Nvidia: por que a gigante de tecnologia não conseguiu animar o mercado após balanço?

O Itaú BBA aponta que, pela primeira vez em muitos trimestres, a Nvidia teve o que chamaria de um "trimestre neutro nada inspirador"

Equipe InfoMoney

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A Nvidia (BDR: NVDC34), a fabricante de chips que está no centro das atenções e da demanda do boom de Inteligência Artificial (IA), deu um guidance de receita que ficou aquém de algumas das estimativas mais otimistas do mercado, o que alimentou preocupações de que seu crescimento explosivo possa desacelerar.

A receita do terceiro trimestre será de cerca de US$ 32,5 bilhões, disse a empresa nesta quarta-feira (28) depois do fechamento do mercado. Embora os analistas tivessem previsto, em média, US$ 31,9 bilhões, algumas estimativas apontavam até US$ 37,9 bilhões. As vendas no segundo trimestre fiscal, que se estendeu até julho, superaram as projeções dos analistas. No segundo trimestre, as receitas somaram US$ 30 bilhões, acima do consenso do mercado de US$ 28,8 bilhões e um crescimento de 122% na comparação anual.

O guidance, no entanto, ameaça esfriar a “febre” da IA que transformou a Nvidia na segunda empresa mais valiosa do mundo, com mais de US$ 3 trilhões em market cap. A fabricante de chips é a principal beneficiária de uma corrida para atualizar data centers no mundo para que possam trabalhar com com software de IA, e suas previsões de vendas se tornaram um termômetro para esse gastos.

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As ações caíam cerca de 4,5% nos primeiros minutos nas negociações do after market na quarta-feira (28) após a divulgação do resultado, chegando a ter perdas de até 7% posteriormente; no pré-market de quinta (29), os ativos amenizaram as perdas , mas ainda assim caíam mais de 2%.

Elas haviam subido cerca de 160% neste ano até o fechamento de quarta-feira, após um ganho de 239% em 2023.

A Nvidia vem de uma sequência de trimestres em que os números superaram as expectativas de Wall Street – mesmo com os analistas continuando a aumentar as suas estimativas. A maior parte do crescimento veio de um pequeno grupo de clientes. Cerca de 40% da receita da Nvidia vem de grandes operadores de data centers – empresas como Google, da Alphabet, e Meta Platforms -, que estão investindo dezenas de bilhões de dólares em infraestrutura de IA.

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Embora a Meta e outras empresas tenham aumentado seus orçamentos de despesas de capital na atual safra de resultados, há uma preocupação de que a quantidade de infraestrutura sendo implementada exceda as necessidades atuais. Isso poderia levar a uma bolha.

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, mantém o argumento de que este é apenas o começo de uma nova era para a tecnologia e a economia global. As expectativas são altas.

A Nvidia tem sido a ação com melhor desempenho no Índice S&P 500 neste ano, superando os ganhos de todas as outras ações de semicondutores. A Nvidia vale aproximadamente o mesmo que os próximos dez maiores fabricantes de chips combinados. A empresa com sede em Santa Clara, na Califórnia, fez seu nome vendendo placas de vídeo para jogos em anos passados, mas agora é mais conhecida pelos chamados aceleradores de IA.

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Esses chips, derivados de seus processadores gráficos, são usados para desenvolver software de inteligência artificial. O processo, conhecido como treinamento, torna os modelos de IA melhores em reconhecer e responder a entradas do mundo real. Os componentes são usados em sistemas que, em seguida, executam o software, uma etapa conhecida como inferência, e ajudam a alimentar serviços como o ChatGPT da OpenAI.

O Itaú BBA aponta que, pela primeira vez em muitos trimestres, a Nvidia teve o que chamaria de um “trimestre neutro nada inspirador”. Enquanto as receitas estavam em linha com as altas expectativas, todo o resto estava um pouco abaixo das previsões. Para o banco, as margens foram provavelmente o principal ponto negativo tanto do resultado quanto do guidance.

“Embora a Nvidia já tivesse indicado que as margens brutas passariam por contração, o ritmo foi um pouco maior do que (mais uma vez) as estimativas muito altas”, avalia o BBA.

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No geral, aponta o banco, este foi um tópico importante na teleconferência de balanços da companhia. “Nossa percepção é que há vários ventos contrários de otimização que vêm com novas arquiteturas, e leva tempo para haver as mudanças. O pipeline de novos produtos aumenta substancialmente nos próximos trimestres (2 a 3), criando um obstáculo maior para as margens brutas”, avalia a equipe de análise. Embora não façam previsões dos próximos trimestres em seu modelo, os analistas acreditam que a margem bruta continuará caindo no início do ano e melhorará ao longo do ano fiscal de 2026 conforme os seus mais recentes chips Blackwell amadurecem.

“Curiosamente, a Nvidia também abordou os atrasos do Blackwell. Não houve alteração no cronograma em comparação ao que foi comunicado ao mercado no último trimestre, o que não deve resultar em impactos no balanço em comparação com as expectativas anteriores”, avalia.

No geral, o BBA elevou seus números para o ano fiscal de 2025, pois estava abaixo do consenso, mas cortou ligeiramente as estimativas para 2026 devido às margens. O banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação da Nvidia, com preço-alvo de US$ 164, ou potencial de alta de 30% em relação ao fechamento da véspera, mas está monitorando de perto novos eventos/gatilhos.

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(com Bloomberg)