MRV (MRVE3): ação sobe quase 7% com dados operacionais do 2º tri e após plano de follow-on

Após a Direcional, MRV destacou que está nos seus planos uma potencial oferta de ações

Equipe InfoMoney

Publicidade

Com a melhora do mercado, muitas empresas estão fazendo oferta de ações, de forma a fortalecer a estrutura de capital com perspectivas de aproveitar os ventos favoráveis. Duas construtoras, que têm se destacado num ambiente de queda de juros e expansão do Minha Casa Minha Vida (MCMV), estão entre as empresas que já fizeram ou devem fazer essa operação.

Após a Direcional (DIRR3) precificar na semana passada oferta de ações em R$ 18,25 por papel e captar R$ 428,9 milhões, a MRV (MRVE3) afirmou nesta terça-feira que está analisando a possibilidade de realizar uma oferta pública primária de ações, tendo contratado, para a análise sobre sua viabilidade e a eventual prestação de serviços no âmbito desta potencial oferta, Banco BTG Pactual, Banco Bradesco BBI, Banco Itaú BBA e Bank of America Merrill Lynch, entre outros.

A efetiva realização da potencial oferta ainda está sob análise da construtora, sendo que, até esta data, não há qualquer decisão tomada acerca da efetiva realização da operação. A notícia veio após rumores, na véspera, sobre uma capitalização para mais investimentos no MCMV. As ações MRVE3 fecharam a última segunda-feira (3) em queda de 3,11%, enquanto avançaram 6,96%, a R$ 11,99, nesta terça.

Continua depois da publicidade

Conforme destacam analistas, houve ampliação dos recursos destinados para o setor com as novidades do MCMV. Essa foi uma das bandeiras do governo eleito, aprovada há algumas semanas com ampliação das faixas e maior incentivo para classes mais baixas. Dessa maneira, os operadores do setor buscam aproveitar esse movimento de expansão.

O governo aumentou recentemente o teto de financiamento por imóvel de R$ 264 mil para R$ 350 mil na faixa 3 do MCMV, e estuda aumentar também o teto de renda para ter acesso ao programa, para até R$ 12 mil, o que pode aumentar o mercado endereçável dessas empresas.

Sob essa conjuntura, a Direcional realizou a oferta de ações que movimentou R$ 430 milhões, uma demanda cinco vezes maior do que o volume ofertado. Com essa forte demanda dos investidores,  outros construtores e incorporadores podem se capitalizar nesta janela de oportunidade, destaca a Levante Corp.

Continua depois da publicidade

Já sobre a MRV, após prejuízos milionários no 4T22 (lucro líquido negativo em R$ 333 milhões), foi realizada uma reestruturação operacional, com maior foco no Brasil e seus programas habitacionais, de modo que a empresa conseguiu apresentar um turnaround no primeiro trimestre de 2023 (lucro líquido positivo em R$ 31 milhões).

Além disso, em 29 de junho, seu braço-norte americano realizou a venda de um imóvel (Pine Ridge localizado na Flórida), com valor geral de venda de US$ 77 milhões e Lucro Bruto de US$ 17,1 milhões. O Bradesco BBI avaliou esperar que a venda impacte o resultado final da MRV&Co com uma contribuição de R$ 75 milhões nas estimativas do banco (antes dos impostos nos resultados do 2T23).

Tanto sobre MRV quanto para Direcional, a Levante Corp. aponta que ele ocorre após a aprovação do MCMV em vias de obter maior disponibilidade de recursos para investimentos em 2023.

Continua depois da publicidade

“Nesse ínterim, as companhias podem ampliar suas operações nos próximos anos, em compasso à postura de fomentos, crescimento e estímulo para construção civil. A ampliação das faixas de financiamento do programa é outro aspecto que deve ampliar a demanda em 2023 e permitir a recomposição de preços dos imóveis”, avalia.

Cabe destacar ainda que, junto com a notícia sobre o possível aumento de capital, a MRV anunciou que a divisão de incorporação, que contempla os números da MRV e da Sensia, teve o melhor trimestre de vendas líquidas da história, totalizando um valor geral de vendas (VGV) de R$ 2,2 bilhões no período de abril a junho, alta de 22% ante o primeiro trimestre e salto de 48% frente aos mesmos meses do ano anterior.

No segundo trimestre, foram vendidas 9.765 unidades, aumento de 18,3% na base sequencial e de 23,9% ano a ano. A companhia registrou ainda um novo aumento no ticket médio das unidades, a R$ 225 mil, acréscimo de 3,3% no comparativo com o primeiro trimestre. Na comparação ano a ano, esse novo valor representa uma elevação de 19,6%.

Continua depois da publicidade

A queima de caixa do segmento incorporação no segundo trimestre somou R$ 77,9 milhões, queda de 35,5% ante os três meses anteriores. O número, porém, ficou acima do consumo de caixa de R$ 64,6 milhões no mesmo período de 2022.

No segundo trimestre, os lançamentos na MRV Incorporação totalizaram R$ 1,3 bilhão, dobrando em relação ao período de janeiro a março. Em comparação com o mesmo intervalo de 2022, porém, ainda representaram uma queda de 38,2%. As unidades lançadas alcançaram 5.206, de 2.233 no primeiro trimestre e 8.798 unidades no segundo trimestre de 2022.

O ticket médio nos lançamentos caiu 13,2% na comparação trimestral, para R$ 247 mil, o que significa um aumento de 4,5% ano a ano.

Continua depois da publicidade

A subsidiária norte-americana Resia teve queima de caixa de R$ 77,4 milhões, bem menor do que o consumo de R$ 578,4 milhões dos primeiros meses do ano, enquanto um ano antes reportou geração de caixa de R$ 334 milhões. Não houve lançamentos de abril a junho, enquanto as vendas somaram R$ 347 milhões, com ticket médio de R$ 1,3 milhão.

(com Reuters)