O que os traders estão dizendo sobre a maior perda mensal do Bitcoin em 11 anos

Fraco sentimento macroeconômico, medo da inflação e riscos sistêmicos do mercado de criptomoedas afetaram o preço do BTC

CoinDesk

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O Bitcoin (BTC) desabou 38% em junho, registrando sua segunda maior perda mensal desde 2009, ano em que começou a circular. A criptomoeda era negociada a US$ 31.000 no primeiro dia do mês, caiu para US$ 17.700 por volta do dia 15, teve uma leve recuperação nas semanas seguintes e, por fim, terminou junho na casa dos US$ 19.209, de acordo com dados do agregador CoinGecko.

O declínio mensal deste ano ficou atrás apenas da queda de 38,6% de agosto de 2011.

As perdas de junho ocorreram em meio ao fraco sentimento macroeconômico, aos temores de inflação e aos riscos sistêmicos do ecossistema de criptomoedas. A possível insolvência da plataforma de empréstimos de criptomoedas Celsius Network e a ruína do fundo de hedge cripto Three Arrows Capital, por exemplo, afetaram o preço do ativo.

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“As perdas foram causadas por muitos fatores”, disse Ali Kassab, presidente da empresa de investimento em criptomoedas Centurion & Co. “Isso inclui as políticas monetárias dos bancos centrais, o aumento da inflação decorrente da Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que ainda está em andamento”, falou.

“Do colapso da TerraUSD (UST) à liquidação do Three Arrows Capital e às demissões intermináveis, esses eventos negativos da indústria cripto pesaram no preço do Bitcoin”, acrescentou Kassab, observando que espera que os investimentos institucionais “influenciem o ativo” e criem “um melhor preço de desempenho” em julho.

Faixa de preço

Outros traders, como Chris Terry, da plataforma de empréstimos SmartFi, acreditam que o BTC será negociado em um intervalo bastante estreito no curto prazo. “A sensação na mesa de negociação é que, se o Bitcoin permanecer na faixa de US$ 18.000 a US$ 20.000, (esse cenário) vai demorar muito, e podemos ficar nessa faixa de negociação por semanas”, disse ele.

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“Todo mundo sente que o Bitcoin precisa se limpar, tirar todas as posições curtas e se recompor, o que provavelmente geraria uma retração total de 80%, algo típico nos mercados, e levar a criptomoeda a ficar na faixa de US$ 12.000 a US$ 13.000”, acrescentou Terry.

No momento da publicação deste texto, o BTC estava sendo negociado a US$ 19.200, um aumento de 0,3% nas últimas 24 horas.

Os bancos centrais renovaram os temores sobre aumentos das taxas no início desta semana no fórum anual do Banco Central Europeu (BCE). Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), reiterou o compromisso da instituição de aumentar os juros para reduzir a inflação.

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Falando na reunião do BCE, Powell disse estar mais preocupado com o desafio representado pela inflação do que com a possibilidade de que taxas de juros mais altas possam levar a economia dos EUA a uma recessão.

Powell falou que o Fed precisa aumentar as taxas rapidamente, informou a Reuters, acrescentando que um aumento gradual pode fazer com que os consumidores sintam que os preços mais altos das commodities persistirão. Na semana passada, seus comentários sugeriam que os aumentos dos juros poderiam suavizar antes do próximo ano.

Em busca do fundo

Tal perspectiva fez com que alguns opinassem que o Bitcoin ainda não atingiu o fundo, embora muitos estejam otimistas de que eventualmente a moeda irá se recuperar e poderá alcançar novas máximas.

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“Acho que o BTC ainda não atingiu o fundo, mas tenho certeza de que o mercado de alta voltará”, disse Jimmy Zhao, fundador da exchange de criptomoedas ZBX. “Recomendo comprar Bitcoin enquanto o preço está baixo e mantê-lo, porque na próxima alta seu preço atingirá pelo menos US$ 100.000.”

Adquirir BTC barato e aguentar até o próximo ciclo é um sentimento compartilhado por outros participantes do setor.

“Os indicadores mostram que o mercado está em condições extremas de medo, [com] algumas empresas inadimplentes e detentores de longo prazo se rendendo”, disse Anton Gulin, diretor de negócios da exchange AAX. “No entanto, não é o primeiro nem o último ciclo de baixa, e aqueles com melhor planejamento operacional de longo prazo veem isso como uma oportunidade de construir e se preparar para a próxima corrida de alta”, falou.

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“Quando alguém vende, sempre tem alguém que está comprando. Espero uma mudança contínua de liquidez e uma série de fusões e aquisições nos próximos meses”, acrescentou Gulin.

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