Novo CFO, lojas híbridas e empanadas: Madero mira no 4T, após lucro de R$ 23 mi no 3T

A companhia reverteu prejuízo nos resultados do terceiro trimestre de 2025, divulgados nesta sexta-feira

Camille Bocanegra

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O Grupo Madero apresentou seus resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25), com reversão de prejuízo observado no mesmo período de 2024. O lucro líquido do Grupo ficou em R$ 23,1 milhões, após prejuízo de R$ 2,3 milhões no 3T24. A receita líquida subiu 2,3%, para R$ 489 milhões.

Parte do motivo do crescimento foi a aposta do trimestre na conversão de unidades para o formato “Híbrido Madero & Jerônimo”. O modelo apresentou crescimento de 19,5% na receita líquida e de 16,6% nas Vendas nos Mesmos Restaurantes (SSS), na comparação com o mesmo período do ano passado.

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A ideia surgiu a partir da Ecoparada Madero Castelo Branco, unidade que reúne diversas marcas no grupo em um espaço amplo, similar a uma praça de alimentação de shopping center. A administração do grupo se deu conta da oportunidade de amplificar negócios em estruturas já estabelecidas. No trimestre, já são 57 restaurantes que apresentam esse formato.

Para Junior Durski, CEO do Grupo Madero, isso não significa conversão automática de todos os estabelecimentos para o modelo, pelo contrário. O presidente do Madero afirmou, em entrevista ao InfoMoney, que a avaliação é cuidadosa, desde antes da implementação e segue durante a operação, para garantir a permanência da hibridez na unidade escolhida.

Em alguns casos de lojas híbridas, como o executivo destacou, havia troca pelo consumidor de produto da marca Madero, por exemplo, pelo sanduíche equivalente do Jerônimo, marca mais ligada ao fast-food do grupo, o que reduzia o ticket médio. Nesses casos, há avaliação do modelo para readequação em direção ao melhor aproveitamento tanto para receita quanto para manutenção da qualidade.

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O diretor financeiro atual do Grupo, Ariel Szwarc, destaca o modelo de negócio verticalizado em que produz os próprios ingredientes. O Madero opera como plataforma integrada, que tem como centro da operação a cozinha central do grupo, no Paraná. O modelo garante a operação em cada um dos mais de 330 restaurantes, com entrega por meio de frota própria de caminhões, com produtos próprios e sem pagamento de royalties.

Entre os destaques do trimestre, o CFO cita também a queda da dívida líquida para R$ 741 milhões, redução de quase 25% na comparação anual. Com a queda, o Grupo chegou em alavancagem de 1,69 vez a dívida líquida sobre o Ebitda, no menor patamar dos últimos anos. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 139 milhões, com alta de 3,4%, com 21% de margem Ebitda ajustada.

O Grupo terá um novo CFO a partir do quarto trimestre, com a chegada de Bruno Gentil. O executivo vem de carreira de mais de 10 anos na Tim Brasil (TIMS3) e considerou a transição “tranquila mas dinâmica”, como é a cultura do Madero. “O projeto do Madero atrai qualquer profissional”, afirmou. Gentil destaca que espera que a chegada possa representar melhora de processos usando tecnologia e continuidade da trajetória positiva em que a rede se encontra.

Szwarc continuará no grupo como Presidente do Conselho de Administração e acionista. “Após 10 anos dedicados à área financeira, passo a atuar como Presidente do Conselho e sigo como acionista minoritário da companhia, com o compromisso de continuar contribuindo para o futuro do Grupo Madero”, diz Szwarc.

Empanadas como novidade

Para o quarto trimestre, considerado o mais forte do ano para o Grupo, Durski voltou no tempo em busca de receitas de sua mãe para trazer empanadas. Ao anunciar a nova aposta, que será lançada em 25 de novembro nos restaurantes Madero, o executivo e chef comenta que um dos sabores foi mais desafiador por se tratar de uma proteína que não costuma ser central nos menus do grupo: o frango.

A resposta veio, após semanas de procura pela receita mais adequada, ao relembrar o empadão de sua mãe. O sabor é um dos quatro que serão lançados nos restaurantes: chourizo, cordeiro uruguaio, frango com palmito e queijo com cebola. Além da memória familiar, Durski cita que o produto também se apresenta como ideal para delivery, já que consegue se manter aquecido por 40 minutos e torna-se crocante algum tempo após sair do forno.

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O delivery é parte importante da estratégia do grupo e, por isso, para o ano que vem, o executivo antecipa a abertura de “dark kitchens” da marca Jerônimo. O termo se refere a cozinhas de portas fechadas, que tem o preparo voltado exclusivamente para entregas. De acordo com Durski, o objetivo é encurtar o trajeto do produto ao consumidor, também baseado na seleção criteriosa de serviço de entregas, dentre os crescentes disponíveis. Um dos cuidados tomados, por exemplo, é a escolha de entregadores que façam entregas exclusivas, para que o lanche não chegue frio ao cliente.

As iniciativas são parte dos planos já mirando em 2026. Após impactos negativos causados pelo cenário macroeconômico nos últimos anos, o CEO do Grupo já antecipa que o ano que vem pode ser desafiador para o consumo, ainda com juros elevados e eleições presidenciais. “Desde o início de 2025, vemos um mercado muito desafiador, que deve se estender em médio e longo prazo, em decorrência da contínua pressão inflacionária”, afirma.