Minério de ferro continua blindado em disputa Austrália-China

Sendo improvável uma medida contra o minério, a capacidade de Pequim de pressionar a Austrália no lado econômico é limitada, pelo menos por enquanto

Bloomberg

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(Bloomberg) — Enquanto as relações entre China e Austrália caem em um pântano de sanções e recriminações mútuas, o governo de Pequim gera uma enorme receita para a economia australiana por meio de sua demanda insaciável por minério de ferro.

A China tem poucas alternativas, pois busca estimular a economia após o impacto da Covid-19 por meio de investimentos em infraestrutura, e a Austrália responde por mais da metade dos embarques globais de minério de ferro. Se o governo de Pequim tentasse comprar apenas de produtores não australianos, na melhor das hipóteses, poderia obter 56% dos volumes que normalmente importa, de acordo com análise do Goldman Sachs.

“A China provavelmente continuará dependendo do minério de ferro australiano no futuro próximo”, disse Andrew Boak, economista-chefe do Goldman para a Austrália. Isso reflete “a falta de elasticidade do fornecimento global e que a necessidade de importação anual da China excede em muito a oferta transoceânica” de outros países.

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Nos últimos meses, a China atingiu o vinho e a cevada australianos com altas tarifas e limitou outras commodities, como carne bovina e frutos do mar, aumentando a pressão sobre a economia desenvolvida mais dependente do mercado chinês. Os laços começaram a se deteriorar em 2018, depois que o governo australiano vetou a Huawei Technologies para sua rede 5G, e foram ainda mais abalados no início do ano, quando a Austrália pediu uma investigação independente sobre as origens da pandemia em Wuhan.

O valor total das exportações impactadas pelas restrições da China até o momento é de apenas 0,3% do PIB australiano. Ainda assim, o Goldman estima que, se o governo de Pequim decidisse banir as importações de minério de ferro australiano, isso cortaria o crescimento do PIB em cerca de 2 pontos percentuais em 12 meses, ampliaria a conta corrente em 40 bilhões de dólares australianos (US$ 29,7 bilhões), equivalente a 2% de PIB, e estouraria o déficit orçamentário da Austrália em 12 bilhões de dólares australianos, ou 0,6% do PIB.

A China tenta obter mais flexibilidade com a compra de navios para o transporte de minério que melhoram os custos dos embarques de longa distância com origem no Brasil e com a aquisição de minas da Guiné. No entanto, com os problemas de produção após o acidente em uma mina da Vale, o Brasil provavelmente não retomará a produção total antes do final de 2022 e seu potencial de oferta tem sido muito questionado.

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O minério de ferro atingiu o maior nível em sete anos na semana passada e tem sido negociado acima de 140 dólares australianos a tonelada em meio à forte demanda por aço de siderúrgicas da China. Com os preços elevados, várias minas australianas de menor porte ganharam vida. Além disso, bilhões estão sendo investidos em novas minas da BHP Billiton, Rio Tinto e Fortescue Metals, que devem entrar em operação nos próximos meses.

Sendo improvável uma medida contra o minério de ferro, a capacidade do governo de Pequim de pressionar a Austrália no lado econômico é limitada, pelo menos por enquanto.

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