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BBSE3: entre dividendos bilionários e sinais de desaceleração, o que esperar para BB Seguridade?

Analistas seguem bastante divididos sobre tese para a ação, também destacando possível queda dos resultados com baixa da Selic

Lara Rizério

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Entre anúncio de pagamentos de dividendos e últimos dados operacionais, as ações da BB Seguridade (BBSE3) voltaram a chamar a atenção dos analistas de mercado, que possuem visões divergentes para os ativos.

De acordo com compilação feita pela LSEG com analistas de mercado, de 12 casas que cobrem o papel, seis recomendam compra, cinco manutenção e uma venda, com preço-alvo médio de R$ 37,91, ou um potencial de valorização (upside) de cerca de 17% frente o fechamento da véspera.

Cabe ressaltar que, na noite da última sexta-feira, a seguradora anunciou um dividendo de cerca de R$ 2,5 bilhões para o segundo semestre de 2023, implicando em um dividend payout (dividendo em relação ao lucro) de 62%.

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Apesar do número bastante expressivo, ele ficou abaixo da projeção do segundo semestre de 2023 do Goldman Sachs, de R$ 3,9 bilhões.

Além disso, os dividendos anuais de R$ 5,7 bilhões implicam um pagamento de 75% sobre os lucros do banco e um pagamento total de 81% quando considerado também o programa de recompra de ações, que foi parcialmente executado (de R$ 500 milhões, com recompra de 14,6 milhões de ações ante 64,2 milhões para potencial aquisição).

Já em relação aos dados de seguros referentes à outubro e divulgados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), o Goldman estima que o do BB Seguridade no quarto trimestre de 2023 deve estar 10% acima do esperado pelo banco.

Contudo, os analistas destacam que os prêmios emitidos desaceleraram principalmente no segmento rural, com a empresa agora mais perto da parte inferior do guidance (11% no comparativo anual, contra faixa entre 10% e 15%

A recomendação da casa para o ativo é neutra, com preço-alvo de R$ 35 (upside de 8%).

A Genial Investimentos, por sua vez, reforçou recomendação de compra para os ativos após os dados de outubro. A casa de análise vê as ações em um patamar atrativo, negociando a 7,5 vezes o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) esperado para 2024, além de um dividend yield (dividendo sobre o preço de ação) atrativo de 11,6% para o próximo ano.

“Continuamos com nossa visão mais otimista para a empresa, que deve continuar reportando números fortes ao longo do ano e esperamos que o impacto do agro não seja recorrente”, avaliam os analistas. Eles possuem preço-alvo de R$ 48,30 para o ativo (upside de 48%).

Para eles, a BB Seguridade apresentou bons resultados no período, com um lucro líquido ex-corretora de R$ 411,9 milhões (+30,0% ano a ano e +19,9% na base mensal).

A SUSEP não reporta os dados da corretora, mas em suas estimativas considerando a vertical, o lucro final seria de R$ 633,7 milhões (+16,0% ano a ano e + 10,7% na base mensal).

Outra casa otimista com BBSE3 é o BTG Pactual, que reiterou compra para o ativo, com preço-alvo de R$ 41 (upside de 26%), destacando o cenário favorável somado ao valuation atrativo.

“Tivemos uma reunião com o chefe de RI Felipe Peres e investidores locais para obter uma atualização. Após recapitular 2023 (quando a BBSE superou as projeções iniciais), um ano marcado por índices de sinistralidade notavelmente baixos, crescimento decente da receita e uma surpresa positiva com os resultados financeiros, Peres compartilhou alguns detalhes sobre o que esperar no próximo ano”, citam.

Os analistas esperam que os números operacionais permaneçam fortes, com receitas potencialmente crescendo entre 7%%-12%. Por outro lado, a sinistralidade deve se normalizar (a partir dos níveis “baixos” observados em 2023), e os resultados financeiros deverão se reduzir ligeiramente dada a menor taxa Selic (parcialmente compensada por um saldo médio de investimento mais elevado), avaliam.

O BTG espera que a seguradora gere cerca de R$ 4,0 bilhões de lucro líquido no 2S23, praticamente garantindo R$ 8,0 bilhões (+6% de crescimento anual) para 2024. “Negociado a 8 vezes o P/L esperado para 2024 e com rendimento de dividendos de cerca de 11%, BBSE3 é uma das nossas principais opções no Brasil para 2024”, reforça o banco.

Voltando aos mais céticos com a ação, Morgan Stanley tem recomendação equivalente à venda (underweight, ou exposição abaixo da média do média do mercado) para os ativos, com preço-alvo de R$ 30 (queda de 8% em relação ao fechamento de segunda).

Os analistas veem amplas evidências de desempenho inferior do ativo quando as taxas de juros básicas da economia (Selic) caem.

“A BB Seguridade é a seguradora mais sensível às taxas em nossa cobertura, com cerca de 16% dos lucros provenientes de resultados de investimentos nos últimos 5 anos. Como tal, esperamos que os lucros e o desempenho das ações fiquem sob pressão à medida que as taxas de juro caiam — em linha com evidências das nossas análises de sensibilidade às taxas e de desempenho das ações durante ciclos de flexibilização anteriores”, citam os analistas.

Além disso, continuam cautelosos em relação ao seguro rural e menos construtivos em relação à previdência.

“O setor rural é altamente dependente do apoio governamental, da regulamentação, dos preços dos fatores de produção e das matérias-primas e dos fenômenos meteorológicos. Em previdência, vemos uma concorrência crescente pressionando preços e a provocando perdas de fatia de mercado”, aponta a equipe.

Já o JPMorgan rebaixou a recomendação para ação de compra para neutro na semana passada, pois espera uma desaceleração no crescimento dos lucros devido a desaceleração no crescimento dos prêmios emitidos no segmento rural e seguro de vida, (ii) normalização da taxa de perda em áreas rurais, bem como menor resultado financeiro. O preço-alvo é de R$ 38 por ação (upside de 17%).

Movimento similar foi feito pelo Itaú BBA no fim de novembro, que ainda reduziu o preço-alvo de R$ 42 para R$ 37 (upside de 14%) por ação para o final de 2024, também apontando que a seguradora provavelmente está entrando em um período de crescimento mais lento em prêmios rurais e maior número de sinistros.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.