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SÃO PAULO – O mercado esperou quase um mês, e finalmente a agência de classificação de risco Moody’s anunciou suas revisões para ativos brasileiros. Entre a noite de terça-feira (11) e hoje foram anunciados cortes de rating do Brasil, que agora está no limite de perder o grau de investimento, além de revisões nas notas de 2 cidades, 4 estados e mais 15 empresas. Confira abaixo as explicações para cada revisão e uma tabela com as notas:
Brasil
A Moody’s rebaixou o rating dos títulos do Brasil de Baa2 para Baa3, alterando também a perspectiva da nota de negativa para estável. O Brasil, agora, está no último patamar da escala de grau de investimento.
Segundo a agência de classificação, há dois fatores principais para a mudança do rating. Em primeiro lugar, o desempenho econômico mais fraco que o esperado, a tendência de alta das despesas do governo e a falta de consenso político sobre as reformas fiscais impedirão as autoridades de atingir superávits primários elevados o suficiente para conter e reverter a tendência de aumento da dívida este ano e no próximo, além de desafiar sua capacidade de fazê-lo depois.
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“A Moody’s espera que o crescente endividamento só estabilizará no fim do governo atual”, afirma a agência.
Petrobras
A Moody’s decidiu manter a nota de crédito da Petrobras (PETR3; PETR4) em “Ba2” (sem o gau de investimento, na categoria de especulação) e com perspectiva estável. A nota foi atribuída à Petrobras em fevereiro, quando a empresa perdeu o grau de investimento pela Moody’s ao ser rebaixada de “Baa3”. A agência foi a primeira das três grandes agências de risco a rebaixar a nota de crédito corporativo da Petrobras para grau especulativo.
A nota da Petrobras reflete a visão de que é muito alta a probabilidade de uma ajuda do governo à companhia, se necessário. A Moody’s afirma que esse cenário não mudou, apesar do rebaixamento da nota soberana brasileira. A Moody’s também manteve o rating de crédito individual (BCA, na sigla em inglês) da Petrobras em “B2”, refletindo o endividamento elevado da companhia, que tem ainda pela frente desafios operacionais e um nível baixo de governança corporativa.
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Vale
A agência manteve o rating da Vale (VALE3; VALE5) em Baa2 com perspectiva negativa. Segundo a agência, a decisão não foi afetada pelo rebaixamento do rating soberano do Brasil de Baa2 para Baa3.
“A posição forte e competitiva da Vale como a maior produtora de minério de ferro e níquel do mundo, além de um negócio que tira 85% das suas receitas de fora do Brasil, traz um importante distanciamento da empresa em relação ao ambiente macroeconômico e político do País, fazendo com que a Vale seja menos vulnerável a uma queda na qualidade do crédito soberano”, diz vice-presidente da Moody’s, Barbara Mattos.
Em vez disso, de acordo com a agência, o outlook negativo reflete uma deterioração nos fundamentos do mercado para o minério de ferro e metais básicos em um período no qual a mineradora está passando por uma forte expansão com substanciais despesas financeiras.
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Estados e cidades
A agência de rating cortou o rating de Minas Gerais para Ba1, nota considerada “junk”. Foram rebaixados também os estados de São Paulo, para Baa3, Paraná, para Ba1 (categoria ‘junk’) com perspectiva negativa, e Maranhão, para Ba2 com perspectiva estável, além das cidades do Rio de Janeiro, para Baa3, e Belo Horizonte, para Ba1.
Segundo comunicado, a Moody’s acredita que a contínua deterioração da economia do Brasil e a posição fiscal soberana terão impacto direto no ambiente operacional dos estados e municípios brasileiros. “Além disso, a posição fiscal dos estados e municípios brasileiros se enfraqueceu em 2014, em consequência da redução na receita com impostos e aumento na rigidez das despesas”, disse a agência.
Bancos e BM&FBovespa
A Moody’s rebaixou o rating de 12 bancos brasileiros, uma holding financeira e a BM&FBovespa. As perspectivas das instituições, que eram negativas, foram definidas como estáveis. Em nota, a agência aponta que o ambiente de atividade deve permanecer fraco em 2015 e 2016, com queda de produção industrial, aumento de desemprego e inflação alta, com deterioração da capacidade de pagamento das empresas e das famílias, o que deve levar as instituições financeiras a reforçar suas provisões para perdas.
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Entre as instituições, estão Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3; BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), BNDES, Caixa Econômica Federal, Santander (SANB11), Safra, HSBC, Citibank, ING Bank, Banco Alfa de Investimentos, Banco Mizuho do Brasil, além de Itaú Unibanco Holding e BM&FBovespa (BVMF3).
Confira as notas:
Rating anterior | Novo Rating | Perspectiva | |
Brasil | Baa2 | Baa3 | estável |
Petrobras | Ba2 | Ba2 | estável |
Vale | Baa2 | Baa2 | negativa |
Minas Gerais | Baa3 | Ba1 | estável |
São Paulo | Baa2 | Baa3 | estável |
Paraná | Baa3 | Ba1 | negativa |
Maranhão | Ba1 | Ba2 | estável |
Belo Horizonte | Baa3 | Ba1 | estável |
Rio de Janeiro | Baa2 | Baa3 | estável |
Bradesco | Baa2 | Baa3 | estável |
Banco do Brasil | Baa2 | Baa3 | estável |
Itaú Unibanco | Baa2 | Baa3 | estável |
BNDES | Baa2 | Baa3 | estável |
Banco Alfa | Baa2 | Baa3 | estável |
Banco Mizuho | Baa2 | Baa3 | estável |
Banco Safra | Baa2 | Baa3 | estável |
Santander | Baa2 | Baa3 | estável |
BM&FBovespa | Baa2 | Baa3 | estável |
Caixa Econômica | Baa2 | Baa3 | estável |
Banco ING | Baa2 | Baa3 | estável |
HSBC | Baa1 | Baa2 | negativa |
Citibank | Baa2 | Baa3 | estável |
Como funcionam as notas das agência de rating:
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S&P | Moody´s | Fitch | Grau |
AAA AA+ AA AA- A+ A A- BBB+ BBB BBB- |
Aaa Aa1 Aa2 Aa3 A1 A2 A3 Baa1 Baa2 Baa3 |
AAA AA+ AA AA- A+ A A- BBB+ BBB BBB- |
Investimento |
BB+ BB BB- B+ B B- CCC CC C D |
Ba1 Ba2 Ba3 B1 B2 B3 Caa Ca C Wr |
BB+ BB BB- B+ B B- CCC CC C D |
Especulativo |