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Ações da Oracle recuaram mais de 10% no after-market depois que a empresa divulgou aumento nos gastos com data centers para inteligência artificial e outros equipamentos. Os desembolsos crescentes estão demorando mais do que os investidores gostariam para se converter em receita de nuvem.
No segundo trimestre fiscal, as vendas de cloud subiram 34% para US$ 7,98 bilhões, enquanto a receita da divisão de infraestrutura, acompanhada de perto pelo mercado, avançou 68% para US$ 4,08 bilhões. Ambos os números ficaram ligeiramente abaixo das estimativas de analistas.
Conhecida por seu software de banco de dados, a Oracle tem avançado no competitivo mercado de computação em nuvem. A empresa executa um amplo programa de construção de data centers para atender demandas de IA da OpenAI e também fornece serviços para clientes relevantes como o TikTok, da ByteDance, e a Meta.
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O remaining performance obligation, indicador de bookings, saltou mais de cinco vezes e atingiu US$ 523 bilhões no trimestre encerrado em 30 de novembro. A projeção média dos analistas era de US$ 519 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Ainda assim, aumentaram as dúvidas em Wall Street sobre o custo e o tempo necessários para desenvolver infraestrutura de IA em escala tão grande. A Oracle tomou dívidas relevantes e firmou compromissos de aluguel de múltiplos sites de data centers.
“A Oracle enfrenta escrutínio crescente devido a uma expansão de data centers financiada por dívida e ao risco de concentração, em meio a incertezas sobre o retorno dos gastos em IA”, afirmou Jacob Bourne, analista da Emarketer. “Essa frustração de receita deve ampliar as preocupações de investidores já cautelosos com o acordo com a OpenAI e o ritmo agressivo de investimentos.”
O mercado quer que a Oracle converta rapidamente o avanço dos gastos em infraestrutura em receita, conforme prometido. O capex, indicador do investimento em data centers, ficou em US$ 12 bilhões no trimestre, acima dos US$ 8,5 bilhões do período anterior. Analistas esperavam US$ 8,25 bilhões.
A Oracle agora prevê US$ 50 bilhões em capex no ano fiscal que termina em maio de 2026. O valor representa aumento de US$ 15 bilhões na comparação com a projeção de setembro, segundo executivos em teleconferência após a divulgação dos resultados.
“A grande maioria dos nossos investimentos de capex é direcionada a equipamentos geradores de receita que entram nos nossos data centers, não para terrenos, prédios ou energia, que são cobertos por meio de contratos de leasing”, disse o CFO Doug Kehring. “A Oracle não paga por esses leases até que os data centers concluídos e as utilidades associadas sejam entregues.”
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A companhia manteve a projeção de US$ 67 bilhões para a receita anual.
“Como princípio, esperamos e estamos comprometidos em manter nosso rating de crédito grau de investimento”, afirmou Kehring.
A queima de caixa aumentou no trimestre e o free cash flow ficou negativo em US$ 10 bilhões. Segundo dados compilados pela Bloomberg, a Oracle tem cerca de US$ 106 bilhões em dívida total.
As ações bateram US$ 197,25 no after-market, após fechamento a US$ 223,01 em Nova York. O papel perdeu cerca de um terço do valor desde 10 de setembro, quando o entusiasmo dos investidores com o negócio de nuvem levou a empresa ao recorde histórico.
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“A Oracle é muito eficiente na construção e operação de data centers de alto desempenho e baixo custo”, afirmou Clay Magouyrk, um dos dois CEOs da empresa. “Como nossos data centers são altamente automatizados, conseguimos construir e operar um número maior deles.”
Este é o primeiro balanço desde que Safra Catz deixou o comando da companhia, sucedida por Magouyrk e Mike Sicilia, que agora dividem o cargo de CEO.
Parte do pessimismo recente dos investidores está ligada ao aumento do ceticismo sobre as perspectivas de negócios da OpenAI, que enfrenta concorrência maior de empresas como o Google, da Alphabet, escreveu Kirk Materne, analista da Evercore ISI, em relatório pré-balanço. Segundo ele, investidores querem saber como a Oracle poderia ajustar o plano de investimentos caso a demanda da OpenAI mude.
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No trimestre, a receita total avançou 14% para US$ 16,1 bilhões. A divisão de software em nuvem cresceu 11% para US$ 3,9 bilhões. Foi o primeiro trimestre em que a unidade de infraestrutura superou a de aplicações em receita.
O lucro, excluindo itens pontuais, foi de US$ 2,26 por ação. O resultado foi impulsionado pela venda da participação da Oracle na Ampere Computing, que gerou ganho antes de impostos de US$ 2,7 bilhões. A Ampere — apoiada pela Oracle em seus primeiros anos — foi comprada pela japonesa SoftBank em operação concluída no mês passado.
Para o trimestre atual, que termina em fevereiro, a receita deve crescer entre 19% e 22%, enquanto as vendas de nuvem devem avançar 40% a 44%, disse Kehring. Ambas as projeções estão em linha com as estimativas de analistas.
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