Nubank entrará em telecom: XP vê ameaça à calmaria e “divisor de águas” no setor

Companhia obteve aprovação da Anatel para se tornar uma operadora móvel virtual (MVNO) utilizando a infraestrutura da Claro

Felipe Moreira

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Após um breve período de calmaria no mercado de Telecom – com a saída da Oi (OIBR3) do mercado de telefonia móvel e das companhias atuando de forma mais racional, conseguindo repassar custos e crescer acima da inflação -, o cenário parece estar próximo de mudar, na avaliação da XP Investimentos.

Isso porque o Nubank (ROXO34) obteve aprovação da Anatel para se tornar uma operadora móvel virtual (MVNO) utilizando a infraestrutura da Claro, com estimativa de lançamentos no 3T24. Para a XP, a entrada do Nubank neste mercado pode ser um “game changer” para o setor.

Apesar do ausência de casos de sucesso de novos entrantes no Brasil, a XP acredita que atualmente existem alguns elementos diferentes que poderiam favorecer um novo player com a capacidade de execução do Nubank. “O racional estratégico para a entrada do Nubank nesse mercado está em linha com a estratégia do banco de replicar suas competências em novos mercados, aumentando a monetização de sua enorme base de clientes.”

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Com uma participação de mercado de aproximadamente 22% no mercado de recarga pré-paga no Brasil, o Nubank desafiou a lógica convencional e, na opinião da XP, possui elementos-chave para o sucesso.

Para a XP, o tamanho da operação combinado com uma obsessão pelo baixo custo do serviço, deverá permitir ao Nubank apresentar ofertas atrativas. Como resultado, a XP estima que o banco poderia atingir cerca de 11 milhões de usuários pré-pagos e 7,5 milhões de usuários pós-pagos em 3 anos, capturando uma participação de mercado de aproximadamente 7% e gerando um valor presente líquido (VPL) de US$ 655 milhões para o Nubank.

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Além disso, o Nu firmou um modelo de contratação distinto, não baseado apenas na capacidade da rede, envolvendo provavelmente um acordo de partilha de receitas com o seu parceiro de telecomunicações. Ou seja, o acordo elimina uma forte barreira que outras MVNO enfrentaram, que era comprar dados no atacado e depois ficar sem margem para competir com as gigantes do setor.

Para a TIM e a Vivo, segundo a XP, o impacto poderia ser significativo, com potencial perda de participação de mercado e redução do ARPU (receita média por cliente) devido à entrada de um player com preços agressivos.

A XP disse ainda ser cedo para estimar o impacto tanto em termos de perda de fatia de mercado para a TIM e a Vivo, como de redução do conjunto de receitas do setor, com a entrada de um operador mais agressivo em termos de preço.

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Numa escala de remoto, possível e provável, a corretora acredita que é provável que ocorra algum nível de impacto para as empresas atuais e considera que a TIM será marginalmente mais afetada, devido à sua relevância no segmento pré-pago e à sua maior base de clientes no segmento controlo. “A Vivo pode estar mais protegida no segmento pós-pago, devido aos seus pacotes de serviços, que podem reduzir a propensão de migração dos clientes”, pontua.

Por fim, a XP avalia que o potencial sucesso do Nu neste mercado, para além do seu core business, poderia reforçar a disposição dos investidores em atribuir um valor ainda maior aos elementos intangíveis, bem como confirmar sua capacidade de disrupção em novos negócios com potencial significativo de receita.