O impacto das eleições na Bolsa, no câmbio e nos juros: dados históricos mostram o que esperar para 2022

Relatório do Bradesco analisou o comportamento dos ativos financeiros nos últimos seis ciclos eleitorais

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – O ambiente já desafiador para ativos de risco, em meio aos ruídos fiscais no ambiente doméstico, tende a ser ainda mais volátil no próximo ano em meio à proximidade das eleições presidenciais. E a incerteza eleitoral tende a afetar negativamente a Bolsa, o câmbio e os juros de curto prazo até pelo menos a definição do 1º turno.

É o que mostra uma análise divulgada pelo Bradesco na quarta-feira (20) sobre o comportamento dos ativos financeiros nos últimos seis ciclos eleitorais. De acordo com o relatório, as ações, os juros e o dólar começaram a reagir mais intensamente às eleições em maio do próprio ano eleitoral, que é o período em que as candidaturas são oficialmente lançadas e as pesquisas eleitorais se tornam mais frequentes.

O comportamento médio no período mostrou queda da Bolsa de maio até a definição da eleição, depreciação cambial, aumento de CDS (Credit Default Swaps, considerado o seguro-calote, veja mais clicando aqui), aumento do Swap 360 (contrato de variação de taxa de juro de 1 ano no Brasil e nos EUA) e praticamente estabilidade nas taxas de juros de 10 anos (os Treasuries americanos).

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Em relação às perspectivas econômicas, o levantamento mostra que, também a partir de maio, houve redução das projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Analisando o comportamento das eleições presidenciais desde 1998, vemos que, em média, a Bolsa caiu 15% entre maio e o começo de outubro do ano eleitoral”, escrevem os economistas Myriã Bast e Renan Bassoli Diniz, que assinam o relatório. Contudo, eles apontam que esse comportamento pode estar relacionado aos diversos fatores alheios às eleições, como preços de commodities internacionais, choques internos de preços, entre outros.

Considerando a variação da bolsa norte-americana, para controlar os efeitos externos sobre as cotações, a Bolsa brasileira caiu, em média, 13% entre maio e outubro dos anos eleitorais.

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Vale mencionar que após o 1º turno, houve valorização da Bolsa nos meses seguintes, praticamente voltando ao patamar de maio (-0,7%). As maiores quedas do Ibovespa foram registradas, segundo o levantamento, em 1998 e em 2018, com baixas de 42% e 17%, respectivamente.

E o único ano de alta para a Bolsa brasileira foi em 2010 (8%), quando após o 1º turno foi registrada queda (-3%), fato que só se repetiu em 2014 (-3%). “Ainda assim, a dispersão de valores máximos e mínimos é bastante grande”, escreve a dupla de economistas.

Câmbio

No período analisado, a taxa de câmbio apresentou dinâmica semelhante, com desvalorização média de 16% entre maio e início de outubro do ano eleitoral, segundo o Bradesco.

Para controlar os efeitos externos que podem ter influenciando o resultado, o banco utilizou a cesta de moedas emergentes como controle. “Nessa métrica, a desvalorização média foi de 14% até início de outubro. A maior desvalorização aconteceu em 2002, com baixa de 56%”, destacam.

De acordo com o Bradesco, mesmo nas eleições mais recentes, os efeitos na taxa de câmbio continuaram mais evidentes apenas em maio.

Juros

No mercado de juros, também houve heterogeneidade.

Na taxa de juros de 10 anos, a amostra utilizada foi de apenas três eleições. No caso do Swap360, houve uma abertura relevante da taxa (alta) em relação à Selic na eleição de 2002, com aumento de 2,95 pontos percentuais a partir de maio, e fechamento (queda) na de 2010, com baixa de 1,56 p.p. a partir de agosto.

“O comportamento de 2002, de fato, é bastante diferente dos outros períodos. Excluída essa eleição, em média, houve abertura de 0,27 p.p.”, ressalta a dupla de economistas do banco.

O comportamento das taxas de 10 anos também foi muito heterogêneo para encontrar uma tendência média de anos eleitorais, com fechamento (queda das taxas) de 1,5 p.p., em 2010, e abertura (alta das taxas) de 1,6 p.p., em 2018.

Na classe, foi considerada a diferença entre a taxa analisada e a Selic efetiva e os controles utilizados são a Treasury de 1 e de 10 anos.

Economia

Por fim, a análise mostrou que os anos eleitorais também afetaram as projeções de crescimento para a economia e de inflação, com grande dispersão. Também nesse caso, o efeito das eleições se tornou mais perceptível a partir de meados do ano eleitoral, segundo o Bradesco.

As projeções de PIB do ano da eleição caíram 0,6 p.p em média, sendo que para o primeiro ano de mandato recuaram 0,5 p.p., a partir de junho do ano eleitoral.

“Apesar do efeito também sobre as projeções de crescimento, os dados efetivos de crescimento não registraram efeito negativo relevante nos últimos ciclos eleitorais. Boa parte dos ativos registraram alguma correção com a definição eleitoral, voltando para os níveis do começo do ano. Cada ciclo eleitoral é distinto, por sua natureza, e o ponto inicial da política econômica, juros, dívida pública e inflação importam bastante para o desempenho do quadro geral”, concluem os economistas.

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