Não pense em mais altas: o Ibovespa já fez a sua máxima no ano

O mercado deve fazer uma correção até os 47.800 pontos e você não deve ver o benchmark de volta aos 55 mil em breve

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – O mercado mais uma vez encontra dificuldades para subir nesta sexta-feira (20) e gera preocupações aos investidores, já que a Bolsa não subiu nenhuma vez esta semana. Desde que houve a troca de governo, o Ibovespa entrou uma trajetória de queda e a cada dia que passa se distancia mais da sua máxima do ano, atingida em 27 de abril, quando o índice chegou a 54.478 pontos. Com boa parte do mercado preocupada com o momento em que a Bolsa vai voltar a subir, o sócio-gestor da Queluz Asset, Rodrigo Octávio Marques, tem uma má notícia: o Ibovespa já fez a sua máxima em 2016 e não voltará aos 55 mil pontos no curto prazo. 

Segundo Marques, uma recuperação da Bolsa é muito difícil, pricipalmente depois da alta exagerada e totalmente descolada do fundamento mostrada nos meses de março e abril, quando ocorreu o famoso “rali do impeachment”. “O mercado estava primeiro querendo comprar no boato que o Temer era o novo [Maurício] Macri e depois pensar”, afirma, lembrando do presidente argentino que fez uma série de reformas para afastar o país dos anos de intervencionismo da gestão Kirchner. 

Para ele, o mercado precificou uma solução dos problemas brasileiros distante da realidade de um PIB (Produto Interno Bruto) que se contrai em 4% ao ano, de um desemprego em dois dígitos, de uma inflação que fica teimosamente acima da meta e, principalmente, de um rombo fiscal que deve ultrapassar os R$ 160 bilhões. 

Continua depois da publicidade

“Uma série de boas notícias e uma capacidade de gestão impressionante foram antecipados sem nem haver um movimento de transição, que é você montar uma equipe e depois planejar as medidas para resolver os problemas fiscais”, explica. Na avaliação do gestor, as tão esperadas ações concretas para combater a crise só serão votadas no Congresso depois das Olimpíadas e das eleições municipais, de modo que o curso da economia só vai começar a ser ajustado em novembro. 

Ao mesmo tempo em que o governo vai precisar fazer mais política do que economia para poder tirar o Brasil do atoleiro, os Estados Unidos vão continuar a elevar as taxas de juros. “O mercado deve continuar realizando e fazendo um ‘catch up’ em relação ao fundamento”, diz. Para Marques, isso significa uma correção até os 47.800 pontos na Bolsa e até os R$ 3,80 no dólar. 

“Feita essa volta até os 47.800 pontos, as notícias novas vão ficar espremidas para outubro/novembro”, explica.

Continua depois da publicidade

Ou seja, é bom o investidor apertar os cintos, porque 2016 vai ser um ano bem turbulento.