Temer não vai ao Fórum Econômico Mundial para acompanhar aqui a eleição na Câmara e no Senado

Enquanto o Brasil está chocado com o massacre de Manaus e cada vez mais preocupado com a violência e a segurança pública, o assunto preferencial do mundo político é a disputa de poder no Legislativo.

José Marcio Mendonça

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O Brasil real tem um assunto dominante nesses dias: o massacre de Manaus, a gravíssima situação dos presídios, a escalada da violência de um modo geral no país e a inação das autoridades de um modo geral diante da magnitude que alcançou o problema.

Estão aí informações esparsas sobre o modo descuidado como a segurança pública é tratada no país: mostra “O Globo” que 60% das prisões brasileiras não têm bloqueadores de celular; diz a “Folha de S. Paulo” que o governo reduziu em dois anos em 85% o repasse federal para presídios, mesmo com um déficit de 250 mil vagas no sistema prisional.

Sobre o caso da Amazônia, assessores do presidente espalham que ele acompanha a situação com atenção e aguarda informações do ministro da Justiça para melhor se posicionar. Até agora, sem nenhuma manifestação pública de Temer, nem de solidariedade às famílias dos presos trucidados. Quanto ao ministro Alexandre de Morais, antes mesmo da conclusão de qualquer inquérito, ele já concluiu que é um exagero falar-se que a principal causa da rebelião e posterior massacre é a briga entre facções criminosas rivais, pois a mais da metade dos mortos não pertencia a nenhuma facção dominante nos presídios.

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Pode colher outras rebeliões. Informa “O Estado de S. Paulo” que Rio e São Paulo estão em alerta. Mais cautelosa, a presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministra Carmem Lúcia, antes de dar um veredicto vai conversar com Morais e amanhã visita Manaus. Mais realista também, Carmem Lúcia diz que a situação é grave e pode explodir. A repercussão internacional foi péssima e a ONU está cobrando investigações. Sérias. O governo promete acelerar um certo Plano Nacional de Segurança.

Já o Brasil político vai navegando nas plácidas águas de sua irrealidade cotidiana. Toda sua empolgação está centrada na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado, especialmente no primeiro caso, onde a concorrência está acirrada. Os três principais candidatos – Rodrigo Maia, Jovair Arantes e Rogério Rosso – preparam-se para percorrer o país em campanha, como se vivessem uma eleição direta e o brasileiro estivesse dando a mínima atenção para tal desimportância.

O presidente Michel Temer até desistiu de viajar a Davos, Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial (Henrique Meirelles vai representá-lo e ao Brasil) em meados do mês para ficar na capital acompanhando as peripécias da eleição legislativa. Temer perde a oportunidade de firmar a imagem de seu governo junto a líderes mundiais, empresários e investidores, para se chafurdar em meras picuinhas provincianas.

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Destaques dos

jornais do dia

– “BC prevê inflação abaixo da meta em meados do ano” (Valor)

 – “Agronegócio deve crescer 2% e responder por metade da expansão do PIB este ano” (Globo)

– “Efeito Trump: Ford desiste de fábrica no México e vai investir nos Estados Unidos” (Globo/Valor)

– “Seis em dez prisões não têm bloqueador de celular” (Globo)

– “Governo reduz em 85% repasses para presídios” (Folha)

– “Polícia Federal já apontava risco de ataque em 2015” (Estado)

– “Equador é terceiro país a proibir obras públicas da Odebrecht” (Estado)

 LEITURAS SUGERIDAS

1. Merval Pereira – “Questão nacional” (diz que o fato novo na luta contra o crime organizado é a nacionalização das grades facções do Rio e de SP, de conluio ou se opondo, com apoio de facções regionais) – Globo

2. Editorial – “Controlar prisões requer ampla ação do Estado” (diz que a situação extravasou os limites e não passa de platitudes Brasília oferecer soldados da Força Nacional e algum dinheiro para presídios) – Globo

3. Editorial – “Enfoque prisional” (diz que massacre de Manaus deveria suscitar mudança profunda, com a diminuição do número de delinquentes mandados para trás das grades) – Folha

4. Editorial – “Horror, indignação e vergonha” (diz que tão chocante quanto a selvageria de Manaus é constatar que ele é tudo, menos surpreendente) – Estado

5. Timothy Garten Ash – “Que 2007 seja um ano contra a pós-verdade” (diz que empresas jornalísticas já estabelecidas e novos meios tecnológicos precisam se unir no combate ao discurso populista e mentiroso) – Estado