Onda de privatizações de elétricas, fundos de pensão resistem à mudança na Vale e 3 notícias de Petrobras no radar

Confira os destaques da B3 na sessão desta segunda-feira (26)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo desta segunda-feira (26) é bastante movimentado, com destaque para notícias sobre a Petrobras, que deve ter que refazer balanços na visão da CVM, além da resistência de fundos de pensão sobre a reestruturação da Vale. O avanço na venda de ativos da J&F e mais no radar desta segunda:

Petrobras (PETR3;PETR4)

A diretoria executiva da Petrobras autorizou a participação da companhia em novo processo de negociação com a Sete Brasil. O resultado das tratativas estará sujeito às normas de governança corporativa e conformidade da Petrobras, assim como à aprovação de órgãos competentes, disse ela. 

Além disso, a Reuters informa que a Petrobras negocia um aditivo ao contrato com a fornecedora de equipamentos TechnipFMC visando dar mais segurança para conexões utilizadas na produção no pré-sal, após duas falhas em dutos injetores de gás que alertaram para eventuais riscos na importante área produtora de petróleo do país. A petroleira agora está exigindo um revestimento duplo nas conexões desses dutos submarinos flexíveis, também chamados risers, após ter fechado um contrato de 300 milhões de dólares com a TechnipFMC em agosto de 2016 para fornecimento dos equipamentos.

O aditivo, cujo valor ainda está sendo negociado entre a Petrobras e a TechnipFMC, tornou-se necessário depois de dois incidentes ocorridos na conexão de dutos de injeção de gás, após o fechamento do contrato, entre o ano passado e o início de 2017, segundo a assessoria da Petrobras. No primeiro caso, o riser estava inoperante e a falha foi detectada quando a companhia estava recolhendo o duto, enquanto no segundo a produção foi imediatamente paralisada.

Por fim, o Estadão informa que, no que depender das áreas técnicas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras terá mesmo de refazer todos os seus balanços financeiros desde 2013. Após apreciar o recurso enviado pela estatal em março, a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) e a Superintendência de Normas Contábeis (SNC) ratificaram o entendimento de que as práticas adotadas pela estatal para proteger suas exportações futuras de variações cambiais, a chamada contabilidade de hedge, contrariam as normas vigentes. 

O processo seguiu para o relator do caso, Henrique Machado, com pareceres contrários ao recurso da estatal. O colegiado da CVM dará a palavra final, mas a análise da área técnica tem peso. Como o mandato do presidente Leonardo Pereira termina em julho, a expectativa é de decisão em até duas semanas. Desde 2013 a Petrobras adota a contabilidade de hedge com justificativa de proteger exportações futuras projetadas dos efeitos da variação cambial com uso da dívida líquida dolarizada. É o chamado hedge natural, por dispensar uso de derivativos.

Ao analisar as operações, a área técnica da CVM considerou que a petroleira desvirtuou sua essência econômica, migrando de uma política de proteção de risco para um mecanismo de diferimento de perdas cambiais com as dívidas. A real preocupação seria não refletir imediatamente no resultado perdas cambiais em razão de seu endividamento em dólar. No recurso, a estatal trata de pontos citados pelas áreas ao determinarem a republicação dos balanços. Entre eles estão o uso de instrumentos de proteção com prazo de vencimento superior ao das próprias relações de hedge e a inversão entre objeto e instrumento de hedge.

Vale (VALE3;VALE5)

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, às vésperas da assembleia de acionistas que vai decidir o futuro societário da empresa mineradora Vale, participantes de fundos de pensão começaram a se mobilizar para tentar derrubar a proposta que põe fim ao bloco de controle na companhia.

Alguns participantes, na pessoa física, entraram com representações em diferentes órgãos, incluindo o Ministério Público Federal (MPF), pedindo a suspensão da Assembleia-Geral de Acionistas (AGE) ou seu posterior cancelamento. Alegam basicamente que o prêmio oferecido para que os fundos de pensão abram mão do controle da empresa é metade do que consideram justo, o que traria prejuízos aos fundos.

Ambev (ABEV3)

Após perder vendas e cancelar bônus, Ambev foca em preço e volta a crescer, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. O jornal ressalta que 2016 foi um dos piores da história da gigante de bebidas Ambev. A queda de 5,5% nas vendas reduziu os volumes da empresa ao nível mais baixo desde 2009. O resultado foi tão fraco que deixou os funcionários sem bônus. Desde o início do ano passado, os números ruins já se prenunciavam. Por isso, o diretor-geral da Ambev, Bernardo Paiva, colocou o pé na estrada para fazer uma gestão mais próxima de supermercados e bares, a fim de buscar soluções para o negócio. Desde então, ele passa ao menos dois dias por semana fora do escritório central, em São Paulo.

Nas andanças pelo País, conversando com donos de bares e supermercados, o executivo entendeu que era preciso evitar que o cliente trocasse a Ambev por marcas mais baratas – especialmente num cenário em que a Kirin, dona da Schin, fazia promoções agressivas. Segundo analistas, o “pulo do gato” da Ambev foi achar um jeito de oferecer suas principais marcas, como Brahma e Skol, a preços mais baixos que os das rivais.

Light (LIGT3)

A presidente da Light Ana Marta Horta Veloso renunciou ao cargo nesta sexta-feira, segundo fato relevante divulgado pela companhia. A executiva ocupava o cargo na elétrica desde dezembro de 2015. Em 21 de junho, o Conselho de Administração da Cemig aprovou o início do processo de alienação de sua participação na Light. A Fitch destacou que a potencial venda da Light é positiva para a Cemig, significando uma entrada relevante de recursos e aliviando parte de suas necessidades de refinanciamento. 

Segundo o Bradesco BBI, a notícia sobre a renúncia de Ana Veloso é negativa para a Light, uma vez que ela estava no comando da reviravolta operacional da companhia (redução de perdas de energia elétrica/eletricidade), que pode retroceder facilmente se o foco for perdido durante a transição para uma nova liderança. “Observamos, no entanto, que, a curto prazo, a Light continuará a se beneficiar da maior conquista de sua equipe: a revisão tarifária inicial positiva negociada com o regulador, com um impacto total no fluxo de caixa a partir do segundo trimestre de 2017. No entanto, o que importa agora é se a Cemig vai ou não se mover para vender rapidamente a Light”, afirma o Bradesco BBI. 

Ainda sobre elétricas, o Estadão ressalta que uma nova onda de “privatização” começa a ser colocada em curso no setor elétrico brasileiro, num movimento que pode atrair quase R$ 30 bilhões. Do ano passado para cá, estatais de vários Estados iniciaram processo para vender ativos de geração, transmissão e distribuição de energia. A lista inclui além de Cemig, de Minas Gerais; Cesp, de São Paulo; Copel, do Paraná; CEB, do Distrito Federal; e CEEE, do Rio Grande do Sul; além da companhia federal Eletrobras (veja mais clicando aqui). 

 

Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB5)

Após semanas de especulações sobre uma possível compra da Eldorado Brasil pela Fibria ou pela Suzano, uma outra companhia parece ter tomado frente na negociação com a empresa do grupo J&F.

Segundo a Bloomberg, a Celulosa Arauco y Constitucion fez uma oferta pela Eldorado, avaliando a empresa controlada pela família Batista em cerca de R$ 14 bilhões, incluindo dívidas, de acordo com uma pessoa com conhecimento direto do assunto.

Eldorado e Arauco concordaram com negociações exclusivas que durarão até meados de agosto, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada porque as discussões são privadas. Dívidas totais da Eldorado são de R$ 9 bi, segundo dados compilados pela Bloomberg. Arauco, Eldorado e J&F não quiseram comentar.

Alpargatas (ALPA4)

Ainda sobre a J&F, o Valor informa que a Alpargatas assinou um acordo para negociar a venda de seu controle acionário para a gestora de recursos Cambuhy, segundo fontes ouvidas pelo jornal. Trata-se se acordo de confidencialidade. A Cambuhy, que conta com recursos da família Moreira Salles, avalia a aquisição em parceria com a Gávea Investimentos, de Arminio Fraga.

Via Varejo (VVAR11)

Segundo matéria no Valor, após uma interrupção temporária do processo de venda, seguindo um desacordo com a Familia Klein – o Pão de Açúcar está se movendo (mesmo que lentamente) na direção de vender o ativo. O Grupo acabou de preparar um data room com informações relevantes disponíveis para os interessados. Segundo a matéria, a família Klein segue interessada no negócio.

“Desde que o Pão de Açúcar anunciou o interesse de vender sua participação na Via Varejo, apesar dos rumores de possíveis interessados, o cenário desafiador para o varejo e a complexidade da integração das plataformas da companhia online e off-line sem dúvida impediram o negócio de ser fechado rapidamente, especialmente com prêmio”, afirma o BTG Pactual. 

Kroton (KROT3) e Estácio (ESTC3)

Às vésperas do julgamento no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), marcada para esta quarta-feira, a fusão entre Kroton e Estácio, que une as duas maiores empresas privadas de ensino superior do país, passa por uma nova reviravolta, diz o Valor Econômico. A Kroton propôs, na quinta-feira, à companhia carioca retirar o processo da autarquia antitruste e reapresentá-lo em 90 dias, diz o jornal.

Indusval (IDVL4)

O Conselho do Banco Indusval decidiu, por unanimidade, adiar a decisão sobre lançamento da OPA por até 90 dias em função de tratativas que estão em andamento, segundo comunicado. Nesta segunda-feira vence prazo definido pela CVM para publicação do edital da oferta . “A concessão do prazo adicional para o lançamento da oferta depende de prorrogação do prazo concedido pela CVM para publicação do edital”, segundo o comunicado do banco. 

O banco “encontra-se em tratativas confidenciais de parcerias estratégicas que, apesar de não envolverem a transferência de controle da companhia, poderão, caso sejam concretizadas, impactar a sua rentabilidade futura e a decisão do acionista com relação à adesão ou não à oferta”. “Nesse sentido, e analisadas a conveniência e oportunidade do lançamento da oferta no prazo estabelecido pela CVM quanto ao interesse do conjunto dos acionistas da companhia e às repercussões da oferta sobre seus interesses e aqueles da companhia”.

“Nenhuma operação estratégica em negociação foi concluída até esta data e, como é característica de negociações dessa natureza, não há garantias de que as tratativas em andamento venham a se concretizar. Apesar da atual intenção da companhia de ainda lançar a oferta, não é certo que a companhia conseguirá tal prorrogação, já que não há previsão específica na regulamentação a respeito. Caso a CVM não aprove a prorrogação, a oferta atual será cancelada”, afirma o comunicado.

Prumo (PRML3)

As discussões evoluíram e um potencial acordo de serviços de consultoria combinado com uma participação minoritária na Porto do Açu Operações poderá incluir certos direitos de governança a serem concedidos ao Port of Antwerp International, disse a Prumo em comunicado.

Entre os direitos estão o de indicar um membro para o Conselho de Administração da Açu Operações, bem como a nomeação de até 4
executivos para promover o desenvolvimento comercial e operacional da Açu Operações. A transação definitiva com o PAI ainda não foi executada, no entanto, a prorrogação do acordo de exclusividade é vinculativa
e continua válida, disse a empresa. 

Além disso, a Prumo Prumo celebrou termo de compromisso com BP Energy e Siemens. O termo de compromisso com a BP Energy Company
estabelece condições preliminares e não vinculantes, assim como um período de exclusividade, para negociação da aquisição, pela BP, de 30% do capital da GNA, segundo comunicado da Prumo.

O termo prevê ainda a negociação de aquisição pela BP, no percentual de 50%, em outra sociedade a ser constituída, que será responsável pelos contratos de compra e venda de energia. A Prumo celebra também termo de compromisso com a Siemens AG ou suas afiliadas estabelecendo condições preliminares não vinculantes, assim como um período de exclusividade, para a negociação de aquisição, pela Siemens, de 33% do capital da GNA.

Rumo (RUMO3)

O Conselho da Rumo recebeu renúncia de José Cezário Menezes de Barros Sobrinho, diretor financeiro e de relação com investidores, segundo comunicado na CVM.

Sobrinho permanece no cargo até 30 de junho e o presidente Julio Fontana Neto acumula o cargo de diretor de RI; a diretoria financeira fica vaga. 

Triunfo (TPIS3)

Sobre a Triunfo, a Concebra teve aval a reajuste de até 25,8% na BR-060/153/262. O reajuste aprovado pela ANTT para BR 060/153/262/DF/GO/MG entra em vigor a partir da zero hora desta terça-feira, segundo resolução publicada no Diário Oficial.

Para veículo da categoria 1, tarifas passam de R$ 4,30 para R$ 5,30, na praça de pedágio P1, de R$ 3,10 para R$ 3,90, na praça de pedágio P2, de R$ 4,60 para R$ 5,70, na praça de pedágio P3, de R$ 5,60 para R$ 6,90, na praça de pedágio P4, de R$ 4,90 para R$ 6,00, na praça de pedágio P5, de R$ 2,90 para R$ 3,60, na praça de pedágio P6, de R$ 4,00 para R$ 4,90, na praça de pedágio P7, de R$ 4,20 para R$ 5,10, na praça de pedágio P8, de R$ 4,40 para R$ 5,40, na praça de pedágio P9, de R$ 5,30 para R$ 6,50, na praça de pedágio P10, e de R$ 4,30 para R$ 5,30, na praça P11. 

Tenda (TEND3)

A Tenda informou que as suas ações passarão a ser negociadas no Novo mercado a partir de quarta-feira (28). 

(Com Reuters, Agência Estado e Bloomberg) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.