RIO DE JANEIRO (Reuters) – A resseguradora IRB Brasil (IRBR3) não planeja fazer um novo aumento de capital, mesmo depois de novos resultados negativos, e aposta numa melhora de gestão e dos números operacionais nos próximos meses para voltar ao azul em 2023, disse o presidente da empresa nesta quinta-feira.
O IRB realizou em setembro deste ano um aumento de capital de R$ 1,2 bilhão para reenquadramento de indicadores regulatórios, após uma série de prejuízos mensais, impactados por efeitos climáticos que levaram a quebras de safra.
Mesmo após a operação, o IRB divulgou mais prejuízos o que gerou especulações no mercado sobre um potencial novo aumento de capital, penalizando os papéis da companhia na bolsa.
“Ela (a chamada de capital) foi feita para cobrir o passivo mas não falamos em outra não. Se acontecer uma catástrofe, tem que chamar capital, mas não está no cenário a catástrofe…O passado não deve se repetir e provavelmente não vai precisar de novo capital”, disse o presidente do IRB, Marcos Falcão, à Reuters, em evento do setor de seguros.
Falcão, que foi eleito para a presidência do IRB no mês passado após renúncia de Raphael de Carvalho, disse que 2022 foi um ano marcado por grandes sinistros e, com isso, a tendência é que os seguros subam de preço, o que beneficiaria a receita do segmento.
A grande aposta dele para a guinada no IRB é foco na melhora da gestão operacional, no chamado ‘underwriting’ e na continuidade da venda de ativos. A proposta da nova gestão é dar um perfil ao IRB típico de um banco de investimento. “A gente era muito bonzinho. Vamos fazer ‘underwriting’ mais duro e disciplinado. Talvez seja algo cultural de ex-estatal”, disse ele.
“Temos que ser um business mais com cara de banco de investimento, com mais disciplina financeira, cobrando mais comprometimento das pessoas”, afirmou.
Dessa forma, de acordo com o executivo, o IRB pretende voltar a operar no azul em 2023. “O IRB tinha muitos ativos que estavam mal utilizados…Para ter mais dinheiro precisamos ter resultado operacional, lucro operacional”, afirmou Falcão. A empresa vendeu em agosto sua sede no Rio de Janeiro.
“Este ano é para arrumar a casa e começar 2023 em uma outra velocidade. O primeiro trimestre vai ser um grande trimestre de ajuste…e a partir do segundo trimestre o negócio já estar encaminhado” com relação a seus objetivos, acrescentou ele.
O IRB vem de período turbulento desde que enfrentou um escândalo de fraude revelado em 2020. As ações da companhia fecharam a R$ 0,68 cada na véspera, próximas de mínimas históricas. Na semana passada, a empresa propôs aos acionistas um grupamento de ações na relação 30 para 1 de modo a elevar a cotação dos papéis e enquadrar os ativos à regras da B3.
Falcão assumiu a presidência do IRB com objetivo de mudar os rumos da resseguradora. Ele, que tem passagem pela Icatu Seguros, já era conselheiro da resseguradora desde 2020.
Questionado, o executivo ainda comentou rebaixamento do rating de escala nacional do IRB nos últimos dias pela agência de classificação de risco S&P. “Normal, acho que os resultados explicam a reclassificação. Uma resseguradora é um navio e os movimentos são lentos. O rating é uma reação aos resultados que aconteceram neste ano com as catástrofes no agronegócio por causa da seca enorme. Isso afetou IRB e resseguradoras mundialmente”, avaliou ele. “Foi um fator pontual e não estrutural”, adicionou.