Pesquisas eleitorais reforçam piora da economia

A cada dia que passa, diante da evidência de que a política não dará alento à economia, os indicadores econômicos devem voltar a piorar

Francisco Petros

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SÃO PAULO – Infelizmente, o cenário brasileiro enfrenta pioras significativas. De fato, muito embora a aparência na superfície dos diversos segmentos do mercado financeiro e de capital seja de tranquilidade, no interior do tecido social e político as tensões estão a aumentar velozmente. Mais à frente os preços podem evidenciar os fundamentos.

Há, em verdade, tênue recuperação econômica, mas vê-se que a desesperança social, marcada por vasta taxa de desemprego (13,7%, 14,2 milhões de pessoas), se espalha rapidamente. O cenário fiscal está fortemente prejudicado pela força da depressão econômica, apesar de a agricultura está passando por momento glorioso. A política monetária corre atrás de tudo, com o BC a frasear promessas de um arrocho menor e mais rápido – o estrago está feito, em larga medida. A economia capenga e deixa manca a possibilidade de qualquer inversão mais rápida no cenário. Tudo está pior que o esperado, que fique claro. Esperávamos uma recuperação mais rápida e significativa. Vale lembrar que o maior aperto monetário nos EUA nem chegou…

É no campo político que os riscos prosperam e, ao que parece, poucos que tem poder real estão dispostos a mudar o cenário. A pesquisa Datafolha desse domingo (30.04.2017) é sinal de alerta vigoroso para aqueles interessados no Brasil. Não que essa pesquisa seja uma “previsão” sobre o futuro, mas porque ela representa o retrato do vazio político do país, não preenchido e enorme. Os tais analistas políticos vão distribuir por aí a versão de que “ainda é cedo” para qualquer previsão, mas a verdade é que os números mostram que os polos estão crescendo: de um lado, o representante do PT, o partido-líder de vasta corrupção nos últimos anos, de outro, o representante da direita radical, aquela que promete a ascensão da moral e do civismo e, de fato, entrega a penalização da liberdade.

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Em meio a esse cenário, está Marina Silva, aquela que ninguém vê ou sabe o que pensa de tudo isso. Parece esconder-se na vasta e bela Floresta Amazônica. Há relampejos de João Dória, o candidato possível do centro-direita e Geraldo Alckmin, o governador cada vez mais dragado pelo noticiário negativo da corrupção e dos malfeitos. Em São Paulo, todos rezam para que João, o trabalhador, sobreviva e enriqueça em votos de todos os lados e rincões do Brasil.

Com efeito, esse quadro leva a algumas conclusões. Como se pode verificar a capacidade de influência da atual administração federal sobre o andamento da política se aproxima de zero. De pouco adiantará a distribuição de cargos e salários para a turba da política. A possibilidade de Temer ir para a eleição, sem candidato algum a defendê-lo, é enorme.

Cada vez mais, Temer aparenta com Sarney e seu governo findo (1985-1990). Falta o bigode, é claro!, e o fardão da Academia Brasileira de Letras, traje que impressiona.

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Outro ponto que decorre da polarização das preferências dos populares é que as eleições presidenciais, sem reformas políticas e econômicas de grande envergadura, possivelmente não levarão o país às “saídas” desse terrível cenário. Os candidatos mais viáveis não possuem suporte de partidos políticos que sejam fortes para liderar uma mudança radical e positiva do Brasil. Com efeito: as sombras da eleição de 2018 são bem maiores que aquelas que sobrevoavam o país desde a redemocratização em 1985.

As possibilidades “abertas” de novas candidaturas, tal qual a do juiz Sérgio Moro, demonstram a escassez de lideranças orgânicas na sociedade, ou seja, o simbolismo dessas candidaturas não tem liason com ideologias, visões econômicas, políticas e sociais.

Há apenas o ícone, postado na porta da cabine de votação, seja lá o que venha! Note-se que a sociedade que vive esse (positivo?) imaginário, será o mesmo que correrá pelas ruas, de forma radical, para protestar contra os eventuais fracassos dessa turma icônica. Quem não tem cão, caça com gato, não é mesmo?

Também o calendário está cada vez mais preocupante. A cada dia que passa, diante da evidência de que a política não dará alento à economia, os indicadores econômicos devem voltar a piorar. Ou alguém acha que, diante de tanto risco, o dólar fica onde está e os investidores vão fazer uma “fezinha” no país para alavancar o crescimento da atividade econômica. Sejamos pragmáticos: a possibilidade de que estejamos num “bom momento” frente ao que parece estar delineado pelas pesquisas eleitorais, é bastante razoável. Resta saber o que haverá de acontecer quando vier o “mau momento”…