificado a segurança da barragem em junho.

A Vale disse que está cooperando plenamente com as autoridades e realizando sua própria investigação, segundo o WSJ; Tüv Süd disse que também está cooperando. Os representantes da unidade brasileira da Tractebel e Engie não puderam ser contatados para comentar. 

>> Segundo informa o Valor Econômico, a aposta financeira da BRF (BRFS3)na alta das próprias ações se voltou contra a companhia. No mês passado, a companhia finalizou a liquidação de instrumentos derivativos firmados em 2017 junto ao Bradesco para imitar uma recompra de ações.

O saldo foi negativo e consumiu mais de R$ 200 milhões do caixa da BRF em um momento delicado, no qual a companhia trabalhava para vender ativos e assim diminuir as dívidas, informa o jornal. A BRF começou a encerrar esses contratos derivativos a partir de junho de 2018.

>> Educacionais: O presidente Jair Bolsonaro defendeu a “Lava Jato da Educação” em seu perfil do Twitter na manhã da última segunda-feira (4). Para embasar seu ponto de vista, ele citou que o Brasil gasta mais em educação em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do que a média de países desenvolvidos, mas ocupa as últimas posições na Programa Internacional de Avaliação (PISA).

Segundo ele, em 2003, o Ministério da Educação (MEC) gastava R$ 30 bilhões em Educação, e, em 2016, gastou quatro vezes mais, chegando a R$ 130 bilhões.

“Há algo de muito errado acontecendo: as prioridades a serem ensinadas e os recursos aplicados. Para investigar isso, o Ministério da Educação junto com o Ministério da Justiça, Polícia Federal, Advocacia e Controladoria Geral da União criaram a Lava Jato da Educação.”

>> A BR Malls (BRML3) aprovou a emissão entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões em debêntures. 

>> A Enel (ELPL3) , ex-Eletropaulo, aprovou emissão de R$ 500 milhões em notas promissórias. 

>> A BR Distribuidora (BRDT3) recebe parcela de R$ 130,1 milhões da Eletrobras.

>> A Petrobras (PETR3;PETR4) começou a fase vinculante do processo de venda da totalidade de suas participações em três campos terrestres em produção, chamados Lagoa Parda, Lagoa Parda Norte e Lagoa Piabanha (Polo Lagoa Parda), no Espírito Santo, disse nesta sexta-feira.

Nesta etapa do projeto, os interessados habilitados na fase anterior receberão cartas-convite com instruções detalhadas sobre o processo de desinvestimento, incluindo as orientações para a realização de “due diligence” e para o envio das propostas vinculantes.

O negócio está em linha com os planos da empresa de vender ativos que não são essenciais. A petroleira está focando na exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas.

>> A PetroRio (PRIO3) comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que foram aprovados em Assembleia Geral Extraordinária, realizada no dia 1 de março de 2019, i) o desdobramento das ações de emissão da Companhia, à razão de 1 para 10, de forma que cada ação de emissão da Companhia passe a ser representada por 10 (dez) ações; e ii) a ratificação da eleição do Sr. Nelson de Queiroz Sequeiros Tanure ao Conselho de Administração.

Serão emitidas 122.018.211 novas ações, sendo que o capital social se mantém no valor de R$ 3.421.864.092,46, passando a ser composto por 135.575.790 ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal.

O desdobramento será efetuado sempre em números inteiros, diante disso não há que se falar em tratamento de frações. As novas ações emitidas terão os mesmos direitos e características das ações atualmente existentes, participando de forma integral a todos os benefícios, inclusive a dividendos e eventuais remunerações de capital que vierem a ser aprovados no exercício.

As ações passarão a ser negociadas desdobradas no dia 6 de março de 2019. O crédito das ações desdobradas será realizado no dia 11 de março de 2019 pelo Banco do Brasil, na função de escriturador.

>> A CSN (CSNA3) foi elevada de equalweight (desempenho em linha com a média do mercado) para overweight (desempenho acima da média do mercado) pelo Morgan Stanley, com preço-alvo sendo elevado de R$ 11,40 para R$ 15. 

(Com Agência Estado, Bloomberg e Agência Brasil)