Não era para subir? Os 3 motivos que explicam por que a Bolsa opera estável hoje

Mercado mostra a validade de uma velha regra, enquanto repercute exterior e uma incerteza no horizonte

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O que todos os analistas e notícias sobre o mercado financeiro diziam sobre o impeachment é que ele era visto como positivo pelos investidores e demais agentes econômicos por significar uma mudança de governo e, consequentemente, da política econômica para a ortodoxia. Isso foi visto em alguns dias-chave dos últimos meses como o da revelação da delação do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) e o do vazamento das gravações de conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a presidente Dilma Rousseff. No entanto, um dia depois de aceito o processo de impedimento no plenário da Câmara dos Deputados, o desempenho do Ibovespa é errático. Por que?

Não há só uma, mas três respostas para esta pergunta. Podemos até recorrer a um dos maiores lugares comum do investimento em renda variável. 

Sobe no boato…
A regra é clara e antiga, mas alguns investidores sempre se esquecem dela em megaeventos como uma votação de impeachment: a Bolsa sobe no boato e realiza no fato. O que quer dizer que os investidores, buscando ganhar dinheiro com algum fato positivo, procuram antecipá-lo e, por outro lado, aproveitam a confirmação dele para embolsar o lucro. Isso é exatamente o que ocorre hoje. “O meu diagnóstico é que o movimento de hoje foi um comprar no boato e vender no fato”, diz Rodrigo Otávio Marques, sócio-gestor da Queluz. Para ele, o mercado precificou muito a vitória da oposição na semana passada. 

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Petróleo despenca
As negociações entre os membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e os demais países produtores terminaram sem acordo para a limitação à produção. O motivo é que a Arábia Saudita e outras nações do Golfo Pérsico informaram que não concordariam com nenhum acordo sem a adesão de todos os membros do grupo exportador de petróleo, incluindo o Irã. Como resultado, o barril do WTI (West Texas Intermediate) cai 2,97% a US$ 39,16 e o barril do Brent recua 2,69% a US$ 41,90. O impacto maior disso no Brasil é obviamente nas ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que caem 2%. Para o sócio-gestor da Queluz, o potencial que a Bovespa tem de divergir do cenário de commodities é limitado e isso fica claro nesta segunda. 

Ninguém sabe o futuro
O mercado brasileiro também cai por um motivo menos óbvio: a preocupação com o futuro. Se o impeachment está relativamente garantido, a recuperação da economia não está. Muitos esperam que o vice-presidente da República, Michel Temer, venha com uma agenda de austeridade fiscal e de combate à inflação. Contudo, até onde ele poderá fazer reformas importantes sem inviabilizar totalmente uma candidatura própria em 2018? “O próximo passo é pensar na popularidade do Temer. Nos próximos dois dias a Bolsa seguirá realizando”, afirma Marques. 

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