Operadores da Bolsa tinham bloco de Carnaval na década de 90; conheça o “Valores do Samba”

"Fizemos uma versão de samba qualquer e entramos no pregão com uma festa que ninguém nunca tinha visto e nunca mais viu", conta Cláudio José Paes Alves, ex-operador de pregão e idealizador do projeto

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO –  No dia 29 de dezembro de 1994, último pregão do ano, todos aguardavam ansiosos pelo fim do expediente. Quando o diretor de pregão deu por encerrado os trabalhos, um grupo de 30 operadores invadiu a sessão ao som de surdos, tamborins, gritos e palmas. Nascia ali o bloco carnavalesco Valores do Samba.

“Fizemos uma versão de samba qualquer e entramos naquele pregão com uma festa que ninguém nunca tinha visto e nunca mais viu. Foi algo inédito”, lembra Cláudio José Paes Alves, ex-operador de pregão e idealizador do projeto.

Apoiado pela Bovespa, o bloco era formado por operadores, auxiliares, e funcionários da Bolsa de Valores de São Paulo e da Bolsa de Mercadorias e Futuros. Teve sua estreia no Carnaval de 1995, no centro da cidade.

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Com surdos, caixas, tamborins e ripas, os funcionários saíram de camisetas personalizadas e figurino da Rua Álvares Penteado, rodaram o centro e terminaram na frente da antiga Bovespa. O desfile, que contava inclusive com uma ala das opções, foi melhor do que o esperado e mais de 1.500 pessoas compareceram, entre operadores e familiares.

“Valores vem cantar/ Tantos anos de glória/ São estórias que a história / se encarrega de cantar / de oferta e de procura / depressão e fartura / desta casa secular / cento e seis anos de estrada / mundialmente consagrada / nós iremos exaltar”, cantavam.

“Claudinho Carioca”, como ficou conhecido Alves após o sucesso do bloco, conta que apesar de gostar do Carnaval, nunca tinha tocado nenhum instrumento antes do Valores do Samba. “Eu não entendo nada de música”, diz rindo.

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“A gente tinha essa mania lá na bolsa do Rio de que no último pregão do ano fazíamos uma bagunça grande, cobríamos com serpentina, e, antes do pregão terminar, invadíamos o pregão tocando os instrumentos. Mas isso não tinha em São Paulo”, conta.

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Carioca, chegou na cidade em 1994 e, com o objetivo de manter a tradição que tinha com os colegas do Rio, encontrou os que partilhavam do “sonho”, como chama, e fez uma vaquinha para a compra dos instrumentos.

O segundo passo foi encontrar um casa para os ensaios do grupo. “Um operador tinha uma oficina fechada no Tatuapé e passamos a ir lá pra aprender a tocar e ensaiar. Foram dois meses de preparação e fizemos a versão de um samba falando da nossa vida no pregão”, conta.

Em 1996 desfilaram no “Folia na Faria”, evento patrocinado pela prefeitura que acontecia na Faria Lima. O evento foi novamente um sucesso e trouxe inclusive pessoas de fora do mercado financeiro.

O grupo desfilou novamente em 1997 e em 1998. “Nossa bateria cresceu e, nessa época, já tinha mais de 100 pessoas”, lembra. No ano seguinte, porém, chegaram em uma encruzilhada. A bolsa estava enfrentando uma série de ‘crises’ e o bloco cobrava dedicação – o que ficou difícil de conciliar. Com isso, os operadores foram perdendo o interesse e o bloco acabou.

“Foi legal, porque conheci muita gente diferente, fiquei conhecido e até escrevi um livro”, diz. E completa: “Foi um bloco que nunca tinha acontecido no mercado financeiro e ficou para a história”.

Quando lembra dos velhos tempos de pregão, Alves diz que sente saudade. “Só quem viveu sabe como é…”.

Confira uma das marchinhas no player abaixo: