Morgan vê “ciclo de ouro” nos próximos 5 anos para Petrobras; pré-sal e mais boas notícias para a estatal

Sessão desta quinta-feira foi marcada também por comunicados importantes feitos pela estatal

Lara Rizério

(Foto: Shutterstock)

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SÃO PAULO – A sessão é de relativa tranquilidade para as ações da Petrobras (PETR3;PETR4), com as ações variando entre leves ganhos e perdas. Este movimento, contudo, não condiz com o noticiário bastante movimentado para a petroleira nesta sessão, entre revisões de estimativas, com destaque para o Morgan Stanley, que elevou o preço-alvo para os ADRs de US$ 19,50 para US$ 21,50 e seguiu com recomendação overweight (exposição acima da média) para os ativos, destacando que os próximos cinco anos poderão representar um ciclo de ouro para a estatal.

Além disso, a companhia fez diversos comunicados importantes durante a manhã: o Conselho de Administração revisou o seu posicionamento estratégico para o novo plano 2020-2024, que está em fase de elaboração. A companhia ainda abriu o Programa de Desligamento Voluntário para o segmento corporativo, o que deve contribuir para o aumento da eficiência da companhia.

Por fim, mas não menos importante, o Congresso Nacional promulgou na manhã desta quinta, em sessão solene, parte da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da cessão onerosa que autoriza o governo a realizar o megaleilão de áreas de exploração e produção do pré-sal previsto para o início de novembro. A outra parte da proposta, que trata da divisão do bônus de assinatura com Estados e municípios, continuará em tramitação na Câmara.

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Confira as notícias sobre a Petrobras que chamam a atenção do mercado:

Ciclo de ouro, segundo o Morgan 

Em relatório, Bruno Montanari e Guilherme Levy, analistas do Morgan Stanley, destacaram ver um viés positivo – de US$ 16 bilhões em cinco anos – para as estimativas de fluxo de caixa livre da Petrobras, com os custos mais baixos no pré-sal , além de menor necessidade de despesas com capital, com a diminuição do tamanho da estatal e menores despesas com juros. Isso pode, no futuro, levar a um aumento de dividendos.

Para Montanari e Levy, as incertezas dos investidores sobre a diluição de custos e melhora do retorno sobre o capital investido (ROIC) com o maior peso do pré-sal no portfólio da Petrobras continuam no radar.

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Contudo, ao realizarem um “mergulho profundo” sobre os custos de produção e outras fontes de de valor, ainda “ocultos”, para o futuro da Petrobras, os analistas apontam que os próximos cinco anos podem representar um “ciclo de ouro” para a estatal, com forte geração de fluxo de caixa livre também se traduzindo em um viés positivo para o pagamento de proventos.

A combinação de três temas poderia trazer benefícios futuros, criando um período atraente de custos mais baixos, como destacados abaixo:

1) maior caixa com operações (+ US$ 9,6 bilhões em cinco anos), enquanto custos de desenvolvimento no pré-sal continuam surpreendendo positivamente e o novo regime tributário pode contribuir favoravelmente. O custo da extração na camada do pré-sal atingiu US$ 6 por barril de óleo equivalente (óleo mais gás), o menor valor da série histórica o que, segundo o Morgan, é o mais baixo em todo o Brasil.

2) maior caixa de investimentos (+ US$ 2,2 bilhões em cinco anos): ao contrário do consenso, o investimento em bens de capital (capex) pode ser menor por mais tempo. Isso porque a maior produtividade requer menos poços a serem perfurados e, como eles avaliam que a maior parte das plataformas será arrendada e não construída pela Petrobras, isso resultará em menores demandas por investimentos. Além disso, menores requisitos de conteúdo local devem reduzir as pressões para maior capex.

3) maior caixa com menores necessidades de financiamento (+ US$ 4,3 bilhões em cinco anos): a desalavancagem deve reduzir o serviço da dívida e os custos de financiamento. Juntamente com os esforços para a desalavancagem do balanço, o Morgan acredita que a empresa poderia ver seu custo de financiamento voltar ao período pré 2014, quando a companhia começou a entrar em sérias dificuldades. “Indiscutivelmente, dado o declínio global nas taxas de juros, a empresa poderia alcançar custos ainda mais baixos. Dependendo da velocidade de vendas de ativos e gerenciamento de passivos, a economia também pode ser mais substancial”, complementam os analistas.

Com tudo isso na conta, os analistas veem um espaço para crescimento de 18,5% nas estimativas de fluxo de caixa livre, considerando o cenário base. No médio e longo prazo, ao levar em conta a nova política de dividendos da empresa (veja mais clicando aqui), o capital adicional deverá se reverter em um maior rendimento de dividendos, aproximando-se do de outras grandes empresas internacionais de petróleo.

Desta forma, com uma combinação de menores custos de exploração e menor peso da dívida, a visão do banco americano para as ações da estatal brasileira é bastante positivo.

Novo posicionamento estratégico

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou na última quarta-feira a atualização da Visão, do Propósito e das Estratégias para o Novo Plano 2020-2024, que está em fase de elaboração, assim como o planejamento operacional e financeiro. A estatal fez ajustes em cada segmento de negócios, com foco no core business.

Segundo a companhia, “a nova visão da Petrobras é ser a melhor empresa de energia na geração de valor para o acionista, com foco em óleo e gás e com segurança, respeito às pessoas e ao meio ambiente”.

No setor de exploração e produção, a empresa quer maximizar o valor do portfólio, com foco em águas profundas e ultra profundas, buscando eficiência operacional, otimização do fator de recuperação e parcerias. Além disso, a estatal planeja um crescimento sustentado em ativos de óleo e gás de classe mundial, em águas profundas e ultra profundas.

No que se refere ao setor de gás e energia, a petrolífera reitera que pretende sair integralmente da distribuição e do transporte de gás, focando no autoconsumo e na comercialização de gás próprio.

Já em relação às atividades de refino, transporte e comercialização de derivados, a estatal afirma que pretende atuar de forma competitiva neste segmento, com foco nas operações do Sudeste, além de sair integralmente também dos negócios de fertilizantes, distribuição de GLP e de biodiesel.

Sobre o setor de renováveis, a empresa pretende desenvolver pesquisas visando a atuação, em longo prazo, em negócios de energia renovável com foco em eólica e solar no Brasil e viabilizar comercialmente o diesel renovável e o BioQav como resposta às políticas de sustentabilidade da matriz energética brasileira.

“Estamos construindo a nova Petrobras, uma empresa sustentável, competitiva, que atua com segurança e ética, gerando mais valor para seus acionistas e para a sociedade. Seremos uma companhia dedicada à exploração e produção de petróleo em águas profundas, menos endividada”, destacou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em fato relevante enviado ao mercado.

Novo diretor

Ainda no radar da companhia, a partir de outubro, a estatal terá um novo diretor. Para a posição executiva de Transformação Digital e Inovação o Conselho de Administração elegeu Nicolas Simone. A criação dessa nova área será deliberada na Assembleia Geral de Acionistas na próxima segunda-feira (30).

A transformação digital para maximização de geração de valor para os acionistas consta inclusive na revisão do posicionamento estratégico, como aprovado na quarta-feira, pelo Conselho de Administração. “Transformar digitalmente a Petrobras entregando soluções para os desafios, empoderando nossos colaboradores, gerando valor, e aumentando a segurança das operações” consta como uma das estratégias transversais definidas.

O engenheiro de sistemas foi diretor de tecnologia (CIO, CTO, CDO) do Grupo Boticário e superintendente de sistemas e governança do Itaú Unibanco, entre outras empresas.

Programa de Desligamento Voluntário para segmento corporativo

Além da revisão do posicionamento estratégico e do anúncio de um novo diretor, a Petrobras nesta manhã avisa ao mercado sobre um novo Programa de Desligamento Voluntário (PDV). O grupo envolvido é do segmento corporativo.

“A iniciativa faz parte do esforço contínuo para tornar a empresa mais sustentável, com uma gestão eficiente de pessoal”, diz em fato relevante.

Os valores não foram informados.

Este é o terceiro PDV da companhia este ano, depois dos aposentados pelo INSS até junho de 2020 e aos empregados das unidades em processo de desinvestimento. Os três programas preveem as mesmas vantagens legais e indenizações, reforça o comunicado.

Sinal verde para o mega leilão do pré-sal

Por fim, mas não menos importante, o Congresso Nacional promulgou, nesta quinta-feira,  em sessão solene, parte da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da cessão onerosa que autoriza o governo a realizar o megaleilão de áreas de exploração e produção do pré-sal previsto para o início de novembro.

A medida é resultado de um acordo feito ontem entre os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Economia Paulo Guedes, para que os trechos que já tinham o aval de deputados e senadores fossem levados à promulgação. “A promulgação dessa medida é fundamental para o desenvolvimento do Brasil”, ressaltou o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que presidiu a sessão.

O leilão é considerado um dos mais atrativos dos últimos anos. O governo estima arrecadar, em bônus de assinatura, R$ 106,5 bilhões. Desse total, R$ 33,6 bilhões vão indenizar a Petrobras e R$ 72,8 bilhões serão distribuídos entre União, estados e municípios. Ainda não há consenso sobre a distribuição desse valor.

Pelo acordo, o governo federal se compromete a dar 3% de sua parte – de 70% dos R$ 72,8 bilhões – a estados produtores, no caso, o Rio de Janeiro, onde estão os blocos que serão explorados. A fatia da União fica em 67%, municípios com 15% e estados com 15%, sendo que Rio de Janeiro vai ganhar 3%, ou R$ 2,1 bilhões a mais.

“Para o Rio de Janeiro, os 3% adicionais representam recursos importantes para recuperar a situação fiscal do estado. Vão dar um respiro a mais. Estamos ajudando a salvar o estado”, afirmou o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O senador afirmou, ainda, que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, garantiu que é praticamente consenso a preservação dos 3%. “O que ainda se vai discutir é a destinação dos recursos.”

(Com Agência Estado e Agência Brasil)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.