Negócio entre ALL e Rumo pode prejudicar exportação de soja, alerta Abiove

No setor sucroalcooleiro, a Cosan atua em uma joint venture com a Shell, a Raízen, a maior produtora individual de açúcar e etanol de cana do mundo

Reuters

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SÃO PAULO – A proposta de incorporação da ALL pela Rumo, do grupo Cosan, poderá afetar a exportação de soja e farelo do Brasil, considerando a “concentração de poder” na empresa resultante da fusão, afirmou em nota a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa o principal setor exportador de commodities agrícolas do país.

No setor sucroalcooleiro, a Cosan atua em uma joint venture com a Shell, a Raízen, a maior produtora individual de açúcar e etanol de cana do mundo. O Brasil também é o maior exportador global do adoçante, tendo na companhia um de seus maiores operadores.

Antes de a proposta de incorporação ser anunciada, a Rumo chegou a acusar a ALL de não cumprir volumes contratados para transporte de açúcar, porque estaria priorizando grãos –o acordo ALL-Rumo encerraria disputas judiciais entre as companhias.

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“Essa concentração de poder em um importante usuário do sistema de transporte da ALL poderá resultar em estratégias empresariais que causem forte impacto negativo na competitividade do complexo soja, no nível de emprego setorial e na balança comercial brasileira”, afirmou a Abiove nesta quinta-feira.

Segundo a nota, a proposta de incorporação da concessionária ferroviária pela Rumo, com forte atuação no setor de açúcar, deixa a indústria de óleos vegetais em alerta, já que o modal ferroviário é o mais competitivo na movimentação de grandes volumes de grãos, cultivados em grande parte no Centro-Oeste do Brasil.

A Abiove destacou ainda que, num país com infraestrutura logística insuficiente para fazer frente à crescente demanda, a “alta exponencial de fretes” é um reflexo do esgotamento do sistema ferroviário.

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A entidade lembrou que, no ano passado até outubro, 22 por cento das exportações de soja, 21 por cento das vendas externas de farelo e 26 por cento das de milho dependeram diretamente da ferrovia ALL, cujo controle está em negociação.

A associação disse ainda que ingressou em 28 de fevereiro com um pedido para participar como terceiro interessado no inquérito administrativo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que apura “práticas comerciais abusivas” das empresas Rumo e Cosan em contratos de transporte com a concessionária ALL.

“Pelos fatos expostos, a Abiove agirá no legítimo interesse de suas associadas de ter garantida a isonomia na oferta da prestação de serviços de transporte ferroviário de carga”, disse a associação.

Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, a Rumo afirmou não entender a preocupação da Abiove, acrescentando que o objetivo da oferta é aumentar a capacidade de transporte atual da malha da ALL e “proporcionar uma solução aos gargalos logísticos”.

“A Rumo esclarece que a proposta de associação feita à ALL só virá a melhorar o atendimento das demandas ferroviárias para todos os usuários das malhas sob concessão da ALL, principalmente o setor de grãos, que terá um grande incremento nos volumes transportados, pois toda a demanda hoje reprimida será atendida”, afirmou a Rumo no comunicado.

Procurada, a ALL não respondeu imediatamente ao contato da Reuters para comentar o assunto.