“O pesadelo virou realidade”: Por que o guidance da Smiles fez a ação cair até 10%

Analistas reduziram em 33% a projeção de lucro líquido para o próximo ano e ainda cortaram o preço-alvo das ações de R$ 44 para R$ 35

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – As ações da Smiles (SMLS3) chegaram a cair mais de 10% na manhã desta terça-feira (3), chegando a sua mínima desde outubro de 2018, após a companhia de programa de fidelidade divulgar um guidance pior que o esperado pelo mercado. Os papéis fecharam com queda de 8,85%, cotados a R$ 30,91.

A empresa, controlada pela Gol (GOLL4), disse prever um crescimento no faturamento bruto entre 5% e 10% em 2020, enquanto para este ano a projeção é entre 11% e 12,5%. Já para a margem direta de resgate, a previsão da Smiles é de intervalo de 37% a 38,2% neste ano e entre 25% a 30% em 2020.

Para os analistas do Bradesco BBI, liderados por Victor Mizusakim, o “pesadelo está se tornando realidade”. Segundo eles, o guidance divulgado foi “decepcionante para faturamento bruto e margem direta de resgate”.

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De acordo com o Bradesco, a rápida deterioração na lucratividade da indústria de programas de fidelidade pode ser atribuída a “deterioração de mix, com maior número de passagens resgatadas a preços comerciais, preços maiores de passagens no mercado doméstico, acesso menor a passagens internacionais e aumento da competição”.

Diante disso, os analistas reduziram em 33% a projeção de lucro líquido para o próximo ano e ainda cortaram o preço-alvo das ações SMLS3 de R$ 44 para R$ 35, com recomendação neutra, o que corresponde a um potencial de valorização de cerca de 12% em relação à cotação desta terça-feira.

Já para a equipe do Morgan Stanley, por mais que a Smiles possa ter sido conservadora nos números, “dado o cenário altamente incerto à frente, as estimativas da administração implicam em uma pressão significativa para as operações em 2020”.

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Os analistas apontam que já esperavam que a companhia fosse prejudicada, pelo menos temporariamente, pelo aperto na oferta resultante do fim da Avianca Brasil. Por outro lado, eles ressaltam que esta expectativa era de um impacto menor do que o novo guidance aponta para 2020.

Por fim, o Goldman apontou que, nos resultados do 3º trimestre, a Smiles já mostrou que estava sendo afetada pela grande mudança no saldo da oferta/demanda de capacidade das companhias aéreas e apresentou uma margem de resgate de 38,4%.

“Acreditamos que a pressão adicional sobre a margem de 25 a 30% em 2020 é atribuível à expectativa da administração sobre a revisão do preço de transferência, mas outros fatores podem ajudar a explicar a deterioração (como a recente depreciação do real, que afeta o volume de pontos gerados no sistema, a precificação dos contratos com os bancos para 2020 e o fim da parceria com a Delta)”, concluem os analistas.

Com tantos desafios pela frente e sem a intenção da Gol de renovar o contrato operacional e de serviços que vence em 2032, a ação da Smiles vem perdendo a atratividade dentro das casas de análises. Mesmo com uma forte queda no ano, de 23%, sendo a terceira maior queda do Ibovespa no período, os analistas seguem cautelosos com os papéis.

De acordo com consenso da Bloomberg, que compilou as recomendações de nove casas de análise, só duas recomendam compra, enquanto cinco recomendam manutenção e outras duas recomendam venda. Os números projetados até o próximo ano renovaram o pessimismo com a companhia.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.