Natura (NTCO3): Estamos confiantes na progressão de nossas margens, afirma CEO

O executivo, contudo, prevê um segundo trimestre ainda desafiador para a empresa

Mitchel Diniz

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Na teleconferência de resultados do primeiro trimestre, o CEO global da Natura & CO (NTCO3), Roberto Marques admitiu: “não estamos satisfeitos [com o balanço] e continuamos revendo como simplificar as coisas, para garantir que as unidades de negócio entreguem bons resultados”.

A Natura registrou prejuízo líquido de R$ 643,1 milhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), o que representa um crescimento de 314,4% do saldo negativo acumulado no mesmo trimestre de 2021, de R$ 155,2 milhões.

Nos três primeiros meses deste ano, empresa foi impactada por um cenário conturbado, com a escalada global de preços reduzindo a renda disponível de seus clientes e um período de desvalorização do dólar que impactou as receitas da Natura no exterior.

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Enquanto no Brasil a receita da marca Natura cresceu 3,1% em reais no primeiro trimestre, o faturamento das marcas Avon e The Body Shop recuaram no exterior. A receita da Avon International recuou 22,1% para R$ 1,84 bilhão e a do The Body Shop caiu 22,9%, para R$ 1,01 bilhão.

No caso de The Body Shop, um dos pontos de atenção dos analistas que participaram da teleconferência de resultados, a Natura também explicou que o número foi impactado por um rebalanceamento de canais. Além disso, o avanço da variante ômicron na virada do ano, frustrou as expectativas em um período importante para a marca.

“O Natal, o final de ano, são muito importantes para a The Body Shop. Mas a maior parte dos mercados acabou enfrentando quarentenas, retração com a Ômicron e isso impactou o primeiro trimestre, levando a uma queda no consumo dos franqueados. Mas temos confiança de que isso vai se normalizar no segundo semestre de 2022”, afirma Roberto Marques, CEO da Natura & CO.

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Rebalenceamento dos canais de venda

Mesmo com a reabertura dos canais de venda presenciais, as vendas on-line da marca Natura responderam por 7,6% das vendas da companhia no primeiro trimestre de 2022. Dois anos antes, essa fatia era de apenas 2%. O mesmo vale para outras marcas: as vendas on-line da Avon alcançaram 3,4% (ante 1% no primeiro trimestre de 2020), as de The Body Shop responderam por 27,5% das vendas da marca e da Aesop, 23,5%.

Por outro lado, o trimestre foi marcado por uma queda de 3% no número de representantes de venda da Natura Latam e de 15,1% na Avon Latam.

“Houve uma redução também no terceiro trimestre do ano passado. Estamos fazendo uma comparação com uma base maior, quando estávamos nos beneficiando do aumento de consultoras durante a pandemia. Prefiro dizer que estamos estáveis e, em termos absolutos, veremos uma situação bem parecida com a de agora”, disse João Paulo Ferreira, CEO da Natura Latam.

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Ele destacou a produtividade das consultoras, que cresceu em 10,5% com a marca Natura na América Latina.

Recuperação ainda este ano?

Marques explica que a tendência é de um segundo trimestre ainda desafiador, mas é mais otimista ao falar sobre a segunda metade do ano, acreditando na normalização do mix de vendas e na recuperação do varejo. “Estamos confiando na progressão das nossas margens, que estarão alinhadas com os fundamentos e as ações que estamos tomando para consolidar sinergias”, explicou.

Na divulgação dos resultados, a Natura reafirmou o guidance de margem Ebitda (Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida) para 2024 de 14% a 16%. Porém mudou a previsão de atingir a meta de receita líquida entre R$ 47 bilhões e R$ 49 bilhões, de 2023 para 2024. A margem Ebitda ajustada da companhia caiu 300 pontos base no primeiro trimestre, na comparação anual, para 7,2%, sobretudo com pressões inflacionárias e cambiais.

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Repercussão do balanço

Na avaliação do Itaú BBA, os resultados da Natura, no geral, vieram em linha com esperado, com exceção da margem Ebitda de The Body Shop (que recuou 830 pontos base, para 6,4%) e a projeção do prejuízo líquido, que vieram piores.

O destaque positivo foi o market share da marca Natura no Brasil, que se mantém acima dos níveis pré-pandemia. O Itaú BBA mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para Natura e preço-alvo de R$ 40.

O Bradesco BBI faz uma análise semelhante, destacando vendas mais fracas do que o esperado na The Body. O banco manteve classificação outperform para o papel, e preço-alvo de R$ 47 frente a cotação de quinta-feira (05) de R$ 17,16.

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Às 12h13 (horário de Brasília), as ações NTCO3 caíam 3,85%, a R$ 16,50.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados