Murilo Ferreira fala de futuro na Vale, Itaú acusa Oi de “comprar” voto de credor e 4 balanços no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta terça-feira (21)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo desta terça-feira é movimentado, com destaque para a temporada de resultados, além da fala de Murilo Ferreira, CEO da Vale, que afirmou que seu contrato vai ser negociado no momento certo. Entre as recomendações, a Linx foi rebaixada pelo JPMorgan. Veja os destaques desta terça-feira (21):

Vale (VALE3;VALE5)

Em teleconferência a jornalistas sobre o novo acordo de acionistas da mineradora, o presidente da Vale Murilo Ferreira se pronunciou sobre sua sucessão ou manutenção no cargo e afirmou que o seu contrato vai ser negociado no momento certo.

Sobre o acordo, Ferreira disse acreditar que acionistas minoritários fiquem felizes com a proposta apresentada, que prevê a diluição do capital e destacou que nada muda para as golden shares, disse ele,

CCR (CCRO3)

Os acionistas controladores Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Soares Penido reduziram sua fatia na CCR de 51% para 45% após aumento de capital via oferta restrita de ações concluído neste mês, disse Marcus Macedo, gestor de Relações com Investidores da CCR, em entrevista à Bloomberg. Agora, a maior parte do capital da empresa, ou 55%, está agora nas mãos do mercado. 

Os controladores foram diluídos porque não acompanharam os acionistas no aumento de capital, assim como também ocorreu nas ofertas anteriores, realizadas em 2004 e 2009. 
Para que os grupos deixassem de deter 51% do capital, foi necessária autorização de órgãos reguladores, no caso a ANTT e a Artesp, A oferta de ações, que somou R$ 4,07 bilhões, teve demanda para R$ 11 bilhões. Segundo Macedo, a receptividade dos investidores qualificados foi baseada na tese da recuperação econômica do Brasil, nas reformas promovidas pelo governo, nos novos projetos de concessão de infraestrutura a serem lançados e nas oportunidades existentes do mercado secundário, pois existem vários grupos com dificuldades e ativos à venda. 

Vale destacar ainda que a CCR pode não participar do leilão de aeroportos previsto para o mês que vem devido a problemas nos projetos que criam muitos riscos para os negócios, conforme disseram executivos da companhia na última segunda-feira.  “O desenho das licitações foi feito em 2015, quando as premissas econômicas eram totalmente diferentes, então as taxas de retorno estão desatualizadas”, disse à Reuters o diretor de novos negócios da CCR, Leonardo Vianna.

Oi (OIBR4)

Duas notícias agitam o noticiário da Oi na sessão desta terça-feira. A Corte de Amsterdã marcou audiências para 29/março sobre recursos interpostos por credores contra as decisões proferidas em 2 de fevereiro pelo tribunal. Naquela data, foram indeferidos os pedidos de conversão em procedimentos de falência dos procedimentos de suspension of payments relativos a cada uma de Oi Brasil Holdings Cooperatief – em recuperação judicial e Portugal Telecom International Finance B.V. 

Além disso, o jornal Valor Econômico aponta que o Itaú Unibanco (ITUB4) apresentou recurso à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro contra a proposta da Oi para o pagamento antecipado de dívidas de até R$ 50 mil a pequenos credores da companhia, autorizada pela Justiça no fim do ano passado. Segundo o banco, que tem cerca de R$ 1,5 bilhão em créditos dentro do processo de recuperação da operadora, a Oi estaria tentando “operar compra de votos para facilitar a aprovação de seu plano de recuperação judicial”, uma vez que o credor que optar por esta alternativa deverá outorgar uma procuração irrevogável a um mandatário com poderes expressos para votar na assembleia geral de credores.

Linx (LINX3)

A Linx foi rebaixada de overweight (exposição acima da média) para neutra pelo JPMorgan. O preço-alvo em doze meses é de R$ 19,00. 

Smiles (SMLE3)

A Smiles teve o preço-alvo para 2017 elevado pelo Itaú BBA de R$ 62,00 para R$ 69,00 com recomendação outperform, em meio ao ajuste com o resultado do quarto trimestre e em meio à atualização dos economistas sobre o cenário macro. 

BTG Pactual (BBTG11) e BR Pharma  (BPHA3)

A “limpeza” no portfólio de investimentos em empresas do banco BTG Pactual deve continuar nos próximos dias com a venda, por R$ 1, do controle da rede de farmácias BR Pharma ao empresário Paulo Remy, hoje sócio da construtora WTorre, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Segundo fontes do jornal, Remy teria experiência em assumir negócios em dificuldades, pois trabalhou na consultoria Galeazzi & Associados, especializada em reestruturações.

A BR Pharma é um dos ativos mais problemáticos na carteira do BTG. O banco tentou montar uma gigante em farmácias a partir de aquisições realizadas em diferentes regiões do País. No entanto, o negócio revelou-se de difícil retorno e a instituição teve de fazer aportes de capital no ativo. Em janeiro do ano passado, por exemplo, o BTG injetou cerca de R$ 400 milhões na BR Pharma.

Ecorodovias (ECOR3)

A Ecorodovias teve lucro líquido comparável de 88,7 milhões de reais no quarto trimestre, 157,5 por cento maior em relação ao mesmo período de 2015, afetada positivamente pelo aumento na geração de caixa operacional e pela redução das despesas financeiras.

O resultado, de acordo com material de divulgação do balanço, não leva em conta itens não recorrentes, incluindo efeito da baixa de ativos mantidos para venda. Em outubro, a empresa concluiu alienação de 100 por cento da Elog Sul por 115 milhões de reais. A receita líquida pró-forma, que desconsidera a receita de construção, totalizou 617,2 milhões de reais entre outubro e dezembro, alta de 5,4 por cento em relação ao último trimestre de 2015.

Já a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) pró-forma, excluindo os ativos mantidos para venda, subiu 7,6 por cento, para 389,8 milhões de reais. Somente em concessões rodoviárias, o Ebitda pró-forma aumentou 15,9 por cento, para 418,8 milhões de reais.

A Ecorodovias investiu 194,3 milhões de reais de outubro a dezembro, um montante 27,5 por cento maior em relação ao mesmo intervalo um ano antes. No ano, contudo, os investimentos caíram 7,6 por cento, para 624 milhões de reais. Ao fim de dezembro, a dívida líquida da Ecorodovias era de 4,272 bilhões de reais, superando em 3,3 por cento a apurada no término de 2015.

O Bradesco BBI destacou que o resultado operacional do quarto trimestre foi ao encontro com as expectativas do mercado; contudo, o alto capex ainda é uma preocupação. A companhia terá um capex de R$ 722 milhões, levando a relação entre dívida líquida e o Ebitda a 2,6 vezes em 2017, o que dá pouco espaço para a companhia participar de leilões para novas concessões. Os analistas mantêm recomendação neutra para os ativos e preço-alvo de R$ 9,00. 

 Lojas Americanas (LAME4) e B2W (BTOW3)

A Lojas Americanas registrou lucro líquido consolidado de 255,6 milhões de reais no quarto trimestre, alta de 25,2 por cento sobre o mesmo período de 2015, anunciou nesta segunda-feira a varejista, que atribuiu o resultado ao crescimento das vendas e à contenção de despesas.

A receita líquida consolidada da varejista subiu 7,7 por cento no período de outubro a dezembro, para 6,26 bilhões de reais. No conceito “mesmas lojas”, a receita bruta teve alta de 6 por cento na mesma base de comparação.

Em termos consolidados, as despesas operacionais subiram 8,4 por cento no trimestre, para 958,6 milhões de reais, impactadas pelo aumento das despesas com vendas e com depreciação e amortização, enquanto as despesas gerais e administrativas recuaram.

A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado totalizou 1,094 bilhão de reais no último trimestre de 2016, aumento de 7,7 por cento na comparação com igual intervalo de 2015.

“Diante do cenário macroeconômico apresentado no país e dos desafios no mercado internacional, aprimoramos os nossos processos em busca de um controle ainda maior das despesas e do fluxo financeiro, resultando em um desempenho sólido”, informou no material de divulgação de resultados. Ainda segundo o informe de resultados, a Lojas Americanas controladora investiu 560,9 milhões de reais no ano passado com a abertura e reforma da rede de lojas e tecnologias. Foram inauguradas 93 novas unidades em 2016 e, com isso, a varejista atingiu um total de 1.127 unidades espalhadas em mais de 436 cidades do Brasil.

Para 2015-2019, o plano é abrir dois novos centros de distribuição e 800 novas lojas no país. Até agora em 2017, a empresa abriu cinco novas unidades e tem 80 outras contratadas ou em estágio avançado de negociação. Ao fim de dezembro de 2016, a Lojas Americanas tinha uma dívida líquida consolidada de 5,198 bilhões de reais, ante dívida de 2,836 bilhões de reais no fim de 2015.

A subsidiária da Lojas Americanas B2W, por sua vez, , informou que seu prejuízo caiu 36,5% no quarto trimestre de 2016, passando de R$ 161,2 milhões para R$ 102,3 milhões. A receita no trimestre somou R$ 3 bilhões, o que representa uma alta de 4% na base anual. O Ebitda ajustado subiu 22,9%, para R$ 261,1 milhões.

LPS Brasil (LPSB3)

A LPS Brasil reduziu o seu prejuízo atribuível aos acionistas controladores no 4º trimestre de 2016 para R$ 13,7 milhões, de R$ 341,7 milhões no mesmo período do ano anterior. A receita operacional líquida teve baixa de 11% na base anual, passando de R$ 41,9 milhões para R$ 37,3 milhões. O Ebitda ficou em R$ 28 mil no quarto trimestre de 2016, ante Ebitda negativo de R$ 7,4 milhões. 

São Martinho (SMTO3)

A Vert pretende emitir R$ 400 milhões em CRA lastreado por São Martinho. A oferta em 2 séries, CRA DI e CRA IPCA, será lastreada em Direitos Créditórios do Agronegócio oriundos de Notas de Crédito à Exportação emitidas pela São Martinho, segundo prospecto publicado no Valor Econômico. A oferta poderá ser acrescida em até R$ 140 milhões se considerados os lotes adicional e suplementar, “de acordo com a demanda dos investidores”, segundo o documento. A data de emissão é 7 de abril.

Óleo e Gás Participações (OGXP3)

A ex-OGX vai convocar assembleia geral de debenturistas para 8 de março, às 11h, conforme informou a companhia em comunicado. Os debenturistas poderão manifestar o interesse em bonds da OSX-3. 

Cemig (CMIG4)

O executivo Paulo Castellari, que havia assumido como diretor financeiro da elétrica mineira Cemig há cerca de dois meses, irá trabalhar para o fundo Mubadala Development Co PJSC, disse uma fonte à Reuters nesta terça-feira. Castellari formalizou sua saída da Cemig na segunda-feira, depois de receber uma oferta para trabalhar para o fundo de investimentos de Abu Dhabi, disse a fonte, com conhecimento direto do assunto.

O Mubadala abriu um escritório no Rio de Janeiro no início do ano passado para identificar potenciais oportunidades no Brasil e gerenciar seus investimentos locais em portos, imóveis e outros setores. Castellari ingressou na Cemig em 21 de dezembro, como parte de uma reformulação da diretoria que buscava acelerar os planos de redução de dívidas da companhia. Ex-executivo da mineradora Anglo American no Brasil, Castellari será substituído por Adézio Lima como diretor financeiro e de Relações com Investidores, segundo comunicado da Cemig enviado ao mercado na noite de segunda-feira.

 

(Com Reuters, Agência Estado e Bloomberg)

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.