No momento, clima para High Frequency Trading no Brasil é melhor do que Europa e EUA

Especulador é vilão nos países desenvolvidos, onde crescem as medidas para regular mercado, afirma Richard Bentley

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Em meio à uma grave crise nos últimos anos, o clima na Europa em relação ao HFT (High Frequency Trading) está bastante deteriorado, avaliou Richard Bentley, vice-presidente de Capital Markets da Progress Software, em entrevista à InfoMoney, nesta segunda-feira (26). Assim, uma das grandes expectativas de crescimento de sua empresa, que provê serviços para traders automatizarem suas operações, é o Brasil e outros mercados emergentes – mesmo que o clima, por aqui, também não seja muito positivo.

“Toda vez que você abre um jornal financeiro na Europa ou nos Estados Unidos, há uma matéria falando que os governos vão agir para banir as vendas à descoberto”, afirma o executivo inglês. Isso pode ser resultado das atuais crises econômicas vividas recentemente pelas duas regiões, com a crise financeira de 2008 nos EUA e a crise da dívida soberana que já perdura por dois anos na Europa. Boa parte da culpa caiu sobre investidores “especuladores” na visão popular.

Algumas nações, como França e Alemanha, realmente tomaram medidas nesse sentido, proibindo a venda à descoberto. “O clima sobre HFT está bem diferente nos Estados Unidos e na Europa. Certamente não é parecido ao que era quando essa prática começou. Mas eu não vejo esse tipo de medida de proibição como permanente, nem em processo de alastramento”, salienta Bentley. “No Brasil, não vejo esse medo do HFT”, comparou.

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Para ele, é natural que haja especuladores no mercado e até saudável para a existência e funcionamento das bolsas de valores. “Toda vez que você tem um mercado, tem pessoas que compram e vendem por lucro. Isso é capitalismo. Eu até vejo um futuro no qual isso poderia mudar, mas seria uma mudança radical”, diz.

Reguladores deveriam equilibrar o jogo
Parte do que se fala contra os traders que se valem de estratégias é preconceito, diz Bentley. “Quando falam sobre HFT, geralmente culpam as pessoas que possuem tecnologia mais avançada, melhor que os outros participantes do mercado. Mas ninguém reclamava na época em que havia negociações no chão da bolsa e havia alguém que gritava mais alto, ou que corria mais que os outros”, destaca.

“É como dirigir uma Ferrari, você precisa pagar por isso”, afirma Bentley. “Não deveria haver razões para barreiras, a não ser que sejam econômicas”, continua. 

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Para o inglês, muita atenção se dá ao que fazem os participantes do mercado e pouco sobre se ele é justo para todos. “Reguladores devem tentar fazer com que o jogo seja justo. Não seria justo a bolsa falar ‘temos uma nova estrutura de co-location (servidores localizados na própria bolsa) mas só vocês cinco podem usar’. Isso seria um problema”, apontou o executivo.