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Nvidia revela hoje se ainda tem fôlego para surpreender Wall Street; o que esperar?

Empresa encerra temporada de resultados das big techs com mercado atento a margens, exportações para a China e ritmo da demanda global por chips de IA

Paulo Barros

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A Nvidia (BDR: NVDC34) divulga nesta quarta-feira (28), após o fechamento do mercado, os resultados do primeiro trimestre do ano fiscal de 2026, encerrando a temporada de balanços das gigantes de tecnologia dos EUA.

A expectativa é alta: os papéis da companhia acumulam avanço superior a 40% desde a mínima de abril, impulsionados por um rali guiado pelo otimismo com a inteligência artificial e pela recuperação das ações de tecnologia, após semanas marcadas por tensões tarifárias e preocupações com a situação fiscal americana.

Ação cara – mas com espaço para subir

Segundo a Morningstar, a ação está levemente sobrevalorizada a US$ 135 frente ao preço justo estimado de US$ 125. A casa manteve classificação neutra “forte vantagem competitiva”, mas com um “alto grau de incerteza” devido à sensibilidade da empresa a riscos geopolíticos e à evolução ainda incerta da IA generativa.

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Entre os principais pontos de atenção, estão os impactos das restrições de exportação de semicondutores dos EUA para a China. A Nvidia já retirou do balanço US$ 5,5 bilhões em estoques de chips H20 voltados ao mercado chinês.

A empresa enfrenta agora o desafio de compensar essa perda com o crescimento de vendas em outras regiões, como os acordos recém-firmados com Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que prometem impulsionar os investimentos em IA nos próximos anos.

O que o mercado espera?

As projeções de mercado indicam lucro líquido em torno de US$ 19 bilhões e receita de US$ 43 bilhões no trimestre, o que representa avanços de 31% e 66%, respectivamente, na comparação anual. Apesar do desempenho forte, investidores devem observar de perto a evolução das margens.

A expectativa é de margem bruta de cerca de 71%, impactada pelo aumento de custos com a produção dos novos chips Blackwell, com perspectiva de retorno aos níveis de 75% até o final do ano.

Outro fator de incerteza é o ritmo de entrega dos sistemas baseados nos chips Blackwell, que enfrentaram atrasos na produção no último trimestre, mesmo em meio à forte demanda.

Wall Street também monitora a capacidade da Nvidia de manter seu histórico recente de superar projeções trimestrais e elevar o guidance para os próximos meses.

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Embora o ambiente siga pressionando a companhia, a Morningstar reforça que “a Nvidia enxerga melhor do que qualquer outra empresa de IA para onde o mercado está indo”, citando sua liderança consolidada em GPUs voltadas a data centers e IA, bem como sua plataforma Cuda, usada por desenvolvedores globais.

Pressão das big techs

O contexto mais amplo também influencia a leitura do balanço. A Nvidia é a última das big techs a divulgar resultados nesta temporada, que já trouxe bons números de Microsoft (MSFT34), Meta (M1TA34) e Alphabet (GOGL34), mesmo com as incertezas relacionadas à política tarifária de Donald Trump.

O setor de tecnologia liderou a recuperação do Nasdaq 100 após a queda de abril, com as maiores compradoras de hardware de IA reafirmando planos robustos de investimento.

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Apesar da forte valorização recente, a ação da Nvidia segue negociando a 29 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica de 40 vezes e em linha com pares do setor – nas empresas que compõem o Nasdaq 100, a média é de 26x.

O mercado espera que o resultado desta quarta-feira dê o tom para o próximo ciclo de alta — ou revele os primeiros sinais de exaustão no entusiasmo em torno da IA.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)