Natura e elétricas são as “campeãs” da Bolsa na semana; empresa de Eike cai 20%

As blue chips Vale, Ambev e CSN também deram o que falar; fora do Ibovespa, B2W segue em queda, enquanto Brasil Pharma disparou 30%

Marina Neves

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SÃO PAULO – Em uma semana marcada pela oficialização de Marina Silva como candidata do PSB para presidência e pela nova arrancada do Ibovespa – que alcançou na quinta-feira sua máxima em 17 meses -, a ação da Natura foi a grande campeã do índice, sendo a única a subir mais de 10% entre os dias 18 e 22 de agosto. Os papéis do setor elétricos também figuraram entre os grandes vencedores da semana.

Já na ponta negativa do Ibovespa, a MMX não chega a ser surpresa, já que despencou em 3 dos 5 pregões e acumulou perdas de mais de 20%. Ainda dentro do índice, a “queridinha” Cielo caiu mais de 5% após um banco americano recomendar a venda dos papéis da companhia, que já subiu mais de 350% desde 2011.

Também estiveram no radar dos investidores nesta semana as ações das estatais e do setor financeiro, que foram as que mais reagiram ao “efeito Marina” durante a sequência de 6 altas que o Ibovespa teve entre os rumores e a confirmação de que a ex-senadora seria a candidata à presidência. Marfrig, Brasil Pharma, Vale, Ambev, CSN Suzano Papel e B2W também ganharam atenção ao longo da semana.

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Veja os 14 destaques da semana:

Natura (NATU3, R$ 42,85, +11,88%)
Maior alta da semana, a Natura chega à 11ª alta em 12 pregões e já acumula ganhos de 21,3% em agosto. Os ganhos vieram ao mesmo tempo em que foi anunciada a saída do atual presidente da empresa, Alessandro Carlucci, e a entrada de Roberto Lima, que deve assumir o cargo em setembro – como divulgado ao mercado na terça-feira (19). O mercado pode ter interpretado a troca como positiva, já que Lima deve dar sequência ao trabalho deixado por Carlucci, explicou em entrevista exclusiva ao InfoMoney TV Moacir Salzstein, diretor de governança corporativa da Natura. (A entrevista irá ao ar no InfoMoney na manhã da próxima terça-feira).

Além disso, as ações têm subido ao mesmo tempo em que tem crescido a demanda por empréstimo dos papéis da companhia na Bolsa, provocando um movimento conhecido no mercado como “short squeeze”, explica Gabriel Boselli, da equipe de análise da XP Investimentos. Geralmente, os investidores buscam tomar alugado uma ação para montar operações de venda a descoberto (quando se aposta na queda do preço destas ações), e tendo escassez do papel para pegar emprestado os “vendidos” precisam correr atrás para zerar suas posições (ou seja, comprar as ações), provocando uma disparada nas ações.

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Elétricas 
As ações do setor elétrico tiveram fortes altas também nesta semana e figuraram na ponta positiva do Ibovespa, após a notícia de que na quarta-feira (20), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou o aumento médio de 37,78% nas contas de luz de clientes da Elektro. Apesar do reajuste anunciado ser exclusivamente para os clientes desta distribuidora, a Aneel já autorizou outros altos reajustes para outras empresas do setor, devido ao aumento no preço de energia do país. Além disso, segundo o analista Elad Revi, da Spinelli Corretora, estes reajustes ajudam as companhias elétricas a cobrir os rombos que elas possuem nos caixas.

Além disso, a Aneel aprovou, na terça-feira, um repasse de R$ 1,84 bilhão em recursos da Conta ACR para as distribuidoras de energia elétrica até 28 de agosto, segundo despacho publicado na edição desta terça-feira do Diário Oficial da União. Segundo do despacho, a Eletropaulo, que atende a região metropolitana de São Paulo, receberá R$ 196,35 milhões. Ainda, a paranaense Copel Distribuição receberá R$ 93,47 milhões, e a Light R$ 81,71 milhões.

Nesta semana, o destaque ficou para as ações da Copel (CPLE6, R$ 39,13, +7,80%), CPFL Energia (CPFE3, R$ 22,05, +6,99%), a Eletrobras (ELET3, R$ 7,16, +4,99%; ELET6, R$ 11,72, +7,72%), Light (LIGT3, R$ 23,75, +6,36%) e Eletropaulo (ELPL4, R$ 10,56, +4,24%).

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Imobiliárias
Nesta semana, as imobiliárias comemoraram na Bolsa após discurso do ministro da Fazenda Guido Mantega apresentar medidas que, segundo ele, deixarão mais fácil a compra de m imóvel financiado. O ministro ainda anunciou o lançamento de um novo título, o “Letras Imobiliárias Garantidas, que serão isentas de IR (Imposto de Renda) e são mais garantidas que outros títulos, explica o ministro.

Após a fala de Mantega em Brasília, realizada na quarta-feira, as imobiliárias chegaram a bater sua máxima naquele dia, mas amenizaram os ganhos após a ata do Fomc esfriar os ânimos do mercado como um todo. Os destaques no setor desta semana ficaram com: PDG (PDGR3, R$ 1,44, +6,67%), Cyrela (CYRE3, R$ 13,39, +2,45%) Gafisa (GFSA3, R$ 3,23, +1,25%).

Marfrig (MRFG3, R$ 6,66, +6,05%)
As ações da Marfrig tiveram forte impulso mais para o final da semana, após a companhia divulgar dados operacionais de julho. A segunda maior processadora de carne bovina do país abateu mais de 250 mil cabeças de gado em julho, um crescimento de dois dígitos em relação à média mensal do último semestre, disse o presidente-executivo da Marfrig, Sérgio Rial. “Batemos recordes no mês de julho. Foi o maior mês, tanto em exportação como abate (de bovinos) da história da empresa”, disse Rial na noite de quarta-feira (20).

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Já nesta sexta-feira, a companhia informou que vai suspender por tempo indeterminado, a partir de 1° de setembro, as operações do frigorífico bovinos e ovinos de Alegrete, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, informou o Valor. As ações da companhia acumulam ganhos de 66,75% em 2014, ocupando a 2ª posição dentre as maiores do Ibovespa no ano, atrás apenas da Kroton (KROT3, R$ 64,25, +69,70%).

Estatais e bancos
Após alcançarem o maior patamar desde março de 2012 na quarta-feira, as ações da Petrobras caem mais de 2% nesta sessão com o possível fim do “rali eleitoral” na Bovespa. O resultado de uma pesquisa feita pela XP mostrou que, caso Aécio Neves vença, o “alvo” do Ibovespa estaria na faixa de 65.900 pontos, o que dá um “upside” (potencial de valorização) de 11,7% em relação ao fechamento de ontem, enquanto no caso de uma reeleição de Dilma Rousseff (pior cenário), ele mergulharia para 44.700, queda de 24,2%. Vale mencionar que a estatal foi a empresa que mais “sofreu” com o cenário político, subindo mais de 80% no período.

As ações das estatais Banco do Brasil (BBAS3, R$ 30,23, +3,80%) e Eletrobras também registraram altas, seguindo o mesmo padrão. Os bancos Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 37,48, +4,84%) e Bradesco (BBDC3, R$ 38,20, +3,35%; BBDC4, R$ 37,60, +4,01%), que também são influenciados por dados eleitorais, assim como as empresas estatais, também registraram ganhos na semana.

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No noticiário desta semana da companhia está ainda a morte do funcionário que trabalhava em uma refinaria em Manaus ontem. Além disso, a presidente da Petrobras, Graça Foster, está sendo investigada pelo TCU por uma provável doação de imóveis para seus filhos dias antes de o fiasco da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, estourar. Na noite de quarta-feira, a companhia informou que a presidente não doou os imóveis tentando burlar o julgamento do TCU.

Vale (VALE3, R$ 31,37, +1,19%; VALE5, R$ 27,92, +1,34%)
Embora tenham fechado em queda nesta semana, os papéis da Vale registraram queda nesta sexta-feira após terem reagindo ao preço do minério de ferro – principal produto da exportadora. O minério de ferro no mercado físico chinês caiu para perto de US$ 90 por toneladas nesta sexta-feira, menor patamar em dois meses, fechando a segunda semana consecutiva de queda, pressionado por ampla oferta e condições de crédito mais restritas. Algumas tradings de minério de ferro têm tido dificuldade de obter cartas de crédito em bancos, com a China controlando a oferta de recursos para setores afetados por excesso de capacidade e para evitar um crescimento na inadimplência.

Além disso, nesta semana a companhia obteve a licença ambiental prévia para o EIA Global, expedida pelo Ibama, para a expansão de Carajás, o que ajudará a companhia a elevar a produção de minério de ferro. “Apesar de esperada, a notícia é positiva para a companhia”, ressalta a XP Investimentos.

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Ambev (ABEV3, R$ 16,25, +2,20%)
As ações da Ambev registraram alta nesta semana, após a presidente Dilma Rousseff dizer que o governo vai cumprir o acordo com o setor de bebidas e não vai subir os impostos nos próximos dias. Essa é a segunda vez que o governo deve adiar o aumento da carga tributária sobre o setor de bebidas frias, incluindo cerveja, água, isotônicos e refrigerantes, que está previsto para o dia 1º de setembro. Na terça-feira, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que vai conversar com o setor de bebidas sobre os impostos.

Além disso, o Conselho O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu por unanimidade, na quarta-feira, arquivar o processo impetrado no tribunal administrativo pela Cervejaria Kaiser do Brasil contra Ambev. A Kaiser acusava a concorrente, desde novembro de 2008, de “infração anticoncorrencial” para impedir a entrada da cerveja Sol Pilsen no Brasil e o fortalecimento da Sol Premium, vendida no País desde 1996.

Brasil Pharma (BPHA3, R$ 4,40, +24,65%)
Fora do índice, as ações da companhia do setor farmacêutico chamaram atenção nesta semana, após subirem com notícia de que o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitou a ação da Procuradoria Geral da República de impedir a venda de itens de conveniências em farmácias. Segundo analista de mercado, que não quis se identificar, a notícia é bem importante para o setor, pois cria precedentes pra venda de itens de conveniência em farmácias de todo país. Além disso, abre espaço pra que Brasil Pharma e Raia Drogasil (RADL3, R$ 22,15, +3,94%), por exemplo, consigam trabalhar melhor o seu mix, com benefícios sobre a produtividade de vendas por m² e margem das farmácias.

Vale mencionar que os papéis BPHA3 tiveram a 6ª alta nos últimos sete pregões, acumulando ganhos de 33%, embora no ano elas ainda apresentam queda de 35%. Enquanto isso, as ações da Raia Drogasil chegam a sua máxima desde junho de 2013, sendo que apenas nos últimos 30 dias a valorização supera os 15%, enquanto no ano a alta é de 50,6%.

MMX (MMXM3, R$ 0,94, -20,34%)
As ações da companhia passam por maus bocados no Ibovespa, após não terem aparecido na 2ª prévia do Ibovespa divulgada recentemente e após noticiário negativo para a empresa. Na quarta-feira,
 a companhia informou que sua controladora, MMX Sudeste, unidade de produção de minério de ferro localizada na região da Serra Azul, concederá férias coletivas a seus colaboradores pelo período de 30 dias, em decorrência da prolongada e acentuada retração dos preços do minério de ferro no mercado internacional, bem como em função de restrições operacionais do órgão ambiental do Estado de Minas Gerais, impostas até que se definam as áreas de proteção de determinadas cavidades existentes em alguns setores de lavra.

Vale ressaltar que a MMX esclarece que não há qualquer deliberação em curso acerca dessa matéria junto à companhia.

Vale mencionar que na terça-feira os rumores apontavam que a companhia poderia entrar com pedido de recuperação judicial, segundo informou a coluna Radar, da Veja. Mais tarde, uma fonte falou à Bloomberg que a companhia buscava a venda de ativos para evitar esse desfecho, além de falar que a recuperação não estava nos planos imediatos da empresa, embora fosse uma opção. 

Cielo (CIEL3, R$ 41,76, -4,29%)
As ações da “queridinha” da Bolsa registraram fortes quedas na semana registrando entre as principais perdas do Ibovespa, após o Bank of America Merrill Lynch ter reiniciado a cobertura dos papéis com recomendação “underperform” (similar a venda), com preço-alvo para os próximos 12 meses em R$ 40,00 – abaixo da cotação atual do ativo, o que limita o potencial de valorização da empresa na Bolsa. Vale mencionar que a Cielo tem subido entre 40% e 60% ao ano desde 2011, o que totaliza uma valorização na faixa de 350% desde 2011.

Os analistas do banco citaram que se trata de um nome de alta qualidade, com características defensivas, mas que o impulso nos resultados deve sofrer em razão de um agressivo ciclo de investimentos. “Nós esperamos que as despesas totais alcancem o seu maior nível no segundo semestre de 2014, refletindo projetos relacionados à ‘tropicalização’ da plataforma MeS – ou seja, adaptando-a às peculiaridades do mercado brasileiro, juntamente com projetos para melhorar o serviço de apoio ao cliente”.

Suzano Papel (SUZB5, R$ 8,86, -1,56%)
As ações da Suzano Papel e Celulose apareceram entre as maiores quedas do Ibovespa na semana, após os rumores de que a empresa avalia a compra de florestas, entre elas a da Queiroz Galvão por R$ 1 bilhão, segundo informações da Sonia Racy. Conforme a colunista, isso ajudaria a diminuir o déficit de madeira da nova fábrica do grupo, que pertence à família Feffer.

De acordo com a equipe de análise da XP Investimentos, se confirmado, o endividamento da empresa, que já é alto, aumentaria ainda mais, lembrando que a Suzano passa por um processo de desalavancagem. Junto com ela, as ações da Fíbria (FIBR3, R$ 23,05, -1,40%) também registraram queda nesta semana.

B2W (BTOW3, R$ 34,37, -4,55%)
Fora do Ibovespa, as ações da B2W figuraram entre as quedas da Bolsa nesta semana. Como já havia sido apontado, a pressão vendedora sobre os ativos deve pesar nesses dias após as ações do aumento de capital realizado pela empresa no final de janeiro terem sido creditadas aos acionistas na última quarta-feira (20). Como as ações foram subscritas a R$ 26,00 cada e atualmente elas valem cerca de R$ 35 – ou seja, 45% a mais do que o preço da oferta -, a tendência desde ontem é de que os investidores queiram embolsar os lucros com a ação após o aumento de capital, gerando uma maior pressão vendedora no mercado. Com o cenário dos papéis, eles ainda têm espaço para permanecer em queda.

General Shopping (GSHP3, R$ 11,05, +16,2%)
As ações da General Shopping voltam a disparar hoje após a Ágora/Bradesco recomendar compra. Esse é o segundo pregão de alta, período em que acumulam valorização de mais de 10%. Ontem, o relatório do banco recomendou a compra do papel, estimando uma alta de mais 133% até o final deste ano.

Em maio, o banco já havia recomendado compra da ação. De lá para cá, a valorização foi de 40%. Analistas justificam o otimismo com os resultados do segundo trimestre deste ano. O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da General Shopping no período ficou em R$ 42,7 millhões, 11,1% acima da estimativa da instituição financeira.

CSN (CSNA3, R$ 10,42, -0,29%)
As ações da companhia tiveram leve queda nesta semana, após terem subido em 3 dos 5 pregões. A siderúrgica anunciou, na terça-feira, o 6º programa de recompra de ações, pretendendo comprar até 63.161.055 ações entre os dias 19 de agosto a 25 de setembro deste ano. O montante representa 10% das ações em circulação no mercado da companhia (631.161.055).

 O objetivo da companhia na operação é maximizar a geração de valor para o acionista por meio de uma administração eficiente da estrutura de capital, disse a empresa, em fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).