O que esperar após tarifa de 50%? Três desdobramentos importantes para ficar de olho

Para analistas da Suno Research, a decisão é inesperada tanto pelo papel que os Estados Unidos ocupam como parceiro comercial do Brasil quanto pelo superávit presente na balança comercial para os EUA

Camille Bocanegra

Presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, Washington, DC, 26 de junho de 2025.
Foto: REUTERS/Nathan Howard
Presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, Washington, DC, 26 de junho de 2025. Foto: REUTERS/Nathan Howard

Nesta quarta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, com previsão de entrada em vigor a partir de 1º de agosto.

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A medida surpreendeu o mercado, especialmente porque o Brasil havia sido inicialmente incluído em uma lista com tarifa de 10%, divulgada no Liberation Day, e ainda mantinha negociações para evitar uma elevação tarifária.

Para analistas da Suno Research, a decisão é inesperada tanto pelo papel que os Estados Unidos ocupam como parceiro comercial do Brasil quanto pelo superávit presente na balança comercial para os EUA.

Atualmente, os Estados Unidos são atualmente o segundo maior parceiro comercial do Brasil, respondendo por cerca de 12% das exportações brasileiras, atrás apenas da China, que representa 29%. Apesar de as exportações para os EUA equivalerem a aproximadamente 2% do PIB brasileiro, setores com maior dependência desse mercado devem sentir os efeitos da tarifa de forma mais intensa.

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Além disso, o superávit mantido pelos EUA na balança comercial com o Brasil normalmente reduziria a justificativa para medidas protecionistas contra o país.

“No curto prazo, a decisão tende a gerar repercussões negativas sobre a bolsa brasileira, com impacto mais direto em empresas exportadoras”, afirmam Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, e João Arthur Almeida, CIO da Suno Wealth.

Três pontos de atenção

Segundo a análise, três desdobramentos após o anúncio merecem atenção:

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  1. Reação do governo brasileiro: O Brasil pode retaliar elevando tarifas sobre importações americanas, o que elevaria os custos de produção para empresas brasileiras, especialmente em setores que dependem de máquinas, motores e equipamentos. Essa medida poderia pressionar a inflação local. Por sua vez, o governo americano já sinalizou que responderá proporcionalmente a qualquer retaliação brasileira;
  2. Negociações até 1º de agosto: A janela para negociação permanece aberta, mas o tom político adotado na carta enviada pelo presidente Trump ao governo brasileiro indica que o caminho para um acordo pode ser mais difícil;
  3. Reprecificação de ativos: A medida pode levar a uma reavaliação dos ativos ligados ao setor externo, criando oportunidades pontuais para investidores que identificarem ativos excessivamente descontados.