Na corrida pelo digital no ensino superior, ações da brasileira Vitru na Nasdaq chamam a atenção de dois bancos

Itaú BBA e Morgan iniciaram cobertura para os papéis da holding da Uniasselvi com recomendação de compra e vendo potencial de valorização superior a 30%

Lara Rizério

Uniasselvi - Vitru (Divulgação/Vitru)

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SÃO PAULO – Uma empresa não muito lembrada pelos investidores que pensam nas ações do setor de educação, bastante desafiado durante a pandemia do novo coronavírus, a Vitru ganhou destaque entre as recomendações de dois grandes bancos nesta terça-feira (13).

Desde que estreou na Nasdaq em 18 de setembro, a US$ 16, até o fechamento da última segunda-feira 13 de outubro, a US$ 13,61, os ativos da companhia brasileira caíram cerca de 15% no mercado americano.

Contudo, a expectativa dos analistas do Itaú BBA e do Morgan Stanley é de um crescimento acima dos pares do setor, em meio a uma combinação de forte presença no digital – que aumentou a sua importância durante a pandemia e tornou-se um diferencial a ser perseguido cada vez mais entre as educacionais, incluindo na graduação -, mas que conserva características importantes do ensino presencial que tornam mais difícil a evasão.

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A Vitru é a holding da instituição de ensino a distância da Uniasselvi e abriu seu capital nos EUA levantando US$ 96 milhões. A Uniasselvi é a maior instituição de ensino superior de Santa Catarina e oferta mais de 200 cursos de graduação e pós graduação, com mais de 600 polos de ensino à distância em todos os estados e 10 unidades de ensino presencial.

O Itaú BBA destacou que a ação é o melhor player para lidar com as recentes transformações, destacando as singularidades da companhia em um ambiente em que diversas companhias buscam digitalizar suas operações. O banco iniciou a sua cobertura com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de US$ 18 para 2021, o que corresponde a um potencial de valorização de 32% em relação ao fechamento da véspera.

“A aprendizagem digital tem se destacado e provado sua qualidade, flexibilidade e maior apelo entre os alunos, sendo mais valorizada por eles. E não esperamos que saia do centro das atenções tão cedo – a aprendizagem digital já é o principal catalisador do crescimento do ensino superior no Brasil e prevemos que essa tendência não só continue, mas também se acelere. Acreditamos que a Vitru é o melhor veículo de investimento para obter exposição a essa mudança acelerada para a aprendizagem digital”, avaliam as analistas Susana Salaru e Mariana Haidar.

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Elas destacam as alavancas principais para o crescimento da companhia: a ampliação de seus centros atuais, a sua maior expansão, as melhorias suas ofertas de cursos e a ampliação de seu portfolio de educação continuada e graduação.

Já o Morgan Stanley aponta que o foco no ensino à distância é apenas parte da história. A Vitru é a empresa líder em Ensino à Distância (EAD) “puro” no Brasil, mas também vale destacar que ela conta com um modelo híbrido (associando educação presencial e online) diferenciado que está gerando ganhos de participação no segmento.

Nesta linha, o Itaú BBA também aponta que o a Vitru oferece um conjunto abrangente de recursos para auxiliar alunos, docentes e parceiros de plataformas para melhorar a acessibilidade, a flexibilidade e a experiência do usuário, ao mesmo tempo que promove relacionamentos sólidos com todas as partes interessadas. Além disso, os docentes estão disponíveis tanto para reuniões semanais quanto online, auxiliando cada aluno individualmente, fornecendo orientação atenta para estudos e atividades.

A companhia ainda possui forte relacionamento com seus parceiros. “Ao alinhar totalmente seus incentivos financeiros com aqueles de seus parceiros centrais, a Vitru desenvolveu um relacionamento estável e confiável com seus 151 parceiros. Vemos isso como um dos principais diferenciais competitivos  e difíceis de replicar da empresa. A rede de parceiros fornece à Vitru uma base sólida para executar sua estratégia de plano de educação digital, estratégia e expansão de seus ativos, preservando seus ativos de expansão”, afirmam as analistas.

Para elas, o modelo híbrido une os melhores elementos de aprendizagem digital e presencial. “Sua escala permite que as aulas sejam altamente acessíveis, enquanto a entrega de conteúdo multimídia fornece grande flexibilidade para alunos. (…) Já as aulas presenciais semanais proporcionam aos estudantes uma experiência no campus, fomentando o engajamento acadêmico e o networking e levando a baixas taxas de evasão”, avaliam Susana e Mariana.

Em um mercado em que Javier Martinez e Caio Moscardini, analistas do Morgan Stanley, esperam que alcance uma taxa de crescimento composta anual (CAGR) de 5% entre 2020 e 2025, a Vitru teria espaço para um CAGR de 19%, semelhante aos seus níveis históricos. “Isso implica que a companhia desfrutará de novos ganhos de participação de mercado, de 10% a 18% até 2025”, avaliam.

De acordo com os analistas, a maturidade dos “hubs” – plataformas – é o principal fator de crescimento e margens. Parte do crescimento virá com a abertura de novos hubs, mas a maior fatia já está contratada apenas pela maturação gradativa dos hubs atuais, que tendem a ter curvas bastante homogêneas: maturam em 4 anos, atingindo plena capacidade em 8 anos.

Hoje, os hubs da Vitru têm em média 2,5 anos, enquanto apenas 12% dos hubs da empresa estão totalmente maduros e 88% estão em fase inicial (ramp-up).

“A maturação deve permitir que a Vitru duplique seu número de alunos e, ao mesmo tempo, melhore os preços médios, ampliando as margens (com redução de custos de marketing e despesas gerais e administrativas). Esperamos que a relação entre Ebitda e receita líquida (margem Ebitda) expanda de 25% para 30% até 2025 (à medida que os hubs maduros se tornem cerca de 40% dos hubs totais)”, avaliam Martinez e Moscardini.

Além disso, avaliam, a expansão com capex (despesa com investimento) limitado deve levar o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) acima dos níveis dos pares.

Ao contrário dos concorrentes listados, o crescimento da Vitru foi (e provavelmente continuará) 100% orgânico, segundo ressaltam os analistas do Morgan. “Vemos a Vitru como a que apresenta o crescimento orgânico mais rápido entre as empresas listadas no segmento de ensino superior do Brasil, com margens em expansão e, principalmente, aumento do ROIC acima de seus pares”, apontam os analistas do banco americano.

Com isso, os analistas possuem um preço-alvo de US$ 18,50 por ativo da Vitru, o que corresponde a um potencial de valorização de 36% em relação ao fechamento da véspera.

Apesar da visão bastante positiva, os analistas também monitoram os riscos no radar. Conforme aponta o Itaú BBA, a tese de investimento para a companhia depende fortemente da capacidade de permanecer competitiva como provedora de ensino digital para o segmento de ensino superior, de continuar a sua acelerada expansão de seus centros existentes e executar seu plano de expansão, enquanto integra o portfólio integrado de novas soluções de mercado. Contudo, sua experiente equipe de gestão mitiga esses riscos. Outros riscos incluem a possibilidade de uma queda mais severa do que a prevista da economia e da deterioração do cenário competitivo.

Já o Morgan Stanley reforça um ponto: a Vitru tem a vantagem de ser pioneira, estando hoje ou na primeira ou na segunda posição em 89% das cidades onde opera. Contudo, ela ocupa esse patamar no ranking em apenas 1% no Sudeste, região que representa 40% do mercado brasileiro. “Esta é uma clara oportunidade de ganho de participação de mercado, mas também implica risco ao expandir-se no mercado mais competitivo, em que os maiores e mais experientes players têm maior experiência”, avaliam os analistas.

Somente na Nasdaq, por enquanto…

Vale destacar que não é somente a Vitru que tem suas ações listadas na Nasdaq dentro do setor de educação brasileira. Além dela, Afya, Arco e Vasta (subsidiária da Cogna de educação digital), também estão listadas na bolsa estrangeira.

Sobre isso, vale destacar que, desde setembro, as companhias brasileiras negociadas no exterior têm permissão para emitirem BDRs, se desejarem, seguindo as regras estabelecidas pela Bolsa. BDRs são certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países, mas que são negociados aqui, no pregão da B3 (veja mais clicando aqui).

Uma mudança real deve levar pelo menos até o final do mês para acontecer (entenda clicando aqui), mas esse ponto deve ser monitorado de perto pelos investidores, principalmente aqueles interessados no setor de educação, que conta com algumas empresas brasileiras listadas no exterior. Além dessa resolução, qualquer investidor poderá negociar BDRs Nível I (não patrocinados), a depender do mercado em que os valores mobiliários que servem como lastro sejam listados. Antes, estes produtos eram restritos a investidores qualificados, com pelo menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras.

Também é possível investir nos papéis abrindo uma conta em uma corretora dos EUA (veja as vantagens e os cuidados necessários no procedimento clicando aqui).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.