Ofensiva russa e sanções reforçam preocupação com choque em commodities agrícolas, diz Sylvio Castro, da Grimper

CIO da gestora prevê dificuldade para repor oferta de recursos da Rússia

Wellington Carvalho

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O impacto da ofensiva da Rússia na Ucrânia nesta quinta-feira (24) – maior ataque de um País contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial – sobre os mercados agrícolas engrossam as discussões sobre as consequências da eclosão do conflito.

“Quando falamos de eventos geopolíticos, temos de lembrar o que vai faltar”, avalia Sylivio Castro, CIO da Grimper Capital. “Com a Rússia temporariamente fora do mercado mundial, temos de analisar quais mercados eles são relevantes e quais recursos poderão faltar”, pontua.

De acordo com Castro, o país de Vladimir Putin tem forte participação na produção de metais básicos, ouro, gás e petróleo, além de insumos agrícolas.

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Diante de sanções impostas aos russos, o analista afirma que outros países, como Brasil, Estados Unidos e China – terão de prover a demanda de recursos até então de responsabilidade da Rússia.

No caso brasileiro, por exemplo, ele vê dificuldades de aumentar a produção agrícola de forma suficiente a atender a demanda.

“Não é tão fácil assim para o Brasil explodir a produção agrícola. A gente tem parte do País com muita chuva e parte com muita seca”, pontua. “Diante dos eventos climáticos, não conseguiremos ter um ganho muito acima da produção do ano passado”.

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Castro lembra ainda que um terço do fertilizante usado para a produção agrícola no Brasil vem exatamente da Rússia, o que complica ainda mais a tarefa.

“O solo brasileiro, exceção do sul do País, não é tão bom assim. Só conseguimos ter um nível incrível de produtividade porque ajustamos muito o nosso solo com os fertilizantes”, explica Castro, que questiona se o País conseguirá comprar material suficiente para a atual safra.

Na avaliação de Castro, a análise sobre o setor agrícola vale para outros mercados que, diante da demanda reduzida, sofrerá com a pressão dos preços.

Petróleo acima dos US$ 100

Diante da escalada no preço do petróleo, Castro sugere cuidado com as análises em torno do valor do óleo que, na visão dele, pode não estar barato, mas não subirá necessariamente mais do que isso.

Depois que a Rússia atacou a Ucrânia, os preços do petróleo dispararam com o Brent subindo acima de 105 dólares o barril pela primeira vez desde 2014.

“Se a gente comparar com o ano passado e com a média da década, o preço atual do petróleo está alto, mas se compararmos com o último pico, não”, destaca. Entre 2013 e 2014, o barril do petróleo bateu US$ 200, lembra Castro embutindo no número a inflação do período.

Diante da demanda crescente por energia e da atual capacidade instalada para a produção do petróleo, Castro trabalha com o barril, no final de 2022, acima dos US$ 100,00 e avisa: é uma oportunidade.

“Hoje o valor está em US$ 100, mas o futuro do petróleo em dezembro de 2022 e dezembro de 2023 opera entre US$ 80 e US$ 86”, detalha.

Aos investidores interessados, ele lembra que a volatilidade do segmento é muito grande com ganhos e perdas diárias que podem chegar a 10%.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.