MRV (MRVE3): compromisso com desalavancagem e geração de caixa estão no foco da construtora

Postura mais cautelosa e foco na recuperação da lucratividade agradaram analistas de forma geral

Felipe Moreira

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A MRV (MRVE3) sediou seu Investor Day de 2023 na última terça-feira (7). A mensagem foi considerada positiva, conforme destaca a XP Investimentos, explicada por uma grande preocupação em reduzir a alavancagem financeira e melhorar a geração de caixa da construtora.

De acordo com a instituição financeira, as principais conclusões do encontro foram: “(i) as operações principais da MRV (MRV Inc.) devem manter 40 mil unidades de vendas anuais de 2023 a 2025; (ii) a MRV pretende deixar 40 cidades brasileiras em cerca de 3 anos para focar nas regiões metropolitanas mais relevantes (principalmente São Paulo); e (iii) venda de recebíveis e projetos da Resia, devem ajudar na geração de caixa da MRV&Co”.

Com isso, analistas da XP veem o plano 2023-2025 da MRV como marginalmente positivo, dados os riscos de curto prazo no processo de recuperação da rentabilidade da empresa.

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O Bradesco BBI também destacou o tom mais cauteloso da MRV, focado na redução gradual da alavancagem financeira, já que as preocupações com as tendências de consumo de caixa no Brasil parecem ser a principal razão por trás da recente queda das ações da construtora.

“A recuperação da margem, no entanto, provavelmente levará mais do que alguns trimestres, com os retornos iniciais concentrados no segundo semestre de 2023, após a conclusão da safra de projetos de margem mais baixa”, diz relatório. Se o novo guidance de margens parecer viável à luz das novas regras do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), analistas acreditam que as projeções de geração de caixa podem ser um pouco mais desafiadoras, especialmente de +R$ 0-R$ 200 milhões em 2023 (incluindo a venda adicional de recebíveis).

Contudo, as ações da MRV parecem altamente descontadas (0,5 vez P/VPA – preço sobre valor patrimonial por ação), mas o momento ainda não está claro. Além disso, depende muito da reversão da percepção negativa do mercado sobre sua execução no Brasil e/ou as preocupações macro pesando sobre a Resia nos EUA (o preço atual do MRVE3 voltou a um nível em que a Resia poderia ser vista como uma “opcionalidade gratuita”).

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Na mesma linha que XP e BBI, BBA comentou que a MRV adotou uma postura conservadora diante do atual momento operacional e destacou seu compromisso com a desalavancagem e geração de caixa.

“A MRV também deu projeções para os próximos anos, indicando uma pausa em seu plano de crescimento para endireitar suas operações: definiu um tamanho de 40 mil unidades para a operação Brasil, redução de sua presença geográfica e foco em rentabilidade”, comenta BBA, em relatório.

Analistas do BBA apreciaram a nova estratégia da empresa para recuperar a lucratividade, mas continuam cautelosos com a dinâmica de curto prazo e mantemos nossa classificação de desempenho de mercado para a ação.

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O Bradesco BBI manteve classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ações da MRV, com preço-alvo de R$ 16, o que representa potencial de valorização de 151% frente a cotação de fechamento da terça-feira de R$ 6,36. A XP Investimentos também reforçou recomendação de compra para MRV, com preço-alvo de R$ 17, pontecial de alta de 167%.

O Itaú BBA, por sua vez, reiterou avaliação market perform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para MRV e preço-alvo de R$ 9, implicando em uma valorização de 41,5% em relação a cotação de fechamento da véspera.