Ação da Netflix recua após balanço; lucro da empresa caiu 18% no 1º tri e crescimento de assinantes veio abaixo do esperado

Ação da companhia chegou a cair mais de 10% no after market após a divulgação do balanço, mas amenizou as perdas posteriormente

Mitchel Diniz

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A plataforma de streaming Netflix (NFLX34) reportou lucro líquido de US$ 1,31 bilhão no primeiro trimestre de 2023, cifra 18,12% menor que a registrada um ano antes. O lucro diluído por ação ficou em US$ 2,88 ante US$ 3,53 no primeiro trimestre de 2022.

A receita da companhia, por sua vez, cresceu de US$ 7,87 bilhões para US$ 8,16 bilhões no mesmo intervalo de tempo. Os números vieram praticamente em linha com o consenso do mercado.

Porém, dois pontos do balanço em específico chamaram a atenção dos investidores: o crescimento no número de assinantes, abaixo do previsto pelo mercado, e estimativas mais fracas para os próximos meses.

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Isso fez com que as ações da companhia caíssem mais de 11% no after market em Nova York após a divulgação dos números, mas os papéis se recuperaram. Hoje, na sessão regular, voltam a operar no vermelho: às 11h06 (horário de Brasília), NFLX recuava 2,88%.

Os papéis, contudo, se recuperaram em pouco tempo e passaram a operar entre leves ganhos e perdas. Às 18h50 (horário de Brasília), os ativos caíam 1,22%, a US$ 329,62.

Entre janeiro e março deste ano, a Netflix registrou a adição de 1,75 milhão de usuários, enquanto a média do mercado projetava um número maior, de 2,06 milhões de assinantes.

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Um ano atrás a empresa registrava sua primeira perda de assinantes da história, com 200 mil usuários a menos.

Para Junior Borneli, fundador da StartSe, o resultado mostra que a Netflix “voltou aos trilhos”. “O mercado anda confuso e desafiador, mas os números mostraram que a Netflix recuperou o rumo de alguns processos após perder assinantes no ano passado”, afirma.

No final de 2022, a empresa afirmou que começaria a adotar medidas para inibir o compartilhamento de senhas e estimular a criação de contas próprias entre aqueles que utilizavam a de outros assinantes para assistir aos conteúdos da plataforma.

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A empresa estima que 43% de sua base global de usuários passem suas senhas para não assinantes, o que afeta a capacidade da companhia em investir em novos conteúdos.

No entanto, junto com a divulgação dos resultados na noite desta terça-feira (18), a companhia informou que medidas mais amplas de repressão ao compartilhamento de senhas, previstas para o início deste ano, ficaram para o segundo trimestre de 2023.

“Embora isso signifique que parte do crescimento esperado de membros e receita cairão no terceiro trimestre – e não no segundo – acreditamos que resultará em um resultado melhor para nossos assinantes e nossos negócios”, diz o comunicado que acompanha o balanço trimestral.

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Não significa que elas não já estejam sendo colocadas em prática em algumas localidades. O compartilhamento pago já está em vigor na Nova Zelândia, Portugal, Espanha e Canadá – neste último, a base de assinantes cresceu e as receitas aumentaram.

Na América Latina, a empresa enfrentou cancelamentos no curto prazo, mas depois viu a ativação de novas contas de usuários que, antes, usavam senhas de outros assinantes.

“O mercado esperava que a empresa já tivesse atacado todos seus grandes mercados já neste começo de 2023, mas a Netflix sequer começou a implementação nos EUA, seu mercado mais importante”, afirma Richard Camargo, analista da Empiricus Research.

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Para ele, a abordagem foi correta, pois, com a implementação lenta, a empresa consegue identificar e testar as melhores estratégias.

Os analistas do UBS acreditam que há uma tendência de adesão de pessoas que utilizavam acessos alheios ao plano mais barato do serviço, que tem anúncios na exibição do conteúdo.

“A empresa tinha cautela em expandir anúncios em seus conteúdos, mas visto que a aceitação foi boa, a tendência é que essa linha de receita acelera e o próximo resultado seja melhor”, afirma Borneli.

A MoffettNathanson, firma de análise de tecnologia, calcula que a Netflix poderia faturar até US$ 4,4 bilhão com a assinatura de pessoas que acessam a plataforma pela conta de usuários já existentes.

Para o segundo trimestre deste ano, a Netflix projeta receita de US$  8,242 bilhões. Wall Street, contudo, esperava uma cifra maior, de US$ 8,476 bilhões.

Com agências internacionais

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados