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O tão esperado anúncio para a Natura&Co (NTCO3) finalmente chegou. A fabricante de cosméticos informou na véspera que assinou acordo vinculante para a venda da marca australiana de produtos para pele e cabelo Aesop à empresa francesa de cosméticos L’Oréal por US$ 2,525 bilhões, acima do esperado.
Com isso, as ações abriram em alta e chegaram a avançar até 7,52%, a R$ 14,59, na máxima do dia desta terça-feira (4). Contudo, os papéis foram amenizando os ganhos ao longo do dia e acabaram fechando em queda expressiva, de 3,39%, R$ 13,11, num movimento de “sobe no boato, cai no fato”. Cabe destacar que as ações da empresa subiram 16,9% neste ano até o fechamento da véspera na expectativa pelo desinvestimento na Aesop, após perderem mais da metade do valor em 2022.
A venda dará suporte para desalavancagem financeira da Natura&Co e, segundo a companhia, mostra o foco da holding, que também é dona das marcas Natura, Avon International e The Body Shop, na sua prioridade estratégica, especialmente na integração dos negócios na América Latina, disse a fabricante brasileira de cosméticos em fato relevante.
A expectativa é que o negócio seja fechado no terceiro trimestre, disse a Natura&Co. O pagamento pela L’Oréal será feito em dinheiro após a conclusão da transação, de acordo com a empresa.
Para o JPMorgan, com a venda da Aesop, o principal catalisador se materializa, sendo de fato um movimento transformacional. A operação pode levar a empresa de cosméticos a uma posição de caixa líquido e levando a um rendimento de fluxo de caixa livre (FCF) na faixa de um dígito alto ante uma trajetória de queima de caixa, devido ao menor peso da dívida com a operação.
“Além disso, pode até mesmo posicionar a Natura de volta como um player sólido de dividendos”, aponta. Assim, a gestão de passivos pode ser retirada dos holofotes e deve haver um foco maior nos resultados operacionais. A prioridade deve ser o pagamento de dívidas caras e denominadas em dólares.
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A venda da Aesop foi feita, como destaca a XP, a um múltiplo EV/Ebitda (valor da firma sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) implícito de 20 vezes e 16 vezes esperado para 2023 e 2024, respectivamente, abaixo do atual patamar de valuation da L’Oreal (23,5 vezes e 21,7 vezes), mas significativamente acima do patamar de valuation da Natura (5,8 vezes e 4,5 vezes).
“Enxergamos a transação como positiva, uma vez que ela acaba com as preocupações dos investidores quanto ao nível de alavancagem da companhia, e também permite que a Natura foque no seu business principal (integração da Natura e Avon)”, avaliam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, analistas da XP.
Os analistas estimam um potencial de alta de mais de 20% para os preços atuais, mesmo assumindo que o múltiplo da Natura seja reavaliado para níveis mais próximos de outros nomes de consumo discricionário no Brasil, reiterando assim recomendação de compra.
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O Bradesco BBI também aponta o prêmio da operação de venda da Aesop em relação ao que o mercado esperava.
O banco ressalta que, em relatório recente, a maioria de investidores que participaram de levantamento do BBI esperavam que a Aesop fosse totalmente vendida em uma avaliação de valor da firma de US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões. Notícias recentes apontavam para uma avaliação atingindo US$ 2 bilhões, mas o preço da transação foi acima do preço mais alto da maioria das expectativas.
No câmbio atual, o negócio implica um pagamento à vista de R$ 12,8 bilhões, que a Natura&Co usará para amortizar cerca de 95% de sua dívida financeira total (com base nos números no 4T22).
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“Com relação às três prioridades estratégicas – integração na América Latina, otimização da presença internacional da Avon e melhoria contínua da The Body Shop -, concordamos com dois pontos iniciais, embora a Natura&Co provavelmente tenha que encontrar alternativas para TBS (The Body Shop) também, em nossa opinião. O desempenho operacional da TBS tem sofrido desde o segundo semestre de 2021 e piorou substancialmente ao longo dos resultados trimestrais de 2022”, apontam os analistas.
Olhando para frente, a forte dependência dos mercados dos países desenvolvidos, bem como a exposição a diferentes canais nos quais a Natura&Co carece de know-how, devem pesar sobre os resultados consolidados da Natura&Co. O BBI mantém a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) enquanto aguarda novas estratégias para 2023.
O Itaú BBA também tem recomendação outperform para os ativos NTCO3, com preço-alvo de R$ 18 (potencial de valorização de 33% em relação ao fechamento da véspera).
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“A nossa opinião sobre a operação é positiva. Vemos tanto o valuation quanto a estrutura da transação como notícias positivas, dado que o foco de nossas recentes interações com investidores em relação a um potencial desinvestimento de
Aesop foram: i) o preço pago pelo ativo, que ficou 26% acima das expectativas do mercado; e ii) a estrutura da transação, com a venda integral do ativo à vista e o pagamento no fechamento sendo o melhor cenário consensual. Os termos divulgados foram bons e o valor captado com a venda do ativo vai acelerar o processo de desalavancagem da Natura e melhorar sua dinâmica de fluxo de caixa daqui para frente, uma vez que as despesas com juros têm consumido uma quantidade relevante de dinheiro recentemente”, apontam os analistas.
Após a conclusão da transação, os analistas do BBA esperam que os investidores se concentrem na integração da Avon LatAm, a otimização da Avon International e o turnaround da TBS, que apesar do seu potencial para desbloquear valor está sujeitos a risco de execução.
Em teleconferência durante a manhã para dar mais detalhes sobre a venda da Aesop, o CEO Fabio Barbosa destacou que as receitas permitirão investir em prioridades, que inclui a ampliação e integração das marcas Natura e Avon na América Latina, assim como a otimização e melhoria dos negócios da TBS, descartando a venda dela neste momento.
Barbosa apontou que a empresa agora está focada em uma alocação disciplinada de capital. O CEO observou que a alavancagem financeira da Natura&Co irá praticamente a zero após a transação, seja pelo pagamento de dívidas ou pelo caixa acumulado.