“Disputa entre Rússia e Arábia Saudita mostra que OPEP não tem poder para determinar preço do petróleo”, diz CEO da Petrobras

Em live feita pela XP, executivo explicou que setor de petróleo no mundo todo passa por uma forte queda da demanda

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Em dia de novos rumores sobre um possível acordo entre Rússia e Arábia Saudita, que ajudou a fazer o petróleo subir 20%, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que este tipo de notícia, por mais que anime o mercado, “se tornou irrelevante” porque o problema está na demanda.

Durante live realizada pela XP Investimentos, o executivo disse que espera que o preço do petróleo permaneça baixo por um tempo porque a demanda desabou no mundo todo. Segundo ele, algumas estimativas do setor mostram que 20 bilhões de barris da commodity “sumiram” do mercado.

Além disso, ele apontou que a atual disputa entre sauditas e russos mostra que “a OPEP não tem poder de determinar o preço do petróleo no médio e longo prazo”. “Não existe acordo. É difícil a coordenação de interesses distintos”, disse Castello Branco.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ele cita, por exemplo, o caso da Arábia Saudita, que tem um custo de exploração e produção muito baixo e que depende muito do petróleo. “É fácil para eles [criar essa disputa]”, afirma.

Por outro lado, ele aponta que os sauditas não devem conseguir sustentar os preços baixos por tanto tempo porque vão ver suas reservas reduzirem, o que pode criar um problema de finança pública.

A luta contra o coronavírus

Participaram da live ainda o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque e o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, que falaram um pouco como anda a situação do setor de energia neste momento de crise.

Continua depois da publicidade

O ministro explicou que foram criados diversos comitês, que estão trabalhando junto com empresas e associações para encontrar soluções e ajudar quem precisar. “É fundamental fazermos um trabalho de forma organizada para atender os setores”, disse.

Ele apontou ainda que o ministério está atento à questão da inadimplência, que deve aumentar conforme as pessoas passam por dificuldades financeiras desta crise. Segundo ele, há a intenção de ajudar a população por meio da Tarifa Social, isentando uma parcela dos consumidores, isso sem prejudicar as companhias.

No caso da Eletrobras, Ferreira Júnior destacou que 73% dos funcionários da empresa estão trabalhando de casa e que houve mudanças de turnos.

Apesar do caos na economia, ele destacou que a companhia segue com seus investimentos para este ano e que as obras que já foram contratadas deverão terminar normalmente. O executivo ressaltou ainda que o setor evoluiu muito nos últimos anos e que quer sair ainda mais forte desta crise.

Já Castello Branco disse que seu foco é reduzir custos, e que isso ajuda na hora de superar crises. “Empresa de commodities tem que ser de custo baixo, se tem custo baixo, sobrevive”, disse.

Ele explica que, quando os preços sobem, os resultados são excelentes, mas com custo alto, o ganho é pequeno. Do outro lado, quando os preços caem, a companhia com custos altos também mergulha junto.

“Maneira mais tradicional que conheço é focar na redução de custos […] Não existe solução fácil. Não adianta apelar para o governo, o problema é nosso, temos que resolver isso”, afirmou.

Aprendizados em tempos de crise: uma série especial do Stock Pickers com as lições dos principais nomes do mercado de ações. Assista – é de graça!

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.