Minerva (BEEF3) prevê maior disponibilidade de gado no Brasil; ação fecha em forte queda em sessão pós-balanço

Enquanto há expectativa de maior disponibilidade no Brasil, nos EUA deve ocorrer o inverso, com o fim do ciclo de disponibilidade de animais

Augusto Diniz

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A Minerva Foods (BEEF3) vê novo ciclo de alta de disponibilidade de gado no Brasil, mesmo com as incertezas relativas à oferta de grãos e o aumento de demanda da China por carne bovina.

O CEO da Minerva Foods, Fernando Queiroz, disse que verifica o “início do movimento de reversão no ciclo pecuário brasileiro e consequente aumento de disponibilidade de gado no país”.

As declarações aconteceram durante teleconferência com analistas nesta quinta-feira (12), para comentar os resultados do balanço do 1º trimestre da Minerva, quando a empresa teve lucro 55% menor.

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Após a divulgação dos resultados, as ações do frigorífico fecharam em queda de 7,54%, cotadas a R$ 12,26, mesmo com os analistas tendo destacado que os resultados não decepcionaram.

Para o Itaú BBA, a Minerva (BEEF3) entregou resultados em linha, a levando a trilhar um caminho sólido em 2022 e com um balanço trimestral “levemente positivo”.

O Ebitda ficou 3% acima das estimativas e 2% acima do consenso. “Destacamos o forte desempenho de receita da divisão brasileira, enquanto a Athena sofreu com os volumes no trimestre”.

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O Itaú BBA diz que a Minerva conseguiu sustentar os aumentos de preços em ambas as divisões acima dos custos, mantendo as margens em níveis sólidos.

O rating é de outperform (performance acima do mercado), com preço-alvo de R$ 16.

Fluxo de caixa

Para o Morgan Stanley, o Ebitda foi muito forte, mas com números já esperados pelo mercado. O ponto de atenção fica por conta da rentabilidade no 2º trimestre e na segunda metade do ano.

O relatório destacou que a geração de fluxo de caixa livre (FCF) foi fraca principalmente por conta do capital de giro, “mas esperamos melhoras para os próximos trimestres”, acrescentou o Morgan.

Sobre a necessidade de giro, o Morgan ressaltou, no entanto, que esse problema esteve associado ao “ramp-up” dos embarques para a China e, portanto, deverá ter “melhorias significativas no próximos trimestres”.

Por fim, o Morgan escreveu que mantém recomendação overweight (acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 21.

Rebanho

No final de 2019, segundo o executivo, o rebanho bovino brasileiro começou a apresentar uma disponibilidade menor de animal para abate, reflexo do crescente movimento de pecuaristas na retenção de fêmeas para reprodução.

“Com a oferta menor de animais, o impacto no preço da arroba é uma realidade, que nos acompanha desde então”, disse.

Queiroz comentou que a Minerva vinha sendo “exitosa” no repasse desses aumentos de custos e a consequente manutenção de “rentabilidade em patamares saudáveis”.

Minerva vê sinais de melhora no pasto

“Contudo, no final de 2021, começamos a perceber os primeiros sinais e indicadores do início do processo de reversão desse ciclo. Como exemplo, aumento no percentual de abate de fêmeas, o que reflete a volta desses animais no pipeline de abate após o término do ciclo produtivo”, afirmou o CEO da companhia.

Além disso, de acordo com Fernando Queiroz, as informações quanto à vacinação de bezerros no Brasil indicam volume recorde de animais vacinados nos últimos meses.

“Os números do processo de vacinação são preditivos de extrema importância quanto à disponibilidade de gado pronto para abate, e que deve abastecer o mercado ao longo dos próximos meses”, afirmou.

“Assim, estamos confiantes no aumento de disponibilidade de gado no Brasil, o que acaba favorecendo nossa indústria”, disse.

Ainda conforme ele, esse cenário de melhora já foi visível no primeiro trimestre do ano, “pela aceleração que tivemos no Brasil”.

EUA queda de produção

Ao contrário daqui, nos EUA, o executivo da Minerva aponta fim do ciclo de disponibilidade de animais. Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam redução de 5% na produção de carne bovina em 2022.

“O contexto é parecido na Europa”, adicionou Queiroz. No Brasil, por outro lado, a expansão da disponibilidade é de 5%, disse.

Nos Estados Unidos, no primeiro trimestre do ano, o CEO da Minerva acrescentou que houve recorde de abate de fêmeas: “Isso compromete a produção de bezerros. Então, já no próximo ano, haverá uma redução de oferta (nos EUA)”.

Incertezas na oferta de grãos

Queiroz destacou também que há incertezas da oferta mundial de grãos, inicialmente impactadas pelo cenário climático adverso nas principais regiões produtoras.

“Porém, as dificuldades se acentuaram ainda mais com o conflito Rússia-Ucrânia”, disse o executivo.

“É um cenário que deve refletir diretamente na estrutura de custo da cadeia global de proteína, em especial as carnes de porco e frango, mas também a carne bovina produzida por confinamento no hemisfério norte, implicando assim um aumento de custo e redução de competitividade fora da América do Sul”, analisou.

Maior demanda chinesa

Ainda de acordo com Fernando Queiroz, houve um “destravamento” do mercado chinês, que tinha uma demanda reprimida, “engasgada pelo lockdown”.

Ele informou que está “vendo mais demanda, mais pedidos, mais interesse” do país asiático por carne bovina.

Segundo ele, houve “uma contenção de capacidade de distribuição na China, de liberação nos portos, então ficou mais lenta a chegada de produtos, mas os estoques estão bastante baixos”.

Para o executivo, terminando o lockdown no país asiático, “esperamos uma retomada forte de demanda e de consumo”.

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