Morgan vê Ibovespa a 189 mil pontos em meados de 2026 e projeta “mudança política”

A exposição foi elevada novamente para o Brasil para overweight em AL, após ter sido elevada de underweight (exposição abaixo da média frente AL) para equalweight (em linha com a média) em abril

Lara Rizério

Bandeira do Brasil (Imagem de JoeBamz / Pixabay)
Bandeira do Brasil (Imagem de JoeBamz / Pixabay)

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O Morgan Stanley ressaltou otimismo com a América Latina, o que inclui o Brasil.

O banco americano passou a ter exposição overweight (exposição acima da média) em ações brasileiras na região. Além disso, instituiu uma projeção para o Ibovespa para meados de 2026 em moeda local de 189 mil pontos (valorização de 35% em relação ao fechamento da véspera).

A exposição foi elevada novamente para o Brasil para overweight, após ter sido elevada de underweight (exposição abaixo da média frente AL) para equalweight (em linha com a média) em abril.

Os estrategistas adicionaram exposição a serviços financeiros, empresas estatais, serviços públicos e concessões.

Para a equipe, o Brasil poderia se beneficiar de uma mudança na política interna, e os incentivos para elevar exposição ao mercado estão aumentando agora que: 1) nos aproximamos das eleições (18 meses de distância), 2) sinais de fraqueza nos índices de aprovação do governo atual, 3) cenário de pico de alta das taxas de juros, indicando quedas à frente e 4) dólar potencialmente mais fraco e taxas globais mais baixas, o que poderia beneficiar o Brasil por meio do canal financeiro.

“No entanto, o menor crescimento global, devido a tarifas americanas mais altas do que o esperado e seus efeitos sobre os preços do petróleo e outras commodities, continua sendo um risco importante. Energia e Agricultura continuam sendo os principais pilares da nossa tese de investimento no Brasil”, aponta o banco.

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Os estrategistas do Morgan apontam que, embora o Brasil ainda esteja a cerca de 18 meses da próxima eleição presidencial no Brasil (outubro de 2026), há sinais de enfraquecimento do apoio à gestão política atual, o que coloca em xeque a continuidade da mesma plataforma de governo.

“O índice de aprovação líquida (aprovação menos desaprovação) do presidente Lula em seu atual terceiro mandato está seguindo o do ex-presidente Bolsonaro no mesmo período”, aponta a equipe de estratégia.

Mais importante, avalia, olhando para o futuro, o índice de aprovação líquida do presidente Lula (-17%) está materialmente abaixo da média de aprovação de presidentes em primeiro mandato que foram reeleitos, de +22% (Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff).

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O banco pondera que os riscos fiscais para o Brasil permanecem elevados e reforça assim que um cenário otimista para “o país está ligado à mudança do modelo de crescimento para o investimento, em vez do consumo impulsionado pelo governo”.

Além do Brasil, o Morgan está overweight em Argentina.

Carteira de ações

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Em seu portfolio de ações brasileiras dentro de América Latina, o Brazil Model Portfolio, o Morgan adicionou as ações da B3 (B3SA3) após terem elevado recentemente o ativo para overweight, pois prevê que os investidores devam migrar da renda fixa para ações, à medida que as taxas de juros no Brasil caiam.

Por outro lado, excluíram Porto (PSSA3) após o forte desempenho acumulado no ano e porque gostariam de abrir espaço para ações mais sensíveis à taxa de juros, como B3. Suzano (SUZB3) também foi removida pelo mesmo motivo.

O banco ainda possui exposição em XP Inc. (negociada na Nasdaq, BDR: XPBR31), BTG Pactual (BPAC11), ADR (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) do Bradesco (B3: BBDC4), ADR do Itaú (ITUB4), Mercado Livre (BDR: MELI34), ativo da Sabesp (SBSP3), Motiva (MOTV3), Nubank (BDR: ROXO34), Iguatemi (IGTI11), ADR da Embraer (EMBR3), Banco do Brasil (BBAS3), Eletrobras ON (ELET3), JBS (JBSS3), SLC (SLCE3), Rumo (RAIL3), PRIO (PRIO3), ADR da Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5), Suzano (SUZB3) e ADR ON da Petrobras (PETR3).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.