Mineradores de Bitcoin aderem à energia nuclear por pressão ESG

Mineradoras estão se aliando a usinas nucleares em busca de energia mais barata e limpa

Paulo Barros

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SÃO PAULO – Empresas que atuam no setor de mineração de criptomoedas, principalmente o Bitcoin (BTC), encontraram na energia nuclear uma alternativa para driblar a pressão de políticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês).

As cobranças pela redução no consumo de energia elétrica na mineração ocorrem há anos, mas foram intensificadas após declarações de Elon Musk, CEO da Tesla (TSLA34) e apoiador do Bitcoin, sobre a falta de sustentabilidade na atividade que gera as criptomoedas colocadas no mercado a cada 10 minutos.

“Estamos preocupados com o rápido uso crescente de combustíveis fósseis para mineração e transações de bitcoin, especialmente carvão, que tem as piores emissões de qualquer combustível”, disse o executivo na época, lembrada hoje como a marcação do topo de mercado da criptomoeda até aqui.

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Após repressão na China, mineradores saíram do país em busca de energia barata, e encontraram em usinas nucleares a oportunidade para uma espécie de protocooperação: enquanto mineradoras precisam de energia barata e renovável, usinas encontram o cliente ideal para se livrar da concorrência de outras formas de produção e vender kilowatts no atacado.

Ainda não se sabe como o mercado irá lidar com a nova tendência, considerando que a energia nuclear é criticada por ambientalistas devido a questões de segurança. Mas, a dúvida perante a investidores cada vez mais atentos a políticas de ESG não impedem o surgimento de várias iniciativas nesse sentido.

Uma delas é o acordo de 20 anos de fornecimento de energia assinado a Compass Mining e a startup Oklo, que diz estar sendo procurada por diversos mineradores de Bitcoin.

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Além disso, a mineradora TeraWulf  formou uma joint venture com a Talen Energy para a criação de instalações de mineração e de uma usina nuclear que ocupam a área de quatro campos de futebol no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A geradora nuclear Energy Harbor disse que começaria a fornecer energia para um centro de mineração de Ohio Standard Power em dezembro.

O movimento ocorre também na esteira da migração de mineradores que saíram da China após a repressão estatal à atividade que ocorre desde maio. A empresa de mineração CleanSpark, por exemplo, anunciou nesta segunda-feira (27) sua transferência completa para a Foundry USA Pool, a maior pool de mineração dos EUA.

Pools de mineração são organizações que concentram maquinário de diversos mineradores para unir esforços na briga de poder computacional travada no processo de mineração. Quando um pool consegue descobrir um bloco (conjunto de informações validadas da rede), a recompensa de 6,25 BTC é distribuída entre os integrantes.

“O Bitcoin está vivendo o ciclo pós banimento da mineração na China, esse novo ciclo é embasado em maiores práticas ESG, a utilização de energia renovável passou a ser um fator decisivo nas novas implementações de fazendas de mineração”, explica Bernardo Schucman, vice-presidente sênior de operações de Data Center da CleanSpark.

Segundo o executivo, com essas novas práticas na mesa, os mineradores de Bitcoin passaram a buscar fontes limpas de energia e baixo custo. Ele cita Geórgia e Texas como exemplos de estados americanos que criam incentivos para que os mineradores de criptomoedas possam consumir sua energia nuclear e expandir as suas redes elétricas.

Em clima de competição por mineradores, até o prefeito de Miami, Francis Suarez, entrou no jogo. Conhecido por apoiar o Bitcoin e as criptomoedas publicamente, ele engrossa o coro pelo uso de energia nuclear para mineração com a expectativa de trazer a indústria para uma cidade próxima onde fica localizada a usina Nuclear Turkey Point, que entrega o quilowatt por US$ 0,10, preço 23% menor que a média nacional.

Para o político, a preocupação ambiental que recai sobre o Bitcoin “vem do fato de que grande parte da mineração estava sendo feita em países produtores de carvão”.

(Com Wall Street Journal)

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Paulo Barros

Editor de Investimentos