O clima pesou para varejistas de roupas da Bolsa? O que analistas esperam para o 3T

Varejistas de vestuário de baixa e média renda devem apresentar desaceleração na receita devido a bases de comparação fortes

Lara Rizério

Cabides com roupas em mostruário de loja de moda (Foto: Kai Pilger/Pexels)
Cabides com roupas em mostruário de loja de moda (Foto: Kai Pilger/Pexels)

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A temporada de resultados para as varejistas de vestuário e joias ganha força, com a divulgação dos números da C&A (CEAB3) nesta terça-feira (4), Guararapes (GUAR3) e Vivara (VIVA3) revelando seus números na quarta (5) e a Lojas Renner (LREN3) na quinta (6). A Azzas 2154 (AZZA3), por sua vez, divulga seu balanço na próxima segunda (10) e a Track&Field (TFCO4) dia 13.

Na visão da equipe de análise do varejo da XP, o clima pesará nos números do vestuário de média renda.

“Após ser destaque no 2T, os varejistas de vestuário de baixa e média renda devem apresentar desaceleração na receita devido a bases de comparação fortes (adiamento do inverno para o 3T24) e um início de primavera incomumente frio, enquanto esperamos margens Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) estáveis, já que a expansão da margem bruta deve ser compensada por serviços financeiros mais fracos e/ou alguma desalavancagem operacional”, avalia a XP.

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Quanto às empresas de alta renda, prevê mais um trimestre difícil para a AZZA3, pois as unidades de negócios Shoes&Bags e Basic ainda passam por ajustes operacionais; a Vivara, diz a XP, deve apresentar tendências semelhantes trimestre a trimestre, com a margem bruta como destaque; e a TFCO4 deve registrar o maior crescimento de receita da sua cobertura, embora com margens pressionadas por canal e mix.

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O Bradesco BBI também aponta que as condições macroeconômicas e as temperaturas têm afetado a demanda por vestuário, mas continuam a ver iniciativas micro como os principais impulsionadores do desempenho operacional.

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Para o Bank of America, a remodelação da Track&Field, as fortes coleções de primavera e as melhorias na execução a posicionam para estender o alto desempenho de vendas, apesar dos impactos na composição dos canais. Enquanto isso, espera que a Vivara mantenha o ritmo de vendas e melhore as margens.

Também na avaliação do BofA, a Azzas pode ter um trimestre difícil, já que Vans, Schutz e Hering parecem estar com dificuldades, e as sinergias da fusão se mostram difíceis de alcançar. A Lojas Renner pode desacelerar devido ao clima e a uma base de comparação difícil; a projeção é de ganhos na margem bruta, mas a alavancagem operacional limitada.

Para o Bradesco BBI, no 3T25, a Vivara deverá se destacar positivamente, superando os demais em crescimento de receita, além de melhorar a lucratividade em relação ao ano anterior, enquanto Azzas e Lojas Renner deverão ser os destaques negativos, com desempenho inferior em relação às tendências de receita.

Resumidamente, para a Guararapes, o BBI espera que os ganhos de produtividade continuem em meio à pressão sobre o crescimento da receita do setor (estimativa de crescimento de 7% das vendas de mesmas lojas versus 16% no 2T25), enquanto iniciativas internas (melhor produtividade da fábrica e logística aprimorada) devem sustentar maiores melhorias na margem bruta do varejo (+1,80 ponto percentual, ou p.p., em base anual), com reforços na estrutura corporativa compensando-a ligeiramente no nível da margem Ebitda do varejo (+0,70 p.p. em base anual).

Já com relação à C&A, continua projetando que a participação de mercado de vestuário supere a de seus pares (estimativa de crescimento de 8% das vendas de mesmas lojas versus 17% no 2T25), com ajustes no segmento de fashiontronics (beleza + eletrônicos) sustentando sua expansão da margem bruta do varejo (+1,10 ponto percentual em base anual), enquanto investimentos mais pesados (Energia C&A, reformas) devem levar a uma expansão da margem Ebitda ajustada de 0,20 p.p. em base anual.

Para Lojas Renner, o BBI projeta que o crescimento da receita bruta da empresa deva ser sustentado por aumentos de preços, mas com um desempenho de volume fraco, devido aos ventos contrários mencionados, impactando o SSS (vendas de mesmas lojas) de forma geral (estimativa de crescimento de 5% do SSS vs. 17,3% no 2T25). A aceleração das operações do novo Centro de Distribuição deve ajudar a sustentar uma ligeira expansão da margem bruta (+0,30 p.p. em relação ao ano anterior no varejo), enquanto esperamos que a desalavancagem operacional seja um obstáculo à margem Ebitda do varejo (-0,90 p.p. em relação ao ano anterior).

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Já para as varejistas de estilo de vida, elas devem enfrentar tendências divergentes nos resultados do 3T25: por um lado, o desempenho da Vivara permanece sólido tanto em receita quanto em margens, enquanto, por outro lado, ajustes internos e desafios setoriais continuam a prejudicar um desempenho mais robusto de Azzas e Alpargatas.

No caso da Vivara, as vendas brutas devem aumentar em cerca de 14% em relação ao ano anterior (vendas líquidas em 14,5%), enquanto iniciativas internas (aumentos de preços, negociações com fornecedores, internalização da produção) devem sustentar a expansão da margem bruta (+2,30 p.p. em relação ao ano anterior), parcialmente compensada por maiores/ajustadas despesas de marketing e estrutura corporativa (margem EBITDA ajustada de +0,80 p.p. em relação ao ano anterior). Enquanto isso, o estoque, em termos nominais, deve apresentar ligeira deterioração em relação ao trimestre anterior.

No caso da Azzas, o BBI projeta que as vendas brutas cresçam (+6% em base anual, apenas para as marcas em operação), embora o crescimento esteja desacelerando novamente em todas as unidades de negócios. “Nossa previsão de receita líquida (reportada/não ajustada) deve permanecer estável na comparação anual, sendo impactada novamente, em certa medida, por um nível mais alto de devoluções/descontos”, aponta.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.