O que o Enem pode indicar para as ações das empresas de educação na Bolsa?

Segundo análise da XP, pode ser um bom indicativo para o setor o aumento das inscrições, mas nem só notícias positivas rondam as companhias

Equipe InfoMoney

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O que o Enem pode indicar para as ações do setor de educação listadas na Bolsa?

No último domingo, os estudantes fizeram a primeira parte da prova, com o número de inscritos chegando a 3,9 milhões, ou um avanço de 13% ao ano, enquanto a taxa de ausentes ficou praticamente estável em comparação com o ano passado.

Para Rafael Barros e Raphael Elage, analistas da XP do setor, os dados podem ser lidos como positivos para a educação superior, dado que pode ser um indicativo de que o número de estudantes elegíveis interessados em ingressar no ensino superior presencial aumentou significativamente na base anual.

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“Caso essa expectativa seja confirmada no início de 2024, esperamos que os volumes de captação aumentem, o que pode resultar em crescimento de receita e alavancagem operacional das empresas sob nossa cobertura”, avaliam os analistas, que seguem vendo um potencial de recuperação gradual e constante para o setor de educação no médio prazo.

Para Barros e Elage, embora o número de inscritos ainda esteja 23% abaixo do registrado em 2019 – que foi o último antes da pandemia de Covid-19 – ele representa um segundo aumento consecutivo anual, sustentando a sua tese de uma recuperação constante em volumes para todo o setor.

Já sobre a taxa de ausência, ela diminuiu 0,2 ponto percentual (p.p.) anualmente, para 28,1%. “Notamos que a maior região metropolitana do Brasil – São Paulo – apresentou problemas relacionados ao clima na sexta-feira, os quais podem ter impactado nesse quesito. No entanto, considerando a taxa de ausência praticamente estável, assumimos que a composição da base de inscritos deste ano foi semelhante à do ano passado”, avalia.

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Assim, levando em consideração o aumento mencionado no número de inscritos e a premissa da XP de que a composição da base de inscritos seguiu quase inalterada, esperam um aumento de mais de 10% dos volumes de captação das empresas cobertas.” Isso seria mais um impulso para o processo de recuperação da indústria de ensino superior, aumentando a utilização e potencialmente expandindo as margens nos próximos anos”, aponta.

A XP tem recomendação de compra para Yduqs (YDUQ3), Cruzeiro do Sul (CSED3) e Ser Educacional (SEER3), enquanto possuem visão neutra para Cogna (COGN3). Confira as recomendações abaixo:

Fonte: XP Investimentos

Não são só notícias positivas…

Enquanto a XP avaliou como positivos os números do Enem, na semana passada uma outra notícia não foi tão bem vista por analistas de mercado, segundo o Bradesco BBI.

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O governo divulgou os resultados do ENADE 2022 (avaliação de desempenho de graduandos) para ciências sociais e humanas (direito, administração, contabilidade, psicologia). No ensino a distância (EAD), a Yduqs teve forte deterioração em relação a 2018, mas ainda assim obteve uma classificação melhor que o mercado e os principais pares listados, enquanto Cogna apresentou melhora, mas ainda teve uma classificação pior que o mercado. No presencial, Cogna e Ânima (ANIM3) tiveram forte deterioração em relação ao ano de 2018, aponta o banco.

Isso no contexto do anúncio pelo Ministro da Educação, Camilo Santana, de algumas iniciativas para melhorar a qualidade da educação no país, citando: (i) reformulação da avaliação dos cursos de ensino, (ii) revisão da avaliação presencial de cursos e instituições, e (iii) criação de novos indicadores para monitorar eficiência das instituições, evolução das matrículas e condições de oferta de cursos a distância.

“Vemos a piora no ENADE como negativa para Yduqs, Cogna e Ânima”, aponta. Contudo, os analistas reiteram que: (i) Yduqs ainda está ranqueada acima da média do mercado em ensino a distância (EAD) e quase em linha no ensino presencial, e o novo modelo Aura acaba de ser lançado; e (ii) a Ânima ainda teve uma classificação melhor que as empresas listadas no ensino presencial e ligeiramente acima da média do mercado.

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Já em relação às declarações do ministro, os analistas são mais cautelosos quanto a uma regulamentação potencialmente mais rigorosa para ensino a distância (EAD), dada a sua preocupação com a qualidade dos cursos de ensino (23% das matrículas em EAD).

“Inicialmente, não esperamos uma grande restrição para a EAD em geral, visto que: (i) o digital é uma tendência com conveniência e acessibilidade que amplia significativamente o acesso à educação; e (ii) as pontuações gerais – que não são muito diferentes dos cursos presenciais – não são totalmente comparáveis dado o perfil distinto dos alunos e podem ter a ver com a formação acadêmica dos calouros”, aponta.