O que você sabe sobre a produção e refino de petróleo no Brasil?

Atualmente, Brasil é tanto produtor quanto exportador e importador de petróleo, por razões técnicas e econômicas

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SÃO PAULO – Atualmente, o Brasil é um dos 20 maiores produtores de petróleo do mundo, ocupando exatamente a 15ª posição. Além disso, é um dos países líderes na tecnologia de extração de petróleo em grandes profundidades e tem na Petrobras uma das maiores e mais eficientes empresas do ramo petrolífero do planeta.

Além de produtor e exportador de petróleo e derivados, o Brasil também é importador de óleo cru e seus derivados e isso parece contraditório para muitas pessoas, leigas quando se trata do setor petrolífero. Só que a importação tem sólidas bases técnicas e econômicas, se tornando necessária por enquanto.

Diferentes tipos de petróleo

Existem basicamente três tipos de petróleo, o leve, o médio e o pesado, cada um com suas características físicas e químicas, sendo o Brasil dotado de grandes reservas do segundo tipo e os países do Oriente Médio do primeiro.

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O petróleo leve, produzido em países como Iraque, Kuwait e Arábia Saudita, é um petróleo de melhor qualidade, com menos enxofre em sua composição, menos denso e viscoso, sendo, portanto, mais fácil de ser extraído e refinado. Além disso, é o tipo que produz mais derivados “claros” nas etapas preliminares de refino, como a gasolina, querosene e diesel.

Os petróleos médio e pesado, por sua vez, são os tipos mais presentes nos campos petrolíferos brasileiros, chegando a cerca de 55% e 35% da produção, respectivamente, sendo caracterizados pela maior presença de enxofre em sua composição, por serem mais densos e viscosos, tornado a extração e refino mais difíceis e caros, além de produzir derivados com menor valor agregado.

Somente 10% do petróleo extraído no Brasil são do tipo leve, em um total de extração de 1,6 milhão de barris/dia, número que perde somente para a Venezuela, com 3,2 milhões de barris/dia.

Estrutura de refino no Brasil

Quando da decisão da construção e operação de refinarias de petróleo no Brasil, em 1956, a exploração petrolífera no Brasil era incipiente e quase a totalidade do petróleo bruto era importado dos países do Oriente Médio.

Diante dessa realidade, as refinarias de petróleo foram projetadas e construídas em função do tipo de petróleo importado, o petróleo leve. Dada a diferença físico-química entre o petróleo leve e pesado, essas estruturas de refino são inadequadas para o processamento do petróleo do segundo tipo e extraído no Brasil.

Com os choques do petróleo da década de 80, a Petrobras, então com o monopólio de extração, refino e distribuição do setor no Brasil, passou a intensificar a prospecção e produção petrolífera nacional, esbarrando, porém, na inadequação do parque industrial de refino.

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Brasil procura se adequar

Diante da inadequação parcial das refinarias brasileiras para o processamento do petróleo pesado produzido no país, a Petrobras, que detém quase que o monopólio do refino de petróleo no país, passou a promover a modernização tecnológica em suas refinarias, visando adequá-las à realidade técnica do petróleo nacional.

Como esse processo de adequação das refinarias brasileiras ainda está em andamento, se torna necessário que a Petrobras também importe petróleo do tipo leve para que seja misturado ao petróleo pesado nacional, tornando seu refino mais fácil e barato. Atualmente, a relação de petróleo pesado e leve nas refinarias nacionais é de 60% e 40%, respectivamente.

Também são importados alguns derivados de petróleo, dada essa mesma limitação no refino. Por outro lado, o Brasil também exporta petróleo pesado e derivados de petróleo produzidos no Brasil.

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No primeiro trimestre de 2004, as importações de petróleo leve e derivados foram de 596 mil barris/dia e a exportação de petróleo pesado e derivados foi de 391 mil barris/dia. Para 2004, a Petrobras espera que essa diferença entre importação e exportação seja bem menor.

Melhor aproveitamento é prioritário

Desde a invasão do Iraque por tropas norte-americanas e com o acirramento dos combates levados a cabo pela resistência iraquiana, o mercado internacional do petróleo vem assistindo a um aumento constantes do preços do produto.

Só para se ter uma idéia da dimensão do aumento de preços internacionais do petróleo, basta ter em mente que no início de junho de 2003 o preço do barril do petróleo estava cotado a US$ 27,40, chegando a US$ 42,33 há alguns dias, o maior valor nominal dos últimos 21 anos.

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“O refino vem acompanhando de perto as transformações que a Petrobras vivencia nos últimos anos, adequando-se ao novo modelo de mercado do setor no Brasil. O desafio de processar a crescente produção de óleo pesado brasileiro, permitindo a conversão para derivados de alto valor agregado, vem sendo vencido com investimentos e grandes avanços tecnológicos”, afirma a Petrobras. “Em refino, serão investidos US$ 4,2 bilhões no período 2002-2005, com recursos próprios, com mais US$ 700 milhões em parcerias”.

A Petrobras estima que, em 2007, pelo menos 98,7% do petróleo produzido no país seja refinado pelas refinarias da empresa, contra 85% que é refinado atualmente.