“Brasil não é campeão em vacinação, mas está indo relativamente bem”, diz Campos Neto, reforçando otimismo para 2º semestre

Presidente do Banco Central participou da Série Super Lives, promovida pela XP e pelo InfoMoney, e reforçou avaliação de nova alta de juros

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto sinalizou que o mercado está precificando atualmente uma grande incerteza sobre a reabertura da economia no segundo semestre de 2021, ainda mais levando em conta um cenário de nova variante do coronavírus, se espalhando de forma mais rápida e mais contagiosa.

Porém, a expectativa é de que a vacinação comece a acelerar a partir de meados de abril no Brasil, passando a ganhar mais ritmo a partir de julho, o que também deve guiar uma reabertura maior da economia a partir da segunda metade do ano.

“O Brasil não é um campeão em vacinação, mas está indo relativamente bem quando se olha para outros países”, afirmou nesta sexta-feira (9), durante painel na série Super Lives – 1 ano de pandemia, organizada pelo InfoMoney e pela XP. (Confira a entrevista completa assistindo ao vídeo acima).

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Ele ainda reforçou que, apesar da variante mais contagiosa, o impacto na economia parece ser menor, com um movimento de aprendizado durante o período de maiores restrições.

Campos Neto também fez uma comparação com outros países para citar o impacto que a aceleração da vacinação pode ter na reabertura econômica. Ele observou que, a partir da aplicação da segunda dose da vacina anticovid nos grupos de risco, o número de óbitos cai profundamente, mostrando eficácia de 80%.

O presidente do BC também salientou que, em algum momento, as vacinas em sobra nos países com imunização avançada serão redistribuídas ao restante do mundo, o que vai favorecer economias emergentes.

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“A economia estará reabrindo e acelerando o processo no segundo semestre deste ano”, afirmou Campos Neto, ponderando, no entanto, o risco de terceira onda apontado por especialistas.

Ele ainda reiterou que a autoridade monetária espera crescimento de aproximadamente 3,5% para a atividade econômica no ano que vem, reforçando que o cenário dependerá muito de vacinas e da segunda onda. Para este ano, o BC calcula alta de 3,6%, conforme aponta o último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

IPCA reforça nova alta de 0,75 ponto da Selic

Campos Neto ainda destacou que o dado de março do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, divulgado nesta sexta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforça a perspectiva de nova alta de 0,75 ponto percentual na taxa Selic em maio.

Ele reiterou que a avaliação da autoridade monetária é que a maior parte dos componentes por trás da inflação atualmente são de efeito temporário. “O que temos dito é que, a não ser que algo muito diferente aconteça, achamos que estamos, e o número (do IPCA) de hoje corrobora isso, estamos mirando novo (aumento de) 75 pontos base”, apontou.

O BC elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual em março, para 2,75%, e sinalizou em ata que deve fazer novo aperto da mesma magnitude em maio, salvo uma “mudança significativa” nas projeções de inflação ou no balanço de riscos.

“Hoje, com as variáveis que temos, estamos dizendo que, a não ser que algo muito extraordinários aconteça, podemos nos ater ao que foi decidido e foi comunicado”, disse Campos Neto, indicando que não houve mudança na avaliação desde a reunião do Comitê de Política Monetária. “Se algo acontecer de uma forma muito diferente, a maneira que gostaríamos de fazer é comunicar o mercado que estamos vendo algo diferente, o que não está acontecendo hoje”, reforçou.

“Estamos vendo a inflação mais alta e reagimos a isso”, acrescentou o presidente do BC, referindo-se ao aumento da Selic no mês passado, com nova alta “contratada” para o mês que vem.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,93% em março, maior aumento para um mês de março desde 2015 (+1,32%), mas abaixo da expectativa do consenso de mercado de alta de 1,03%.

Campos Neto destacou que, na composição do índice, os preços de alimentos são muito mais importantes para os emergentes do que para as economias desenvolvidas, o que cria um efeito de diferenciação.

Mencionando o Orçamento de 2021 – alvo de polêmicas com o impasse entre o Executivo e o Congresso sobre os vetos e também de críticas por ser jurídica e economicamente inexequível –  Campos Neto apontou que a autoridade monetária não participa do processo de elaboração da peça, mas que qualquer fator que gera mais incerteza fiscal tem impacto na atuação do BC.

No caso, há um impacto nos juros longos que, por consequência, eleva a inflação esperada e, através dessas expectativas, também altera a formulação da política monetária pelo Banco Central. Porém, ele destacou que é exagero falar de um cenário de risco de dominância fiscal, em que o desequilíbrio das contas públicas provoca a perda de eficácia da política de juros no combate à inflação.

Ele também ponderou que, mesmo em meio a notícias ruins, algumas medidas positivas e estruturantes foram aprovadas no Congresso, como o marco do gás e do saneamento básico, além da autonomia do Banco Central. “O fiscal é um problema e precisamos de uma solução para o Orçamento, mas é importante olhar para a figura completa”, avaliou.

Campos Neto ainda ponderou que, mesmo com o aumento da taxa básica, os juros seguem perto dos níveis mais baixos da história. Em paralelo, observou, a segunda onda reduziu a demanda por crédito.

Ele considerou ainda, durante o evento, que muitos países emergentes estão com condições financeiras mais apertadas.

Também pontuou que a China vem absorvendo cada vez mais fluxos de investimento, tanto em ações quanto em renda fixa, ao explicar por que a participação de estrangeiros vem caindo no financiamento da dívida pública brasileira.

(com informações da Reuters e Estadão Conteúdo)

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