Minério de ferro abaixo de US$ 100? Pressão aumenta com preocupações maiores na China

Embora grandes mineradoras globais como BHP e Rio Tinto tenham custos muito baixos, algumas produções de margem mais baixa - na China ou na Índia, por exemplo - sentirão a pressão se os preços caírem ainda mais

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Mina em Gudai-Darri do Grupo Rio Tinto, na região de Pilbara, na Austrália Ocidental (Carla Gottgens/Bloomberg)

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Bloomberg — O minério de ferro estendeu a queda à medida que as perspectivas econômicas da China pesaram sobre a matéria-prima siderúrgica, com os futuros se aproximando dos níveis de US$ 100 por tonelada, o que poderia começar a pressionar os produtores de custo mais elevado.

A commodity despencou mais de 5% em Singapura nesta quarta-feira (13), ampliando uma queda que a fez cair abaixo de US$ 140 por tonelada no início deste ano devido a temores sobre as perspectivas da demanda chinesa. O consumo de aço não aumentou como alguns investidores esperavam em março. Sem grandes novas medidas de estímulo em Pequim, um foco importante para o minério de ferro será o suporte de custo.

Embora grandes mineradoras globais como BHP e Rio Tinto tenham custos muito baixos, algumas produções de margem mais baixa – na China ou na Índia, por exemplo – sentirão a pressão se os preços caírem ainda mais.

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“O suporte de custo será uma consideração importante,” disse Vivek Dhar, analista do Commonwealth Bank of Australia, em uma nota. “O minério de ferro terá dificuldades para se manter significativamente abaixo de US$ 100 por tonelada se a demanda por aço da China se mantiver estável este ano.” O minério de ferro caiu até 5,3% nesta quarta, para US$ 103,45 por tonelada – o menor nível desde meados de agosto – e era negociado a US$ 104,30 às 15h05 em Singapura. Os futuros em Dalian caíram 3%, e os contratos de aço em Xangai também recuaram.

Nos mercados de commodities, os preços normalmente encontram uma resistência de queda em níveis nos quais os produtores de custo mais elevado não são mais lucrativos. Isso pode levá-los a reduzir ou interromper as operações, cortando o fornecimento para reequilibrar o mercado.

No caso do minério de ferro, o nível marginal de preço aumentou substancialmente nos últimos anos, especialmente após interrupções generalizadas na produção no Brasil. A “primeira linha de defesa de custo” para o minério de ferro fica em cerca de US$ 90 a US$ 95 por tonelada, onde alguns produtores não convencionais estariam operando com prejuízo, escreveram os analistas do Citigroup em uma nota no mês passado.

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As principais mineradoras podem considerar cortes abaixo de US$ 75 a US$ 80, disseram eles.

Fraca demanda na China

O principal motivo para a queda do minério de ferro em direção a dois dígitos tem sido as perspectivas de demanda fraca, que se tornaram mais incertas após a maior reunião política anual da China entregar apenas medidas incrementais pró-crescimento.

Os problemas imobiliários da potência asiática continuam a pesar sobre o apetite pelo minério de ferro, com os investidores acompanhando o mais recente estresse de dívida em grandes incorporadoras, incluindo China Vanke e Country Garden.

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“A queda nas vendas de residências e os problemas de financiamento parecem ser estruturais, sinalizando pouco espaço para qualquer melhora nesta temporada de construção”, escreveu o Australia & New Zealand Banking Group em uma nota.

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