Minério de ferro se destaca em meio à crise – mas não deve levar a bons resultados para a Vale

Mesmo com números mais fracos no 1º trimestre, analistas do Itaú BBA seguem otimistas com as ações da mineradora

Rodrigo Tolotti

(divulgação)

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SÃO PAULO – Apesar da pandemia do novo coronavírus estar pesando para praticamente todos os setores, entre as commodities o minério de ferro aparece como a com melhor desempenho, caindo menos de 10% no acumulado de 2020.

Segundo analistas do Itaú BBA, apesar de divergências sobre a sustentabilidade dos preços, dois fatores levaram a uma melhora nas métricas de oferta e demanda na China: a recuperação da produção de aço e a queda dos estoques de minério de ferro e aço. Com isso, o valor da commodity mostrou maior resiliência no início do ano.

Neste cenário, eles se mostram otimistas com as ações da Vale (VALE3), apontando apenas para um risco de menor potencial de alta dado que muitos investidores já estão posicionados nos papéis.

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Mesmo assim, estes fatores que poderiam ser positivos para a empresa brasileira, não devem evitar um resultado fraco no primeiro trimestre, que será apresentado nesta terça-feira (28) após o fechamento do mercado.

Na semana passada, analistas apontaram que os números da Vale entre janeiro e março devem ser impactados negativamente pela sazonalidade já mais fraca, além de baixos volumes de minério de ferro devido às fortes chuvas no Sudeste do país.

Com estimativa de redução do embarque de minério de ferro em 32% na base trimestral e de 11% na comparação anual, o Itaú BBA espera que o Ebitda atinja US$ 2,95 bilhões (queda de 37% no trimestre e de 23% no comparativo anual).

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Este cenário pontual para a mineradora brasileira ocorre mesmo diante da resiliência dos preços do minério de ferro. Os analistas lembram que começaram o ano cautelosos por conta do forte desempenho da commodity em 2019 e que esta posição foi reforçada com o início da crise da Covid-19 impactando a demanda.

Porém, o que aconteceu foi uma interrupção também no fornecimento no primeiro trimestre deste ano, de grande players no Brasil e Austrália e produtores exóticos, como África do Sul, Canadá e Índia, o que ajudou a segurar os preços do minério.

Além disso, os estoques de minério de ferro nos principais portos chineses caíram 12 milhões de toneladas desde o início do ano (ou 21 milhões quando comparados com o mesmo período do ano passado).

Diante disso, a equipe do Itaú BBA se diz otimista com o cenário, principalmente com a recuperação chinesa. Para eles, a queda de dois dígitos na demanda global pode ser parcialmente compensada por uma melhora de um dígito alto na China.

Mesmo assim, a expectativa dos analistas é que os preços atuais do minério, em torno de US$ 84 não são sustentáveis. Eles esperam que o valor da commodity recue para cerca de US$ 75 por tonelada este ano, contra uma média atual na casa de US$ 88 nestes quatro meses.

Bom momento para Vale, mesmo se minério cair

Apesar da expectativa de um primeiro trimestre mais fraco e projeção de um recuo no preço do minério, o Itaú BBA está otimista com a Vale, apontando que alguns catalisadores internos favorecem a companhia.

Os analistas reconhecem que, no curto prazo, pode haver uma pressão sobre o preço das ações da Vale por conta do minério, mas eles avaliam que os papéis atualmente já precificam uma commodity mais baixa este ano e de que fatores domésticos poderiam compensar este preço menor.

Sem mostrar preocupação com o que será apontado nos números do primeiro trimestre, o Itaú aponta cinco catalisadores mais importantes no curto prazo da companhia: i) o possível reinício das operações da Samarco; ii) a assinatura de acordos de indenização coletiva por danos e compensação adicional pelo acidente de Brumadinho; iii) adiantamentos na emissão de licenças para reiniciar as operações; iv) pagamento da linha de crédito rotativo de US$ 5 bilhões realizada no primeiro trimestre; e v) a retomada dos pagamentos de dividendos.

Diante deste cenário, o Itaú BBA manteve sua recomendação outperform para as ações da Vale, com um preço-alvo de R$ 60, o que representa um potencial de alta de 36% sobre o valor atual dos papéis. Já para os ADRs da mineradora negociados em Nova York, o preço-alvo é de US$ 60, com um potencial de alta de 50%.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.