Mudança no atual Fies, STF e decretos do MEC sobre curso de medicina: o que está no radar das ações do setor de educação

Governo federal aceitou na última segunda-feira (4) reduzir o teto de contribuição de universidades e faculdades privadas no fundo garantidor do Fies

Felipe Moreira

Publicidade

Diversas notícias sobre o setor de educação são monitoradas de perto pelos investidores.

O Ministério da Educação publicou ontem dois decretos que regulamentam a ampliação das vagas nas faculdades de medicina no Brasil.

O decreto 1.771/2023 estabelece os requisitos para ampliação de vagas privadas e públicas, o que remonta amplamente as condições vigentes na lei Mais Médicos anterior (ou seja, 20/2017 e 23/2017), embora tenha elevado as exigências para uma pontuação mínima no Enade de 4 (numa escala de 1 a 5) de forma a autorizar uma expansão do programa.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

É digno de nota que a expansão do número de vagas será limitada a 30% dos existentes (ou até 40 adicionais na primeira expansão), limitando o número total a 240 por programa. É também provável que o Ministério publique todos os anos um período específico para o preenchimento de extensões de vagas, que em 2023 será válido de 4 de setembro a 31 de outubro, aponta o Citi em relatório de análise.

“É importante ressaltar que essas medidas provavelmente serão aplicadas a novas vagas criadas no âmbito do programa Mais Médicos, bem como para aqueles previamente autorizados por decisões judiciais, o que naturalmente é um bom presságio para a redução da assimetria regulatória no futuro”, apontou o Citi em análise.

O decreto 1.771/2023 também adiou por mais 30 dias a publicação de editais públicos para ampliação de vagas, o que parece ser uma decisão prudente em meio às incertezas que envolvem a discussão em curso no Supremo Tribunal Federal sobre liminares médicas.

Continua depois da publicidade

Liminares de vagas médicas no STF – falando sobre o tema, a ministra Rosa Weber antecipou seu voto em julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o futuro dos cursos de medicina pleiteados judicialmente pelas instituições de ensino.

Ela seguiu o ministro Edson Fachin, que votou contra a possibilidade de que as faculdades que já obtiveram liminares, cujos processos já foram aprovados parcialmente pelo Ministério da Educação (MEC), sigam com seu pleitos.

Assim, Fachin concordou com a constitucionalidade da Lei Mais Médicos, embora mantendo a autorização apenas de programas já instalados em virtude de decisões atuais, recomendando a suspensão (ou extinção, em caso de trânsito em julgado) de todos os demais processos administrativos pendentes.

Continua depois da publicidade

Fachin foi na contramão do relator do caso, o ministro Gilmar Mendes, que deu parecer favorável para que os pedidos que “ultrapassaram a fase documental inicial” seguissem com seus pleitos.

Cerca de 170 pedidos estão com esse status aguardando visita de representantes do MEC para avaliar se o curso é efetivamente adequado. Porém, no fim do mês, o ministro Luiz Fux pediu vista do processo.

“Dito isso, o julgamento continua paralisado após o “pedido de vista” de Fux, que tem 90 dias para dar seu parecer. O júri ainda não decidiu o resultado final, embora a linha adotada por Fachin pareça mais restritiva para proteger o mercado, limitando a assimetria regulatória das liminares possivelmente apenas aos cursos já instalados”, aponta o Citi.

Publicidade

Fies – A Câmara deverá votar esta semana um projeto de lei (PL 4172/23) que, entre outros pontos, deverá: i) introduzir um limite de 35% na retenção atual da contribuição das empresas de educação para seu fiador financiar o “FG-Fies”, ou fundo garantidor do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), a partir do sexto ano, e ii) aprovar uma grande renegociação para os alunos inadimplentes, com descontos de até 99% do valor principal das dívidas vencidas há mais de 360 ​​dias, que, na visão do Citi, deveria ser totalmente subsidiado pelo governo.

“Embora a introdução de um teto de dívida para as contribuições do FG-Fies fosse naturalmente um bom presságio para melhorar a transparência e a atratividade do programa para as empresas de educação, outra onda de grandes renegociações da dívida pode ser bastante reveladora sobre a sua execução atual, o que também pode impedir um progresso no programa”, aponta o banco.

Conforme apontou o Itaú BBA, o governo federal aceitou na última segunda-feira (4) reduzir o teto de contribuição de universidades e faculdades privadas no fundo garantidor do Fies.

Continua depois da publicidade

A alteração foi incluída pela deputada Flávia Morais (PDT-GO) no projeto de lei de retomada das obras inacabadas na educação (PL 4172/23), relatado pela congressista.

A deputada apresentou uma proposta no projeto de lei que estabelece um limite máximo para a taxa de retenção (ou seja, a contribuição para o fundo de garantia do programa) da contribuição do governo às mensalidades do Fies em universidades privadas, fixando-o em 35%.

A lei 10.260/2001, estabelece que, para aderir ao Fies, a instituição de ensino deve contribuir, até o 5º ano de adesão, com até 25% de encargos educacionais sobre as matrículas e não haveria valor limite a partir do 6º ano.

Publicidade

De acordo com relatório do BBA, a taxa de desconto de 35% ainda é superior ao que é considerado lucrativo para as instituições de ensino superior privadas. Uma declaração também foi divulgada por uma grande associação de empresas de ensino superior, defendendo o retorno ao limite de 25%.

Na avaliação do BBA, embora essa taxa de desconto reduza a exposição do governo ao risco de crédito do Fies, também reduz a disposição das instituições privadas em alocar vagas para estudantes do Fies (uma vez que geralmente veem taxas de inadimplência abaixo de 15% para estudantes que não são do Fies).

Além disso, o banco destaca que essa discussão se refere ao programa atual, mas pode oferecer insights sobre o quadro de um potencial futuro programa Fies sob um novo governo.

A sessão é de queda para as empresas do setor de educação. Às 14h10 (horário de Brasília), os ativos da Yduqs (YDUQ3) tinham baixa de 2,63%, a R$ 20,03, Cogna (COGN3) tinha baixa de 1,7%, a R$ 2,89. Fora do índice, Anima (ANIM3) e Ser (SEER3) tinham baixa de cerca de 5%.

Tópicos relacionados