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SÃO PAULO – O dia de queda do Ibovespa contou com a ajuda de importantes ações do índice que mostraram um resultado bastante negativo nesta quarta-feira (24), com algumas delas respondendo negativamente ao noticiário e outras realizando parte dos lucros acumulados nos últimos dias. No entanto, o pregão também reservou espaço para movimentos bastante voláteis, com as duas pontas do Ibovespa sendo ocupadas por ações que chegaram a ter um desempenho extremamente oposto ao longo do intraday.
Uma das ações é a MMX Mineração (MMXM3). Em mais um dia de noticiário bastante agitado para as empresas do Grupo EBX, de Eike Batista, a mineradora foi citada na coluna Radar, da Veja, com a informação de que as negociações para sua venda estariam avançadas, com a suíça Glencore Xstrata e a Trafigura já tendo anunciado suas propostas. A brasileira MRS e o fundo Mubadala também podem fazer uma oferta. A esperança do BTG Pactual, afirma a coluna, é que o negócio seja fechado o mais breve possível. Diante disso, as ações MMXM3 chegaram a subir 7,19% no intraday, mas terminaram esta quarta com queda de 9,58%, a R$ 1,51. Mesmo com esta queda, a mineradora ainda acumula alta de 11,1% na semana.
A OGX Petróleo (OGXP3), por sua vez, fechou o pregão estável em R$ 0,54, após chegar a subir 5,56% e cair 3,70% ao longo do dia. Uma matéria publicada hoje pela Folha de S. Paulo afirma que Eike estaria em busca de sócios que possam ajudar a reestruturar a dívida da OGX. A Petronas, que adquiriu em maio participação de 40% em Tubarão Martelo por US$ 850 milhões, e o Mubadala seriam os parceiros mais prováveis. Contudo, outras empresas estariam em negociações. A reestruturação da dívida das empresas, em meio à crise do grupo, é bastante necessária com a alta alavancagem de suas companhias. De acordo com relatório obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem a receber pelo menos R$ 1,17 bilhão das empresas do grupo apenas em 2013, sendo que outros R$ 683 milhões vencem no final do ano.
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Ainda no Ibovespa, a LLX Logísitca (LLXL3) caiu 4,00%, para R$ 0,96. Fora do índice, os papéis CCX Carvão (CCXC3, -4,95%, R$ 0,96) caíram forte. Após o pregão anterior, a companhia disse à BM&FBovespa que desconhece os motivos que justifiquem os rumores sobre a possível venda da empresa, que correram os mercados desde sexta-feira passada e fizeram os papéis da CCX subirem mais de 25% até ontem.
Oi: de queda de 6,5% para maior alta do Ibovespa
A outra empresa que terminou o dia diferente de como começou foi a Oi (OIBR3; OIBR4). Após as ações abrirem com queda de mais de 6%, elas viraram para alta ainda de manhã e terminaram o dia com a maior alta do Ibovespa. As ordinárias subiram 7,16%, a R$ 4,94, enquanto as preferenciais tiveram ganhos de 4,63%, a R$ 4,63.
A empresa informou nesta manhã que não efetuará o pagamento dos dividendos aos acionistas no mês de agosto. De acordo com a companhia, os dados levantados até o momento relativos ao trimestre encerrado em 30 de junho apontaram que a alavancagem da companhia ultrapassou o limite de três vezes o índice dívida líquida (incluindo a remuneração a ser paga no exercício) e o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), previsto na política de remuneração aos acionistas divulgada por meio de fato relevante em 17 de abril de 2012.
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Analistas já apontavam que o corte nos dividendos seria necessário para que a empresa mantivesse seu plano de investimentos, de R$ 6 bilhões em infraestrutura e serviços, em alternativa ao aumento de capital, mesmo após a companhia anunciar na semana passada da venda da GloboNet, por R$ 1,75 bilhão, além de ceder, em outro negócio, o direito de exploração comercial de 2.113 torres à SBA Torres Brasil, por R$ 686,7 milhões.
Santander corre atrás dos outros bancos e volta a subir
Entre os bancos, chama atenção as units do Santander (SANB11), que subiram pelo quarto pregão consecutivo e registraram nesta sessão alta de 1,21%, a R$ 14,18. No período, registram valorização de 8,66%. Segundo um operador ouvido pelo InfoMoney, o movimento aparentemente é corretivo, uma vez que o banco mantém uma performance bem abaixo dos principais players do setor no mercado nacional, Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4). Desde o dia 8 de julho até a última sexta-feira, os papéis desses bancos registraram valorizações de 8,13% e 6,17%, enquanto as ações do Santander subiram apenas 0,69%.
Vale mencionar que as ações de Itaú e Bradesco caíram mais de 1% nesta quarta-feira. Já o Banco do Brasil (BBAS3) fechou com desvalorização de 0,78%, a R$ 22,86.
Siderúrgicas e Vale caem com decepção na China
Também chamou atenção o desempenho negativo das ações de siderúrgicas e mineradora, que digeriram o PMI preliminar chinês, que caiu para 47,7 em julho, marcando o terceiro mês abaixo da marca de 50, que separa crescimento de contração. Esse foi o nível mais fraco desde agosto de 2012 da maior consumidora de commodity do mundo e, por isso, acaba tendo reflexo direto nestas empresas.
Com isso, os papéis da CSN (CSNA3, -2,77%, R$ 6,31) e Usiminas (USIM3, -1,41%, R$ 7,69; USIM5, -0,91%, R$ 7,63) fecharam com queda. A Vale (VALE3, R$ 31,91, -0,34%; VALE5, R$ 28,94, +0,10%), empresa com maior participação individual do Ibovespa, conseguiu se recuperar após chegar a cair 1,3% no pior momento do dia. A Bradespar (BRAP4), holding que detém ações da Vale, também fechou no negativo – queda de 1,26%, a R$ 22,76.
Resultados: Pão de Açúcar e Romi comemoram…
O Pão de Açúcar (PCAR4) registrou lucro líquido consolidado no período de R$ 77 milhões, queda de 68,6% sobre o mesmo período do ano passado, quando os ganhos foram de R$ 245 milhões. A geração de caixa medida pelo Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 609 milhões entre os meses de abril e junho, ante R$ 801 milhões na comparação anual, recuo de 24%. Os papéis da companhia avançaram de 0,45%, a R$ 103,00, após atingirem na máxima do dia alta de 2,88%, a R$ 105,49.
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Segundo a equipe de análise da XP Investimentos, o resultado foi bom, superando as estimativas devido a certos eventos não recorrentes. O crescimento, no entendimento da corretora, deixou a desejar na GPA Alimentar, ainda que explicado em parte pelo efeito calendário, ainda assim, na análise semestral, o crescimento “mesmas lojas” foi de 7,2%, o que representa um crescimento real de 0,5%, ou seja, quando deflacionado pelo IPCA dos últimos 12 meses, ainda é fraco.
Já a Via Varejo (VVAR3), holding que administra a Casas Bahia, Ponto Frio e Nova Pontocom, controlada pelo Grupo Pão de Açúcar, registrou lucro líquido ajustado de R$ 155 milhões no segundo trimestre, ante R$ 7 milhões no mesmo período de 2012. Se considerar o efeito das despesas e receitas operacionais, o lucro líquido foi de R$ 95 milhões, contra R$ 5 milhões do ano passado. Os papéis da companhia sobem 5,12%, sendo cotados a R$ 23,00, embora tenham registrado apenas 2 negócios nesta quarta-feira.
Fora do Ibovespa, a Indústrias Romi (ROMI3) somou um lucro líquido de operações continuadas de R$ 5,1 milhões no trimestre, interrompendo os resultados negativos nos últimos períodos. Já a receita operacional líquida das operações continuadas atingiu R$ 151,4 milhões no trimestre e R$ 291,7 milhões no semestre, um aumento de 45,2% e 17,4% sobre os períodos equivalentes de 2012. A carteira de pedidos totalizou R$ 330,1 milhões em 30 de junho.Em reflexo, os papéis da companhia fecharam com ganhos de 2,95%, a R$ 4,88, após chegarem a subir 6,8% no patamar mais alto do dia.
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Segundo as analistas Renata Faber e Thais Cascello, do Itaú BBA, a empresa apresentou resultados acima das expectativas no segundo trimestre, indicando que a desvalorização do real está beneficiando a empresa mais rapidamente do que esperava. A melhora, de acordo com eles, deve-se a recente depreciação da moeda brasileira (que diminui a competitividade dos importados), à forte produção de automóveis e caminhões no trimestre (com altas de 20,9% e 63,7% na comparação anual, respectivamente) e às condições especiais de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que tiveram impactos positivos sobre a demanda.
… mas Telefônica Brasil e Fibria lamentam
Por sua vez, a Telefônica (VIVT4), por sua vez, encerrou o trimestre com lucro líquido de R$ 914 milhões, queda de 15,8% sobre o resultado obtido um ano antes. O Ebitda somou R$ 2,575 bilhões, recuo de 16,7% na comparação anual. No período, a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) passou de 37,5% para 30,3%. Os papéis da companhia, em reflexo, registraram queda de 2,34%, a R$ 48,49 – na mínima do dia, eles chegaram a valer R$ 48,33, indicando recuo de 3,02%.
Em geral, avalia a XP Investimentos, o resultado foi neutro. A empresa conseguiu parar a perda constante de clientes nos segmentos fixos, enquanto, no segmento móvel, a receita de serviços de dados continua a mostrar um forte crescimento, comenta.
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No mesmo sentido, aparecem as ações da Fibria (FIBR3), que caíram 1,90%, a R$ 25,36, depois de alcançar perdas 2,90% na mínima do dia, a R$ 25,10. A empresa registrou prejuízo líquido de R$ 593 milhões, ante lucro de R$ 24 milhões no primeiro trimestre e prejuízo de R$ 524 milhões no mesmo período do ano passado. A perda deve-se ao impacto da desvalorização do real de 10% frente ao dólar sobre o endividamento da empresa em moeda estrangeira e aos efeitos da operação de recompra de títulos. Excluindo esses efeitos, o lucro líquido teria sido de aproximadamente R$ 80 milhões.
A empresa, mesmo com a alta concentração dos negócios no mercado externo, favorecida pela alta do dólar, sofre também os efeitos do câmbio sobre sua dívida. Isto pesou nos resultados deste período, e deve contribuir para que a ação devolva parte dos ganhos do ano com este resultado mais fraco, disse a equipe de análise da Planner Corretora. O papel da companhia acumula em 2013 valorização de 12,36%, enquanto o Ibovespa apresenta queda de 20,64%.