Morgan Stanley mantém visão neutra em Brasil, mas eleva exposição a ações sensíveis à queda dos juros

Banco incluiu em sua carteira para América Latina os ativos de Rumo Logística e Localiza; entre os países preferidos, estão México e Chile

Lara Rizério

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O Morgan Stanley manteve exposição equalweight (em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) em ações no Brasil dentro do portfólio do banco para a América Latina, enquanto elevou na carteira da região exposição a ativos brasileiros sensíveis a taxas de juros.

“No Brasil, acreditamos que a nova proposta de arcabouço fiscal apresentada pelo Executivo brasileiro no final de março abre portas para um potencial mini ciclo de flexibilização monetária no país no segundo semestre de 2023”, apontam os estrategistas Guilherme Paiva e equipe. Na véspera, cabe ressaltar, o governo levou a proposta mais detalhada do arcabouço ao Congresso. 

Entre as ações brasileiras que entraram no portfólio, estão as ações da Rumo (RAIL3) e da Localiza (RENT3), enquanto Porto (PSSA3) e Vibra (VBBR3) foram excluídas.

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Os estrategistas incluíram a ação RAIL3 por conta da nova proposta de estrutura fiscal apresentada pelo Executivo e com o provável aumento das receitas fiscais da próxima reforma tributária devendo abrir as portas para um potencial cenário de redução de juros (ainda que considerado “mini” pelo banco) na segunda metade do ano, além de terem a perspectiva por uma redução das taxas de juros reais de longo prazo. “Portanto, gostaríamos de adicionar exposição a nomes de alta qualidade sensíveis a taxas de juros”, avaliam.

Além disso, a equipe de análise do banco tem visão positiva para o papel devido à visão favorável para a produção de grãos no longo prazo e ao crescimento das exportações.

Sobre a inclusão de RENT3, além de adicionar exposição a ações de alta qualidade mais sensíveis a juros, o banco vê que a companhia tem uma posição competitiva robusta pós-fusão e com possibilidades de sinergias positivas com a integração com a Unidas. A ação também negocia a múltiplos abaixo da sua média histórica.

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Por outro lado, os estrategistas cortaram PSSA3 e VBBR3 da carteira por aumentarem gradualmente exposição a ações que devem se beneficiar de taxas mais baixas de juros no país.

Além de RAIL3 e RENT3, outras empresas na carteira com exposição a taxa de juros são Iguatemi (IGTI11), Assaí (ASAI3) e Equatorial (EQTL3).

Em ações brasileiras, os estrategistas em América Latina também têm exposição a exportadores alavancados em reabertura da China. São elas: Vale (VALE3), 3R Petroleum (RRRP3) e WEG (WEGE3).

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Na América Latina, o Morgan aponta gostar de ações do Chile e do México e dos setores de tecnologia, consumo discricionário e imobiliário.

O banco é overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) em México, com uma visão construtiva para 2023 baseando-se na suposição de que o vínculo do país com os EUA e os catalisadores estruturais da indústria devem se beneficiar de uma melhor atividade econômica americana em 2024. Enquanto isso, para o Chile, tem uma visão construtiva tendo como base o início de um novo ciclo econômico no final de 2023 devido a taxas de juros e inflação mais baixas e uma abordagem mais moderada da agenda de reformas.

Além de Brasil, o Morgan também é equalweight no Peru, avaliando que a alta exposição do país aos preços das commodities deve se beneficiar da reabertura em curso da economia chinesa, além de haver níveis mais baixos de agitação social.

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Por fim, estão underweight (exposição abaixo da média, equivalente à venda) em ações da Colômbia, pois estão preocupados com possíveis políticas macroeconômicas heterodoxas e intervenção nos setores de energia, saúde e pensões.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.