Nem Warren Buffett, nem George Soros – quem explica a alta da Bolsa hoje é Sófocles

SÃO PAULO – Os traders que começaram o dia abrindo seus terminais da Bloomberg se depararam com uma frase que define perfeitamente o dia de hoje na Bolsa. “A verdade é sempre o melhor argumento”, frase atribuída ao dramaturgo grego Sófocles, autor de grandes obras como Édipo em Colono, Édipo Rei e Antígona.

Ontem (26), uma notícia publicada pela Folha de S. Paulo, dizia que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha entrado com um pedido de habeas corpus na Justiça do Paraná para não ser preso nas investigações da Operação Lava Jato. A informação se provou falsa, já que o que ocorreu realmente foi um dos mais de 100 pedidos de habeas corpus do consultor Mauricio Ramos Thomaz. 

Ou seja, Lula não está praticamente admitindo a sua culpa no escândalo de corrupção e tudo não passou de um mal entendido. O problema é que na Bolsa o estrago já tinha sido feito. As ações de companhias estatais ou ligadas ao governo de alguma forma mergulharam depois da notícia, com uma percepção dos investidores estrangeiros de que a situação institucional do Brasil estaria mais incerta em meio à aproximação da Lava Jato de um dos maiores líderes do governo atual. 

Depois do movimento “irracional” de ontem, a verdade se sobrepôs ao engano e o mercado corrigiu as perdas de ontem, registrando agora uma alta que retorna ao patamar de antes das especulações. Para João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, esta questão que surgiu no pregão de ontem tira peso ao ter tudo explicado em um dia tranquilo e de agenda praticamente vazia como hoje. 

Assim, a máxima de Sófocles fica como explicação antes de qualquer conselho de gurus do mercado. As bolsas podem até ser imprevisíveis, mas elas respondem à verdade. Um ditado um pouco mais popular do que a sabedoria do grego diz que “a mentira tem perna curta”. Em ações, isso não deixa de ser um fato.