Nobel de Economia desafia consenso e acha improvável aumento de taxa do Fed em 2015

Paul Krugman disse ser improvável que os estrategistas elevem as taxas de juros em 2015, porque eles estão tendo dificuldades para impulsionar a inflação em meio a um crescimento econômico global lento

Bloomberg

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15 de dezembro (Bloomberg) — Desafiando o consenso dos economistas e as previsões da Reserva Federal dos EUA, Paul Krugman disse ser improvável que os estrategistas elevem as taxas de juros em 2015, porque eles estão tendo dificuldades para impulsionar a inflação em meio a um crescimento econômico global lento.

“Quando chegar a hora da verdade eles vão olhar e dizer: ‘a economia mundial lá fora está bem fraca, nós não vemos nenhuma inflação e o risco de elevarmos as taxas e acabarmos nos enganando é simplesmente enorme’”, disse o prêmio Nobel de 2008 em Dubai. “Certamente existe uma possibilidade real de que eles sigam em frente e façam isso, mas provavelmente não o farão, e como isso é importante, eu e outras pessoas estamos tentando convencê-los a não fazerem”.

Krugman, autor de “Um basta à depressão econômica!”, criticou o governo e o banco central americanos por não se esforçarem mais para recuperar a economia após a crise financeira e seu posicionamento atual o torna contrário à maior parte das autoridades do Fed.

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Krugman disse que os mercados financeiros estão sinalizando que os estrategistas do Fed atrasarão a elevação dos custos dos empréstimos. Suas afirmações começaram com os argumentos feitos por ele em sua coluna do New York Times. No dia 10 de dezembro, ele escreveu que o Fed corria o risco de “deixar-se convencer a fazer a coisa errada” aumentando as taxas de juros prematuramente.

Os rendimentos sobre os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA agora estão no nível mais baixo desde meados de 2013 e as expectativas de inflação tiveram um declínio juntamente com a queda nos preços do petróleo. O Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed, que se reunirá para estabelecer as taxas nos dias 16 e 17 de dezembro, irá considerar os custos da energia em sua avaliação da inflação e da economia.

Taxas mais altas
Altos funcionários do Fed, incluindo o vice-presidente, Stanley Fischer, e o presidente do Fed de Nova York, William C. Dudley, disseram neste mês que têm a expectativa de que a queda do petróleo impulsione o consumo doméstico, subestimando o risco de esse fator empurrar a inflação mais abaixo da meta de 2 por cento do banco central.

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Diferentemente de Krugman, autoridades do Fed e economistas consultados pela Bloomberg esperam taxas mais elevadas nos EUA em 2015.

No mês passado, o desemprego de 5,8 por cento nos EUA foi o menor dos últimos seis anos e no ano que vem o crescimento econômico deverá acelerar. Contudo, Krugman e outros especialistas, incluindo o economista-chefe do HSBC Holdings Plc, Stephen King, argumentaram que a recente queda no desemprego nos EUA mascara o crescimento dos baixos salários, sugerindo que a economia ainda está em dificuldades para se recuperar.

‘Economia muito deprimida’
“Há provas muito contundentes de que os Estados Unidos ainda são uma economia muito deprimida”, disse Krugman, durante uma apresentação sobre o estado da economia mundial no Fórum Árabe de Estratégia, em Dubai.

Embora a maior parte dos grandes bancos centrais veja uma inflação de 2 por cento como parâmetro da estabilidade de preços, mais de um quarto das 90 economias monitoradas pela empresa de pesquisas Capital Economics Ltd. tem uma taxa abaixo de 1 por cento, maior nível desde 2009.

A perspectiva para o crescimento econômico global poderá se deteriorar em 2015 com os riscos de crises na China e na zona do euro, disse Krugman, pois o Banco Central Europeu não consegue evitar a deflação e a segunda maior economia do mundo apresenta dificuldades para reforçar a demanda doméstica.

O crescimento econômico da China provavelmente diminuirá para 7 por cento em 2015, pior nível desde 2007, pelo menos, segundo estimativas de economistas para a Bloomberg.

“Os dois pontos assustadores são a zona do euro e a China”, disse Krugman, que também alertou sobre o risco de falências no setor privado na Rússia em meio a uma queda de sua moeda.