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SÃO PAULO – O que há em comum entre o mercado de ações e a ala de macacos de um zoológico? Mais do que você possa imaginar, de acordo com um estudo publicado pelo Proceedings of the Natural Academy of Sciences, coordenado pela professora Agnieszka Tymula, da Universidade de Sydney.
De acordo com o estudo, os nossos parentes primatas podem ser agentes econômicos tão racionais como nós. A equipe de pesquisadores encontrou evidências de aumento da tomada de risco entre os “ricos” dos nossos parentes primatas, o que sugere uma ligação evolutiva para a sensibilidade humana em torno dos níveis de riqueza. A doutora Tymula ressalta que os resultados indicam que o comportamento do macaco é muito semelhante às escolhas de riscos dos seres humanos e, como resultado, pode fornecer informações sobre as raízes evolutivas do nosso comportamento.
E como a doutora e sua equipe mediram isso? O estudo se propôs a descobrir se os macacos compartilham atitudes humanas de risco e de racionalidade econômica, bem como a riqueza altera o comportamento de risco. Para tanto, os pesquisadores usaram água como uma medida não-pecuniária de riqueza, de modo a diferenciar os “ricos” dos “pobres”.
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Os cientistas treinaram macacos rhesus durante vinte dias para que eles fizessem escolhas entre cartelas de gráficos, levando a maiores ou menores recompensas – no caso, água. E os macacos tinham duas opções: uma mais segura e outra mais arriscada. A mais segura garantia uma certa quantidade de água, pequena, enquanto a mais arriscada proporcionava maiores recompensas, mas com menores garantias de que fosse obtida.
E assim, as conclusões com este estudo foram feitas. Os macacos que ganhavam maior quantidade de água, os mais ricos, tinham tendência a assumir mais riscos que os mais desidratados, ou os mais pobres o que, segundo a professora Tymula, é um comportamento parecido com o dos humanos. As pessoas com menos posses tendem a investir em lugares mais seguros, caso de títulos do governo. Enquanto isso, as pessoas mais ricas não se importam em certa quantia, se no longo prazo houver maior chance de retorno.
Desta forma, os macacos mais ricos, ou mais saciados, ficaram menos aversos aos riscos, enquanto os mais pobres evitaram incertezas na sua tomada de decisão. Conforme aponta o estudo, há um suposto elo evolucionário da sensibilidade humana em relação à riqueza, apontando ângulos sobre tomada de decisões e consumo, com um comportamento não somente racional quanto genético. Os homens e os macacos decidem analisando, enquanto os pássaros como estorninhos jamais correm semelhante risco, de acordo com estudos semelhantes.
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E a professora ressalta que os resultados são mais inconclusivos quando o estudo é feito diretamente com seres humanos, porque eles geralmente dizem uma coisa e fazem outra, o que indica a falta de confiança nos relatos dos participantes. Deste modo, o estudo mostra que os macacos são um bom modelo para conferir a tomada de decisão humana, que pode ser feita de forma mais controlada no caso dos primatas.