Mirando fusões, 3 ações disparam até 66% em 2 dias; Oi salta 40% na semana e Vale sobe 9% hoje

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – Com o Ibovespa marcando sua melhor semana desde abril (alta de mais de 3%, indo a 50.620 pontos), somente 7 das 59 ações do benchmark fecharam o período no negativo. As exportadoras foram as principais impactadas, em meio à forte queda do dólar frente ao real, com Suzano, Klabin e Marfrig caindo entre 4% e 6% e figurando como as piores ações do índice na semana. 

Do outro lado, 7 ações dispararam entre 10% a 20%, com Estácio e Kroton na ponta positiva, em meio à possível fusão entre as empresas. Na sequência, vieram as ações ligadas a commodties CSN, Vale e Bradespar – holding que detém participação na Vale. 

No caso desta sessão, o movimento seguiu ao desempenho da semana, com Vale, CSN e Bradespar na ponta positiva, com alta neste pregão de mais de 7%. Do outro lado, as empresas do setor de papel e celulose figuraram como as maiores quedas do Ibovespa, afundando até 7%. 

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Fora do índice, destaque para as ações da Restoque – dona das marcas Le Lis Blanc, Bo.Bô, John John e Rosa Chá – que dispararam pelo 2° pregão diante de possível fusão com a Inbrands. Nesses dois pregões, as ações da varejista chegaram a disparar até 66%, considerando a cotação máxima do dia. Destaque também para a alta da Oi, cujas ações ordinárias subiram 40% na semana e as preferenciais, 20%. No radar da empresa, a aprovação na última quarta-feira pela Comissão de Ciência e Tecnologia do projeto de lei que permite que a Anatel altere a modalidade de licenciamento do serviço de telecom, de concessão para autorização – o que beneficiaria a Oi.

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Vale (VALE3, R$ 16,24, +8,63%VALE5, R$ 12,62, +7,68%)
As ações da Vale dispararam em meio a fortes ganhos do minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, que fechou em alta nesta sessão de 3,94%, a US$ 50,08 a tonelada seca. A cotação do minério é um importante balizador para o desempenho das ações da Vale, já que é o seu principal produto. Acompanharam o movimento os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 7,72, +7,72%) – holding que detém participação na mineradora. 

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As siderúrgicas também seguiram o movimento e subiram forte hoje, com Gerdau (GGBR4, R$ 6,11, +6,26%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,15, +6,97%), CSN (CSNA3, R$ 7,34, +7,78%) e Usiminas (USIM5, R$ 1,82, +5,81%). 

No radar, a CSN foi forçada a comprar aço para honrar pedidos após paralisações de fornos, segundo carta da siderúrgica enviada a clientes à qual a Bloomberg teve acesso. A companhia teve de comprar placas no mercado após fornos pararem, diz diretor comercial, Luis Fernando Martinez, em carta, cujo conteúdo foi confirmado pela empresa. 

Além disso, a “novela” sobre uma possível mudança no comando da Vale segue no noticiário. Segundo a Folha de S. Paulo, chamado para uma conversa com o presidente interino Michel Temer em 21 de maio, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, expôs o sentimento do banco e de outros controladores da mineradora: uma troca repercutiria mal em Wall Street.  Sócios defendem que Ferreira conclua o mandato (2017) e lamentam que o PMDB tenha poder de mexer em uma empresa do porte da Vale. De acordo com a Folha, o governo planeja trocar o comando da Vale apenas a votação do impeachment. 

Murilo Ferreira, presidente da Vale, está enfrentando o maior colapso do mercado de commodities de uma geração e o pior desastre ambiental do Brasil de todos os tempos. Mas sua maior ameaça pode ser política. Alguns membros do PMDB querem pressionar o governo para trocar Ferreira por ligações com a presidente afastada Dilma Rousseff, destacou a Bloomberg, citando duas pessoas com conhecimento do assunto. Os ex-diretores da Vale, José Carlos Martins e Tito Martins estão sendo cotados para substituir Ferreira, de acordo com outras duas pessoas. Carla Grasso, que trabalhou na empresa até 2011 e agora está no FMI, também é candidata à vaga, disse uma das pessoas à agência de notícias.

Por fim, em comunicado, a Vale negou que tenha adulterado dados sobre lama que ela jogava na barragem da Samarco depois do acidente no local, reduzindo a quantidade de resíduo. 

Petrobras (PETR3, R$ 10,81, +1,03%;PETR4, R$ 8,57, +2,02%)
Mesmo em um dia de instabilidade para os preços do petróleo após a divulgação dos dados de emprego nos EUA bem piores do que o esperado pelo mercado, as ações da Petrobras registram um dia de ganhos. Lá fora, o petróleo Brent marcou queda de 0,48%, a US$ 49,80 o barril, enquanto o WTI recuou 0,67%, a US$ 48,84 o barril. 

Estácio (ESTC3, R$ 13,89, +1,31%) e Kroton (KROT3, R$ 12,98, +1,96%)
Após dispararem na véspera com a notícia de que a Kroton estuda oferta pela rede carioca Estácio, as ações da última companhia seguiram em alta na Bovespa hoje, assim como a Kroton, que disparou 20% ontem. 

Em comunicado divulgado na manhã de ontem, a Kroton disse que vem estudando internamente e de forma sigilosa uma potencial combinação de seus negócios com a Estácio e “acredita que a mesma traria benefícios para ambas as empresas, seus negócios, alunos, acionistas e demais stakeholders”. A Estácio, por sua vez, disse que tomou conhecimento do interesse da Kroton somente hoje em apresentar proposta de combinação de negócios das empresas, não havendo quaisquer entendimento em curso pela administração da companhia com a Kroton. 

Segundo a XP Investimentos, um possível acordo pode ser interessante, principalmente por conta do ótimo histórico da Kroton ne captação de sinergias em fusões e aquisições. A corretora pondera, no entanto, que questões sobre concentração serão levantadas, principalmente na parte de ensino à distância. Logo, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deverá ser monitorado de perto caso de fato a aquisição esteja sendo discutida. Em termos de dinâmica de preço, podemos esperar um desempenho melhor de Estácio, que ficou bem para trás em termos de valuation recentemente, apontam os analistas. 

Exportadoras
Com o dólar despencando 1,74%, a R$ 3,5249 na venda, após o relatório de emprego nos EUA decepcionar – e dando mais indicações de que o Federal Reserve poderá manter os juros por mais tempo -, as exportadoras caem forte. Isso porque as suas receitas estão atreladas à divisa norte-americana. Os papéis da Suzano (
SUZB5, R$ 13,47, -5,94%), Fibria (FIBR3, R$ 31,15, -7,01%), Klabin (KLBN11, R$ 17,24, -2,98%), Braskem (BRKM5, R$ 21,39, -0,42%), Embraer (EMBR3, R$ 18,70, -1,79%) e Minerva (BEEF3, R$ 9,19, -3,26%) caem.

Em relação à Minerva, as ações reagem também à paralisação da planta de Campina Verde, em Minas Gerais. Segundo comunicado da empresa, enviado por email, o cenário nacional e a queda do consumo de carnes no mercado interno “levaram a empresa a readequar suas operações no País para manter os níveis de eficiência em rendimento, otimização da capacidade instalada e a rentabilidade”. Junto com a paralisação da planta, a companhia demitiu 400 funcionários. A decisão, segundo a empresa, foi classificada como “inevitável”.

Em 2015, Minerva já havia paralisado atividade de abate e mantido apenas desossa na planta de Campina Verde “com objetivo de mantê-la em operação e rentável, além de ter considerado outras alternativas para tentar viabilizar as atividades”. 

Log-In (LOGN3, R$ 4,50, -4,26%)
As ações da Log-In caíram pelo quinto pregão consecutivo, período em que acumulam desvalorização de 24,4%. Ontem, os papéis da companhia passaram a ser negociados ex-grupamento. O grupamento, aprovado em assembleia geral extraordinária dia 28 de abril, foi feito na proporção de 5 para uma ação.

Apesar do grupamento contribuir para o movimento negativo – dado que abre mais espaço para queda do papel -, as ações da Log-In vêm de forte queda desde o dia 9 de maio, última dia que mostraram alta expressiva (+27% na máxima daquela sessão). Da máxima do intraday daquele dia (R$ 9,20) até agora, as ações da companhia acumulam queda de 50%. Nesse período, os papéis tiveram apenas 5 pregões no positivo. 

A alta do dia 9 – quando encerraram o pregão com valorização de 19,44% – veio na esteira de uma informação que a companhia chegou a um acordo com o Banco do Brasil, Santander, Itaú e HSBC para reestruturar R$ 411 milhões em dívidas suas e de sua controlada Terminal de Vila Velha. O acordo previa o alongamento do prazo de pagamento em 60 meses, com 24 meses de carência do principal e amortização de 80% em 36 parcelas mensais após a carência e 20% no último mês. A companhia também informou naquele dia que assinou um contrato com outros credores bancários para o reperfilamento das dívidas de curto prazo, no montante de R$ 70 milhões. 

Restoque (LLIS3, R$ 4,61, +8,73%)
As ações da Restoque amenizaram bem ganhos de até 41,51%, a R$ 6,00, nesta manhã, em meio à possibilidade de fusão. Da máxima do dia para agora, as ações já caíram 23%. Ainda assim, os papéis da varejista acumulam alta de 31,2% nas últimas duas sessões. Ontem, a companhia à noite, em comunicado enviado ao mercado, confirmou a assinatura de um memorando de entendimento com a Inbrands, tendo como objetivo a combinação de 100% da operação das empresas. As empresas devem trabalhar nas próximas semanas em “due diligence” recíproco, diz o comunicado, que explica ainda que a companhia resultante considerará oferta pública de ações para captar recursos, com ancoragem dos principais acionistas.

Segundo o Bradesco BBI, por si só, o negócio não parece melhorar muitos as coisas para ambas empresas e vê potencial diluição. Há uma “boa relação risco/prêmio somente se Inbrands vier com grande desconto”, destaca o banco.  

Totvs (TOTS3, R$ 32,86, +7,21%)
As ações da Totvs sobem pelo quarto pregão seguido, acumulando alta de 18% no período, na esteira de uma elevação de recomendação do JPMorgan. O banco americano elevou a recomendação dos papéis no dia 31 de maio de neutra para overweight (desempenho acima da média).  

Oi (OIBR3, R$ 1,29, +1,57%; OIBR4, R$ 1,29, +1,57%)
As ações da Oi tiveram desempenho misto nesta sessão. Na semana, as ações ordinárias saltaram 41%, enquanto as preferenciais subiram 29%. Na quinta-feira, os papéis da operadora de telefonia subiram forte, reagindo à aprovação do projeto de lei 3453 na Comissão de Ciência e Tecnologia na Câmara. Segundo o BTG Pactual, dos players listados na Bovespa, Oi e Telefônica (VIVT4, R$ 41,85, +0,60%) seriam as mais beneficiadas pela notícia.

“Como a situação econômica da empresa é ruim, essa notícia poderia atrair investidores para o setor de telecomunicações e serviços de infraestrutura, o que, consequentemente, atrairia interessados na companhia”, disse o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido.

Os analistas do BTG lembraram que esse projeto de lei foi apresentado pelo Deputado Daniel Vilela do PMDB em novembro do ano passado e vai bem em linha com o que foi proposto pela Anatel/Minicom sobre uma solução para as concessões de linha fixa no Brasil. Segundo eles, caso seja convertido em Lei, a Anatel estaria autorizada a mudar o modelo atual de concessão para o de autorização em todo o território nacional, se duas condições básicas forem respeitadas: 1) competição efetiva (não somente em telefonia fixa, mas também em serviços e aplicações substitutos – o que é bastante importante uma vez que a competição na telefonia móvel está presente em quase todas as regiões do Brasil); e 2) cumprimento das metas de universalização na prestação das diversas modalidades do Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC.

Além disso, se aprovado, os analistas comentam que isso traria uma outra importante discussão para a mesa – bens reversíveis. E ao menos pela diretriz proposta pelo projeto de lei, o cálculo do valor dos bens reversíveis seria feito de uma maneira bastante amigável para as concessionárias e revertido em investimentos em infraestrutura de alta capacidade.   

Atom (ATOM3, R$ 0,91, +7,06%) 
Embora essas operações normalmente levem pressão vendedora para os papéis das “penny stocks” (ações de centavos), os papéis da Atom disparaRAm hoje após grupamento na proporção de 5 para 1. Na semana, contudo, as ações acumulam queda de 25%. 

Além do grupamento das ações, a diretora de Relações com Investidores da Atom, Ana Carolina Paifer, comentou sobre um suposto pedido de recuperação judicial da companhia. Segundo ele, não foi recebido ainda o documento oficial, “mas adiantamos que nossa equipe já está trabalhando na contestação e que entendemos que infelizmente houve um equívoco no processo”. “Estamos tomando todas as providências para que seja corrigido este equívoco, uma vez que a Companhia não pertence ao antigo controlador e a mesma não possui ativos que poderiam ajudar aos credores da antiga controladora. Assim que a companhia for notificada oficialmente, novos comunicados com atualizações serão publicados”, afirmou.