MRV (MRVE3): após ano volátil, subsidiária Resia pode elevar o ânimo do mercado com as ações da construtora?

Analistas veem que melhora do humor do mercado com a subsidiária americana pode desbloquear valor para os ativos

Lara Rizério

Resia (Foto: Divulgação)

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Na última quinta-feira (14), a MRV (MRVE3) realizou a primeira edição do Resia Day para atualizar sua unidade de negócios nos Estados Unidos, no fim de um ano que foi bastante volátil para a subsidiária da construtora.

Apesar de alguns pontos desafiadores, vários analistas destacaram terem saído da reunião com uma leitura positiva sobre as perspectivas de longo prazo para a subsidiária.

“A reunião centrou-se na melhoria da eficiência construtiva da Resia através do seu método RPS (desenvolvido internamente, ou Resia Product System), que, segundo a empresa, reduz os custos de construção em quase 20% e o ciclo de construção em 6 meses, levando a um período de 12 a 15 meses no total”, aponta o Bradesco BBI.

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Assim, a MRV deve abrir espaço para melhorias, o que é importante para fornecer um colchão caso uma recuperação do cenário econômico americano venha mais tarde do que o esperado.

Os negócios da Resia são altamente dependentes das taxas de juros americanas e o impacto nas estimativas da MRV é amplificado pelo fato de que a maior parte do reconhecimento de receita/lucro ocorre apenas no final do ciclo de negócios, quando os projetos são vendidos.

O BBI ressalta ter cortado recentemente a estimativa de lucro em 2024 da MRV em 44%, para refletir principalmente a deterioração dos volumes de vendas esperados da Resia após os picos de setembro a novembro nos rendimentos dos títulos americanos. “Nosso modelo mais recente aponta para um prejuízo de R$ 12 milhões para Resia em 2024, contra um lucro de R$ 300 milhões em nosso modelo anterior”, avalia.

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Os analistas do banco apontam que as estimativas da Resia foram altamente voláteis em 2023, como consequência da volatilidade da curva de juros americana, o que se refletiu também nas previsões consolidadas da MRV.

“Embora muitas vezes consideremos a intensa volatilidade de MRVE3 como exagerada, as nossas análises de sensibilidade mostram que o valor potencial do Resia é, de fato, excessivamente sensível às perspectivas americanas”, apontam. Neste sentido, o BBI apontou ter gostado da forma como a gestão estruturou o seu discurso de adaptação do ritmo de crescimento da Resia às condições de mercado, mas isto não irá impedir ou suavizar a volatilidade das estimativas da subsidiária.

Por outro lado, as análises de sensibilidade mostram que, de uma perspectiva de valor, a maioria dos cenários está distorcida no sentido positivo. O banco afirma que o preço-alvo para MRVE3 poderia variar de R$ 16,00 a R$ 45,00 nos cenários que a administração apresentou ontem –alguns dos quais tende a ver como meros exercícios, não necessariamente viáveis (por não ser sustentável perpetuamente).

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“De qualquer maneira, ainda vemos MRVE3 como tendo a maior assimetria de valor em nossa cobertura de baixa renda e qualquer melhora no humor do mercado em relação ao Resia poderia impulsionar o ímpeto da ação e ajudar a desbloquear o valor potencial”, finaliza.

A XP ressalta que a Resia manteve sua política de zero queima de caixa para o ano consolidado de 2024, embora os analistas da casa ainda possam ver uma queima de caixa de cerca de U$ 50 milhões no 1T24 (primeiro trimestre de 2024).

Além disso, o momento para um melhor cenário de cap-rate (taxa de capitalização) ainda não está claro, embora os sinais do Fed nesta semana (apontando corte de juros no ano que vem) pareçam ter aumentado a confiança para 2024.

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“Vemos com bons olhos as iniciativas da Resia para reduzir os custos e melhorar seu cenário de queima de caixa. No entanto, ainda vemos um ambiente de curto prazo pressionado para a Resia, prejudicado pela incerteza em torno da dinâmica de cap rates nos EUA”, aponta; para a MRV, a XP segue com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 17 por ação.

O Itaú BBA também vê o evento como positivo, porque corresponde à visão mais otimista sobre a postura do Fed e pode ajudar a melhorar o valor percebido da MRV. Os analistas do banco, assim como os do BBI, também veem a assimetria das ações melhor do que esperava inicialmente. O BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para as ações MRVE3, com preço-alvo de R$ 13, ou potencial de alta de 25,4% frente o fechamento da véspera.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.